A guitarra Gibson Les Paul Number One, o primeiro protótipo aprovado por Les Paul como seu instrumento de corpo sólido, irá a leilão em outubro próximo: cifras elevadas são esperadas.
Pode-se dizer que poucos instrumentos influenciaram o curso da história como a Gibson Les Paul. Juntamente com as criações de Leo Fender, a guitarra de corpo sólido de Lester Polfus atravessou o tempo, transitou entre diferentes estilos e sons, preenchendo páginas inteiras da história da música contemporânea – em particular do rock and roll.
De Keith Richards a Jimmy Page, passando por Slash e Zakk Wylde, a Gibson Les Paul transformou-se na Excalibur do rock ao longo das décadas, permanecendo praticamente inalterada em quase setenta anos de existência, desde que Gibson e Lester desenvolveram o primeiro protótipo “definitivo” na madrugada de 1952.
Essa guitarra foi usada intensamente por Les e ficou guardada por sua família após seu falecimento, e agora ela sai da caixa uma última vez para enfrentar o martelo de um leilão único.
Lester a batizou de Number One (Número Um), e com razão: a guitarra é na verdade a primeira Les Paul já feita a ter todas (ou quase todas) as características dos modelos destinados à produção em massa.
Ele percorreu um longo caminho desde o protótipo conhecido como The Log, o bloco de pinho ao qual Les Paul aplicou duas metades de uma guitarra archtop para criar sua primeira guitarra com um núcleo sólido.
Músico de sucesso, inventor prolífico, Lester encontrou na Gibson uma parceiria ideal para levar a cabo sua ideia revolucionária. Sua guitarra de corpo sólido seria a resposta para a novata Fender e sua guitarra elétrica original. Ao contrário do que mais tarde se tornaria a Telecaster, a Gibson Les Paul manteve uma estética mais elaborada, próxima aos cânones tão caros aos amantes do jazz, e uma série de recursos luxuosos.
Na versão apresentada como Number One (protótipo fabricado entre 1951 e 1952, primeiro instrumento de corpo sólido homologado para a cadeia produtiva) a guitarra apresentou o acabamento Goldtop exclusivo. Dois captadores do tipo P90 foram colocados em uma cavidade no tampo e coberta por um escudo, com uma construção mais semelhante à dos concorrentes diretos do que dos futuros modelos Gibson.
O jack de saída também está posicionado no tampo e os potenciômetros são apenas três – contra os quatro da Les Paul definitiva. A ponte, uma única barra transversal de madeira, ficava paralela a um sistema de alavanca, um modelo Vibrola com um aspecto no mínimo ingênuo. O tão falado tailpiece oficial de 1952 ainda estava muito longe, e a futura Tune-O-Matic que tomaria lugar permanente na futura Les Paul ainda era uma miragem distante.
No entanto, os elementos básicos que tornaram a Les Paul famosa já estavam lá.
A Les Paul’s Number One estará à venda como parte do evento The Exceptional Sale, em 13 de outubro de 2021 em Nova York, e deve atingir uma cifra entre 100.000 e 150.000 dólares. No entanto, o valor histórico do espécime é inestimável e não será surpresa se a guitarra acabar sendo vendida a um preço significativamente mais alto do que o esperado.
Originalmente publicado no site Accordo.it – Traduzido e reproduzido por Musicosmos, com autorização, e publicado sob uma licença Creative Commons. Saiba mais de Accordo.it no canal do YouTube, Facebook, Twitter, Instagram e Spotify.
