baterista-em-1939

Sons… é com isso que lidamos, é com eles que nos expressamos através de um instrumento, que tem por natureza a qualidade de produzi-los.

Então é óbvio que deveríamos nos preocupar e cuidar muito do som que produzimos, correto? Só que não. Basta dar uma navegada no YouTube que você vai se deparar com dezenas, centenas, até milhares de vídeos com bateristas mostrando habilidades técnicas incríveis, mas o som… deixa muito a desejar, pois a maioria é gravada usando o microfone dos smartphones, que geralmente grava com uma qualidade sofrível, ruim de ouvir e muito menos apreciar.

Uma vez, eu e um amigo engenheiro de som com o qual trabalhei em uma gravação há alguns anos atrás, discutíamos sobre a era do visual-áudio sobrepujando o áudio-visual, ou seja a imagem sendo mais importante que o som, e ele me falou o seguinte: “Lembre-se, você é um músico, e o seu som te representa, nunca seja negligente com seu som, mesmo que a imagem represente boa parte de sua mensagem”.

E a partir dessa conversa procurei cuidar ainda mais do som dos vídeos que posto e do meu som em geral, tanto que procuro sempre viajar para os shows levando minha bateria e meus microfones, sei que isso nem sempre é possível, mas vale a pena batalhar para conseguir tocar com seu equipamento, porque a diferença é enorme, e na verdade vai fazer com que todo o show tenha uma qualidade sonora melhor.

E essa busca pelo som ideal passou e continua a passar por um processo longo e virtualmente sem fim, que vem desde minhas referências musicais, passando por investimento em instrumentos cada vez melhores, experiências de possibilidades de afinação e combinações de peles, que hoje são muitas e tem influência direta na sonoridade do instrumento (tema esse que inclusive será matéria do meu próximo artigo). Chegando por fim ao entendimento das possibilidades de captação (microfonação), mixagem… e por aí vai. Resumindo, tentando adquirir cada vez mais um certo domínio do meu som.

Enfim, acredito que é importante que tenhamos sempre consciência da mensagem que queremos passar através de nossa música para quem nos ouve, seja tocando um trabalho próprio ou acompanhando um artista, banda, orquestra, e entender a importância da qualidade de nossos sons na contribuição global do espetáculo, na trasmissão clara de nossas ideias musicais, e acima de tudo na música como objetivo final. Caso contrário daqui a pouco estaremos vendo vídeos e imaginado som ideais ao invés de produzí-los de fato, perdendo com isso um elemento importantíssimo na carreira de qualquer músico que é sua identidade sonora.

Cassio Cunha praticando sobre um tema Fusion

Sobre o Autor

Cassio-Cunha
Cássio Cunha
[email protected] | Website | + posts

Nascido em Recife-PE, Cássio Cunha começou tocando caixa na banda marcial do Colégio Salesiano de Recife. Em 1986 iniciou seus estudos no Conservatório Pernambucano de Música, aonde ficou até 1991. lá estudou com os professores José Gomes ,Severino Revorêdo, Geraldo Leite, Maestro Duda, Maurício Chiappeta e JedielFilho. Ainda durante seus estudos, começou sua carreira profissional tocando em grupos de música instrumental e acompanhando diversos artistas da região. Em1992 mudou-se para o Rio de Janeiro onde lecionou na escola de música In Concert por mais de dez anos. No Rio começou também suas pesquisas sobre música brasileira, lançando os livros IPC (Independência Polirrítmica Coordenada) eARB (Acentos Rítmicos Brasileiros) – Editora Multifoco.

Atualmente acompanha o cantor e compositor Alceu Valença e O Grande Encontro formado por Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.

É também colunista da revista Modern Drummer Brasil e sócio proprietário do estúdio-escola Oficina de Bateria Brasileira em Copacabana.