O uso da harmonização é um clássico da linguagem solista na guitarra metal: as raízes deste recurso estão nas produções memoráveis de bandas e artistas colossais, mesmo que alguns sejam distantes deste gênero – basta pensar nos Eagles, Thin Lizzy ou Boston, sem deixar de lado as orquestrações e harmonizações celestiais de Brian May com o Queen. Não há dúvida, porém, que no heavy metal essa abordagem de arranjo floresceu em suas formas mais espetaculares: de Iron Maiden ao Racer X, passando pelo Metallica, Judas Priest e Avenged Sevenfold.

Trabalhar sobre este tópico não desvia muita atenção da nossa intenção inicial, que ainda é falar de guitarra rítmica no metal. Na execução das harmonizações, normalmente com duas guitarras de uma banda, são tocadas sequências melódicas de tríades e arpejos, em perfeita sincronização rítmica, criando uma parede sonora que dispensa a necessidade de uma guitarra base tradicional. Tocar sequências harmonizadas bem estruturadas e ritmicamente coesas pode ser um truque extraordinário para arranjos rítmicos de uma seção da música. Memorável, deste ponto de vista, é o trabalho de Paul Gilbert e Bruce Bouillet na obra-prima do Racer X, “Scarified”.

Hoje aprenderemos a harmonizar uma parte em intervalos de terça, a partir da execução de um arpejo Am formado pelas notas de A, C, E. Antes de tudo, visualizaremos a digitação a ser tocada. Trata-se de um padrão sobre a tríade de Am, no qual a quinta E está no baixo e é tocada duas vezes. Vamos ver primeiro a tríade simples, depois o voicing que usaremos na lição.

arpejo-triade-la-menor-na-guitarra-metal

Esta é uma das digitações mais utilizadas em solos, seja de guitarra metal ou não. Para analisar em detalhes a escolha utilizada e a mecânica de execução, sugerimos a leitura e a revisão desta lição. (Sweep)

Na execução proposta para lição de hoje, a tríade de Am é enriquecida com uma passagem melódica incluindo sua sexta menor, a nota Fá.

sweep-guitarra-metal-la-menor-com-f

A vantagem desta digitação é a facilidade com que ela pode se fundir tanto com a escala pentatônica menor como com a escala menor natural, duas das escolhas preferidas dos solistas no âmbito da guitarra metal e rock.

triade-am-com-pentatonica-menor-e-escala-,menor-natural

Agora vamos pensar sobre o conceito de harmonização.

Quando decidimos harmonizar uma sequência de notas, primeiro precisamos conhecer a tonalidade da música – ou seção da música – na qual estamos tocando. Conhecer a tonalidade nos permite limitar imediatamente as notas e alterações que podemos usar ou não. Por exemplo, se, como no enunciado desta lição, estivermos em Am natural ou Eolio, isso significa que as notas em jogo serão A, B, C, D, E, F, G e as tríades resultantes serão A, Bdim, C, Dm, Em, F, G.

Ter essa consciência é decisivo porque, quando harmonizamos uma sequência de notas em terças, significa que iremos sobrepor cada nota com sua terça.

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Agora, como um intervalo de terça pode ser maior ou menor, se não tivéssemos a referência orientadora da tonalidade, poderíamos decidir arbitrariamente sobrepor as três notas A, C, E com suas terças maiores e tocar C#, E, G# ou as três terças menores C, Eb, G. Ou, tentando a sorte, podemos procurar de ouvido uma combinação de terças maiores e menores que achemos eufônicas.

Em vez disso, conhecendo a tonalidade à qual o Am pertence, as terças que encontraremos devem sempre pertencer a essa chave. Então, simplesmente, de cada nota da tríade, moveremos três notas na escala de Am: aquela na qual pousaremos será sua terça diatônica relativa.

Mais um detalhe: subindo três notas de A, chegaremos a C; de C para E e de E para G.

intervalos-de-terca

C, E, G será a sequência de intervalos que harmonizará em terças com Am. Olhando mais detalhadamente, observe que C, E, G nada mais é do que uma tríade de Dó maior – presente na harmonização da escala de Am vista há pouco – uma terça acima. Isso nos permite perceber como a harmonização, para tríades ou arpejos, é realmente imediata quando se conhece os tons. Aqui está a visão geral de cada tríade com sua relativa harmonização uma terça acima em Am.

Am/C ; Bdim/Dm; C/Em; Dm/F, Em/G; F/Am; G/Bdim.

Propomos um exercício simples para tocar com duas guitarras, o que tornará essa abordagem clara e divertida, fixando os métodos de construção.

tema-e-harmonizacao

Chegamos então ao exemplo proposto na lição em que o arpejo de Am visto no início é usado para harmonização em terças sobre um arpejo de F, formado pelas notas de F, A, C.

exercicio-de-guitarras-harmonizadas

Cuide da limpeza e do tempo: negligenciar esses elementos tira a inteligibilidade da peça, tornando menos claro o impacto rítmico/ sonoro e a eficácia melódica.

Exemplos tocados por Giulia Coletti. A bateria neste vídeo é tocada por Paolo Caridi.

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Artigo originalmente publicado em Accordo.it. Traduzido e publicado por Musicosmos sob licença de Accordo. Leia o artigo original. Foto de capa: Fernando Catalina Landa [CC BY 2.0], via Wikimedia Commons

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