[su_highlight background=”#f70600″ color=”#ffffff”]De José Manuel López.[/su_highlight] Hoje estamos com sorte, pois além de tudo esta fábrica é o núcleo onde reside o legado criado um dia por Leo Fender. Vamos logo tratar de compartilhar esta experiência.
Corona é uma pequena cidade no sul da Califórnia, provavelmente ela passaria despercebida por nós se não fosse localizada aqui a fábrica da Fender nos EUA – e fomos convidados pela marca norte-americana a visitar suas instalações.
Tomando ciência das medidas de segurança pertinentes, com a ajuda de Dave Brown, iniciamos uma turnê quase paralela ao caminho normalmente percorrido por uma guitarra durante sua construção. Não pretendemos ser especialmente técnicos, ou mesmo fornecer informações detalhadas sobre horários, unidades fabricadas ou dados semelhantes, o objetivo é tentar transmitir as sensações do que acontece lá.
A primeira coisa que vimos em nosso tour foi a seção “metálica”, onde parte do hardware é feito, com o corte das placas que cobrirão a entrada do jack na Stratocaster, essa tarefa é feita por um período de tempo suficiente para que seja acumulado um estoque, para que então sejam executados outros tipos de trabalhos posteriormente. Como curiosidade, vale a pena notar que algumas ferramentas do tempo de Leo Fender ainda estão lá, simbolicamente ainda funcionando. Você já sabe que Leo nunca jogou fora nada que pudesse ser útil.
Dave nos deu explicações e detalhes sobre as tarefas executadas – por exemplo, as placas que mencionei anteriormente são um pouco maiores do que as feitas na fábrica de Ensenada, no México.
Passamos para a seção de marcenaria, mas não antes de parar no lugar de armazenamento das madeiras antes do seu tratamento, logicamente nós vimos muito maple (acero), alder (amieiro), ash (freixo)… e um pouco menos de rosewood (jacarandá) ou pinho. Outro detalhe é que não mais do que três peças são usadas para um corpo, como consequência disso a vibração da madeira, como não possui muitas camadas de cola, é mais pura e colabora com a sustentação que o instrumento oferece. Nunca devemos esquecer que o som final é o resultado de um grande número de fatores, quanto mais controlado cada um deles, melhor será o resultado.
Nesta seção, as tarefas realizadas pelas máquinas computadorizadas CNC coexistem com aquelas realizadas à mão, o melhor dos dois mundos. Neste local, o trabalho é feito com os corpos, dando-lhes a forma de acordo com os modelos, realizando a furação que irá abrigar os captadores, eletrônica e ponte, os recessos relevantes, os furos para os parafusos do neck plate, jack, ponte, etc. a partir daí o corpo será pintado e seco. De um modo interessante, esses corpos ficam perfeitamente organizados pendurados no teto da fábrica, cumprindo seu tempo de espera antes de continuar o processo. Os operários estão muito envolvidos com o seu trabalho, mas eles notam nossa presença curiosa com uma piscadela de cumplicidade ou saudação. Dave está constantemente brincando com eles, nós os vemos em um ambiente de trabalho sério, mas sem tensões aparentes.
Deixamos os corpos e vamos aos braços, do mesmo modo as máquinas lhes dão forma, depois as tarraxas são presas, instala-se o tensor, o nut, as marcações em bolinha e os trastes, trabalho que é realizado manualmente.Há uma enorme quantidade de braços de referência para os diferentes modelos debaixo e guitarras, formando uma colagem curiosa nas paredes, rotulada com o nome do modelo que eles mais tarde se tornarão quando forem unidos ao corpo que será seu parceiro.
Aqui deixamos de seguir a trilha das guitarras para ver alguns modelos de referência para testes e que têm um aspecto impressionante. Dave nos fala sobre as particularidades das unidades que estamos vendo, o nível dos acabamentos, combinações de madeiras, braços “vulcanizados” etc.
De lá fomos visitar a Custom Shop, de alguma forma a cereja do bolo. Assim que nos aproximamos de seu espaço vimos alguns masterbuilders trabalhando, a verdade é que foi emocionante, de suas mãos vieram algumas das melhores guitarras do mundo. Em seu box estava Josefina Campos, discípula de Abigail Ybarra, que estava encarregada de enrolar os captadores na Custom Shop – Dave foi chamando os mestres construtores para que pudéssemos cumprimentá-los, e amigavelmente vieram John Cruz, Paul Walker (foi bom dizer olá novamente, há alguns meses atrás nós o conhecemos em Madri), o “gigante” Todd Krause, Dennis Galuszka, Jason Smith, Greg Fessler… a “nata da nata”, um magnífico time All Star que conversou gentilmente conosco.
O momento da despedida se aproximava, o final da visita. Um bom número de sensações e muitas informações nos acompanharam quando saímos das instalações da Fender em Corona. Estamos um pouco mais conscientes de como é a fabricação dos baixos e das guitarras da marca, do envolvimento das pessoas que o fazem, do respeito à tradição e do foco colocado no futuro, dos desafios que lhes são apresentados… uma empresa líder que avança com passos firmes.
Agradecemos a toda a equipe da Fender por cuidar de nós e tornar tudo fácil e também por sua boa disposição e atenção em todos os momentos.
[su_highlight background=”#f70600″ color=”#ffffff”]José Manuel López[/su_highlight]
Artigo original de Cutaway Revista de Guitarras. Traduzido por Musicosmos e publicado sob licença de Cutaway®. Todos os direitos reservados.