Triangle Big Muff Pi, da Electro-Harmonix

Ancora tu, non mi sorprende lo sai… (“Você não me surpreende mais, você sabe…”)  Cito o superhit de 1976 de Battisti/Mogol porque depois de quase 30 anos de trabalho, quando penso ter testado o último fuzz, sempre há um outro chegando. Desta vez, porém, o golpe é certeiro, embora provavelmente ainda não definitivo: a Electro-Harmonix, quando celebrou seu 50º aniversário (1968-2018), lançou uma reedição do primeiro Big Muff Π, a versão original de 1969, apelidada de Triangle Big Muff Π por causa da posição de seus controles – que neste relançamento, no entanto, são rotacionados em 180°.

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Os dois primeiros tipos de Big Muff Pi V-1 do final dos anos 60; no segundo (à direita) havia um interruptor no topo para desligar a alimentação de energia do pedal. (Foto: Axe Magazine)

Uma réplica modificada externamente

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Foto: Axe Magazine

O circuito original, de acordo com o fabricante, é fielmente reproduzido, mas agora abrigado em uma caixa formato Nano em liga de metal fundido pintado de cinza (por dentro e por fora), com LED indicador de ativação e alimentação por bateria de 9 V (incluída) ou fornecida por fonte de alimentação externa.

O V-1 original era abrigado em uma grande caixa de chapa de metal dobrado, sem luzes e era ligado com um interruptor deslizante. Dentro do novo Triangle Big Muff Pi encontramos uma mistura de elementos discretos e SMT soldados em placas de circuito impresso; é possível notar 4 transistores BC547, são de silício como no projeto original de Bob Myer e Mike Matthews, que preferiam o silício para melhor estabilidade do que o germânio do Foxey Lady e do Axis Fuzztone anteriores.

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O clipping é confiado a diodos, sempre de silício. Para reparadores e entusiastas do faça-você-mesmo, as possibilidades de intervenção parecem estar à mão.

O pedal é true-bypass e o consumo nominal está contido em apenas 2,2 mA. Os controles são Volume (nível de saída do efeito), Sustain (quantidade de distorção e sustentação) e Tone (regula o timbre da distorção mais ou menos agudo).

Ponto de partida

Das vinte versões do Big Muff Pi desde a década de 1960 – às quais podemos adicionar dezenas de clones e pedais levemente inspirados – finalmente podemos retornar ao ponto definido pelo fabricante original. Para os amantes e colecionadores da EHX é, portanto, uma oportunidade para entender onde tudo começou.

Pessoalmente eu amei – mais do que qualquer outro Muff – o menos fiel: o Germânio 4 que, ao contrário do V-1, usa transistores de germânio – como aqueles do Arbiter Fuzz Face – e tem um boost / overdrive embutido. Hoje, ao testar esse relançamento do Electro-Harmonix, eu entendo que o som original do Triangle Big Muff Π é outra coisa. E é muito bonito.

Flauta e violino

A distorção gerada pelo novo Big Muff Pi é exatamente aquela que ouvimos nos discos antigos: cheia, doce, quase como uma flauta. Desde prolongados sons de violino ou rajadas de bicordes, indo até a melodia um pouco suja estilo Theremin, tudo mantém um ar elegante e aveludado.

A crucial faixa de médios é bem controlada, até mesmo limitada, enquanto os graves são quentes, cremosos, desprovidos da aspereza que as versões posteriores às vezes expõem. Mesmo aumentando o eficiente controle Tone, os agudos nunca se tornam excessivos ou metálicos, ao mesmo tempo em que é fácil diminuí-lo para obter um excelente woman tone.

O exagero torna tudo lameado, uma imundície zappiana, e isso não é um problema. Para dar algumas referências recentes, os baixos não são tão pesados quanto os do Big Muff russo, os médio-agudos não são tão ásperos quanto os do Big Muff atual.

Para tocar em boa companhia

A quantidade de distorção é considerável, mas não exagerada. A sustentação impressiona.

Neste pedal somos surpreendidos pelo equilíbrio, pelo timbre compacto e por uma certa riqueza harmônica. Como todo o fuzz, é essencial testar não sozinho, mas em um contexto de ensaio, com uma banda, ou pelo menos com uma fonte de áudio gravada tocando ao fundo. É nessas ocasiões que se compreende a sua eficácia, a capacidade de abrir caminho na mix, eliminando ao mesmo tempo qualquer desconforto que possa surgir na solidão do quarto.

O Triangle Big Muff Π não tem um som único, depende muito do amplificador que o recebe, do toque do guitarrista e dos outros pedais aos quais está acoplado. Basta inseri-lo antes ou depois de um modulador, por exemplo, para experimentar sons super-clássicos e absolutamente complexos.

Feliz reset

Por fim, alegremente damos as boas vindas a este novo-velho lançamento da Electro-Harmonix!

O Triangle Big Muff Π é uma referência na selva das distorções, uma oportunidade de resetar os ouvidos acostumados a anos de diferentes pedais de fuzz. Ele oferece um som muito clássico, muito bom e também bastante versátil. Eu ficaria longe da verdade se considerasse o TubeScreamer como a única fonte de saturação existente.

Seguindo a tradição da EHX, o preço deste pedal é para guitarristas comuns e não para colecionadores abastados e compulsivos.

Fabrizio Dadò


Originalmente publicado na revista Axe Guitar Magazine nº 10 – Traduzido e reproduzido por Musicosmos com autorização de Edizioni Palomino, Roma (Itália) – © Edizioni Palomino – Todos os direitos reservados.