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Existem muitos grandes álbuns ao vivo. Foi provavelmente o Cream com Wheels Of Fire quem criou o padrão para álbuns expandidos que permitiram à banda desenvolver seus números mais longos, tornando-os um pouco mais… hum… longos. “Too Late To Stop Now” de Van Morrison? “Live And Dangerous” do Thin Lizzy? “Four Way Street” de Crosby Stills and Nash? Todos álbuns maravilhosos, claro, mas os Allman Brothers foram além.

Em 1970, a banda havia lançado dois ótimos álbuns de estúdio, mas não conseguiu traduzir sua reputação ao vivo em retorno de vendas. A solução, claro, foi dar ao público uma boa opção. Notavelmente, para um bando tão arraigado de bons e velhos rapazes sulistas, eles foram encontrar um lar espiritual na Costa Leste, no New York Fillmore East, de Bill Graham. Com isso em mente, os gravadores de fita foram postos para rodar em duas noites de novembro e os resultados foram condensados ​​neste At The Fillmore East. Uma mina de ouro.

Embora muitos se lembrem dos Allman Brothers simplesmente como uma versão superior do Lynyrd Skynyrd ou até mesmo do Black Oak Arkansas, o que eles realmente representavam neste momento era um caldeirão de estilos aglutinados para produzir algo incrivelmente sofisticado enquanto mantinha a essência de improviso necessária para entreter o público de cabeça aberta daquela época.

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Duane Allman, já então um guitarrista de estúdio reconhecido, adorava tudo, do jazz ao blues, assim como o co-líder Dickie Betts. O duelo de Les Pauls permeava os ritmos combinados dos percussionistas Jaimoe e Butch Trucks (até hoje o melhor nome de baterista desde sempre). Sobre tudo isso estava o lamento rouco de Gregg Allman e seu lírico órgão Hammond.

Juntos, eles poderiam fazer o que tantas bandas da época tentaram e falharam: tocar números de meia hora e nunca recorrer a clichês ou à repetição. Aqui tem lugar os momentos definidores da carreira dos Allman Bros. “Whipping Post”, um gigante de solos torturados, aqui se torna uma exploração em pé de igualdade com qualquer coisa que Miles estivesse tentando fazer. De fato, o outro monstro que aparece aqui, “In Memory Of Elizabeth Reed”, é uma homenagem de Betts a Miles, e demonstra seu estilo fantasticamente complexo.

Seja entregando os blues com os slides de Duane capazes de levar homens crescidos às lágrimas (“Stormy Monday”), ou com as habilidades de composição de Gregg em pérolas mais sucintas como “Midnight Rider” (um bônus nesta edição de luxo), este álbum continua sendo o retrato de uma banda pegando as habilidades individuais e compartilhando alegremente com uma multidão sortuda. A tragédia estava à espreita ao virar da esquina, mas durante esses preciosos momentos eles foram insuperáveis, e permanecem assim.

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