No ano de 2006, na sede da JHS (John Hornby Skewes, uma distribuidora internacional com base na Inglaterra), quando decidiram criar uma marca de guitarras com o nome de Vintage, ninguém imaginou que a maior parte do negócio de venda e divulgação seria focada nos motores de busca da internet, e que nem sempre este nome funcionaria. Tente buscar guitarra Vintage, Vintage Guitars ou apenas Vintage, e o resultado será uma bela lista de… guitarras vintage, mas não instrumentos da Vintage Guitars. Se alguém quiser informações sobre as guitarras, baixos, violões e acessórios da Vintage, é melhor ir direto ao sítio da JHS, em inglês.
Desde 1995 colabora com a JHS o músico e projetista Trev Wilkinson, mais conhecido pelas pontes flutuantes, roller nuts, hardwares de designs variados, captadores e até mesmo suas próprias marcas de instrumentos, como a Fret-King e a Encore. Sua presença como consultor, designer e fornecedor de peças, é bem evidente também nos instrumentos Vintage das séries Icon e Reissued.
As duas guitarras Vintage testadas
Recebemos duas guitarras da marca Vintage, série Reissued, uma estilo SG e outra no estilo Stratocaster, respectivamente uma VS63 CR na clássica cor Cherry Red e uma V6M NAT, com acabamento natural.
A guitarra SG Vintage VS63 CR
Começaremos com esta revisitação do modelo Gibson SG. Esta guitarra Vintage possui corpo de mogno e os dois cutaways são mais assimétricos e agressivos do que o modelo clássico do qual deriva. O braço de mogno é colado ao corpo.
Todo o hardware é dourado, da marca Wilkinson, incluindo os três captadores humbucking que equipam a guitarra.
Se meus olhos não estiverem enganados, o corpo é formado por duas peças de madeira. Já o braço é feito em três peças, com tróculo de reforço e scarf joint neck. O perfil C do braço é bem fino, lembrando os braços das Gibson SG da segunda metade dos anos 60.
O braço é rápido, ajudado por uma boa regulagem de fábrica, o nut é um GraphTech Nubone XB, onde XB significa eXtra Bottom, ou seja, uma resposta de graves enfatizada – e mede 42 mm de largura, enquanto o comprimento da escala é de 24 3/4 “.
Os 22 trastes médios são bem instalados e polidos, finalizados sobre o elegante friso que contorna toda a escala. A marca não informa a madeira da escala, que é algum substituto ao jacarandá de boa aparência e agradável ao toque, embora pareça muito seco e necessite de uma hidratação. As marcações são bem instaladas imitações de madrepérola.
A ponte Tune-O-Matic e o cordal são de boa qualidade. Já as tarraxas estilo Grover da Wilkinson são ótimas. No modelo V63V é montada uma alavanca de vibrato no estilo Vibrola.
Apreciável é a escolha da angulação entre corpo, braço e mão, não igual a uma SG antiga, mas ainda notável.
Um design clássico, bem interpretado e elaborado com componentes de qualidade, mesmo mantendo a atenção ao custo final.
A nossa guitarra Vintage V63 CR foi pintada com uma tinta bem aplicada, porém muito espessa, e a guitarra tem peso superior a 4,4 kg.
Os três captadores Wilkinson têm ímãs de cerâmica: medimos uma resistência de enrolamento de pouco mais de 7 kOhm para os captadores do braço e central, portanto seguindo a tradição – e 13,3 kOhm para o captador da ponte, bastante quente.
O circuito elétrico é interessante e personalizado, formado por um seletor de três posições, três controles de Volume individuais (um para cada captador) e um Tone geral. Uau, uma modificação clássica, embora rara, que é feita nas guitarras Les Paul ou SG Custom com três captadores, nas quais geralmente temos as seguintes opções: captador do braço, captadores de ponte + central fora de fase, captador da ponte.
Na guitarra Vintage V63, podemos tocar com todas as combinações possíveis! Então: braço, braço + central, central sozinho, central + ponte, ponte, braço + central + ponte… todos juntos! Podemos simplesmente deixar o seletor na posição central e abrir e fechar os volumes dos captadores individuais, dosando-os a gosto.
Bem pensado, embora alguma indicação de qual captador é controlado por qual potenciômetro facilitaria o primeiro contato com a guitarra.
Qualidade e equilíbrio
Falando em timbre, duas coisas são evidentes logo nas primeiras notas: a guitarra Vintage V63 CR ressoa muito acusticamente e os captadores têm um som forte, definido e também bastante rico em relação à capacidade de captar os detalhes harmônicos.
Ao tocar, você pode ouvir claramente a guitarra vibrar em todo o braço da guitarra, um sinal da qualidade da madeira e de um bom design para a propagação interna das vibrações.
Os captadores Wilkinson fornecidos me surpreenderam positivamente, apesar de serem equipados com ímãs cerâmica, que eu geralmente não gosto.
Na posição do braço o som é quente, remanescente de um humbucker Gibson, porém mais nítido e cheio nos graves, um pouco como um P-90.
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O captador da ponte não é agressivo como eu esperava, mas é perfeito para solos e power chords de rock e hard rock. Impressiona por sua voz muito brilhante e não nasal, acima de tudo por manter o equilíbrio com os outros dois captadores, apesar da maior saída.
Posso dizer que até mesmo o captador central, sendo utilizável aqui sozinho, tem seu próprio timbre, especialmente bom para solos.
Os três controles de volume permitem explorar várias nuances sônicas, desde as típicas de uma SG até as inspiradas em uma Strato com o seletor na posição 2 ou 4, e ainda mais, pois é possível usar os três captadores juntos, obtendo um som oco e super funky.
O controle Tone tem uma boa atuação, mais para retirar um pouco da estridência dos agudos no captador da ponte, se necessário, enquanto na posição totalmente fechada produz um timbre levemente abafado.
A guitarra Vintage V6M NAT
Vamos passar para a segunda guitarra Vintage deste teste, e ela é inspirada na Fender, mais precisamente em uma Stratocaster. A guitarra Vintage V6M NAT é uma típica double cutaway com braço aparafusado ao corpo, ponte com alavanca e seis tarraxas em linha.
Devemos dizer que esta guitarra também não é muito leve: 4,2 Kg no exemplar testado. Além disso o corpo é em ash (três peças), como nas antigas Strato dos anos 70, que certamente não se destacavam na leveza; este é um ash comum e não o leve swamp ash. No entanto, os veios no acabamento natural são bem bonitos.
O braço é de maple, com braço e escala em uma única peça e uma tira de madeira escura na traseira para a colocação do tensor. O braço tem uma seção fina, quase um V suave no início e depois muda para um C achatado. A escala difere do design vintage no raio de curvatura, que é de 10 ”, portanto transmite uma sensação confortável e moderna. Os 22 trastes do modelo em análise precisam de um polimento melhor nas bordas.
O vibrato Wilkinson
O hardware é de excelente qualidade, todo da marca Wilkinson, incluindo a ponte WVC de estilo vintage, com carrinhos usinados (não estampados), até as tarraxas no estilo Kluson, mas com travamento automático e altura decrescente.
Ajudadas por um bom nut GraphTech (42,5 mm de largura) e um abaixador para mi e si, as cordas se esticam com inclinação progressiva no headstock.
A alavanca pode ser inserida e travada na altura, sua operação é suave e muito precisa, mesmo com uso intenso. A placa de seis parafusos da ponte fica paralela ao corpo a partir de uma escavação especial, que permite o uso fácil nas duas direções (pitch crescente e decrescente), sem que seja necessário deixar a ponte inclinada.
Obviamente, o posicionamento da ponte apoiada no topo não é possível.
Single Coil clássicos
Os captadores são três single-coils Wilkinson WVS.
Eles têm pólos escalonados em AlNiCo V e são enrolados com fio heavy formvar; o captador central com controle RWRP (Reverse Wound / Reverse Polarity) permite um efeito humbucking juntando-se aos outros dois nas posições 2 e 4 do seletor de 5 posições.
Quanto aos enrolamentos, medimos pouco mais de 6 kOhm para os captadores do braço e do centro e 7,5 kOhm para o captador da ponte.
O circuito é completado por um potenciômetro de Volume principal e dois controles Tone.
No exemplar testado, o seletor de captação funciona de modo um pouco irregular e a seleção nem sempre é precisa, mas uma pitada de spray desoxidante e um pouco de manuseio resolveram o problema.
Uma máquina de guerra
Dito isso, vamos passar para os sons verdadeiramente apreciáveis desta guitarra. O braço de maple (ácer) e o corpo de ash (freixo) nos proporcionam sons secos e brilhantes, tendendo a ser “ácidos”, mas no bom sentido do universo strato.
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Os sons limpos são cristalinos, “vítreos” e ao mesmo tempo suficientemente cheios, com as nuances das combinações dos respectivos captadores; a saída ligeiramente maior do captador da ponte não causa saltos de volume vindos das posições 3 e 2 do seletor. Mas é no crunch e nos sons distorcidos que a Vintage V6M prova ser uma verdadeira arma de guerra, contribuindo ara isso uma configuração de braço/escala perfeita para solos rápidos e também para base, onde você não irá cansar nem mesmo com uso prolongado de pestanas.
A agressividade brilhante da captação da ponte é controlável graças ao controle Tone dedicado. Com distorção, o ataque das notas é incisivo, mas não exageradamente, e os timbres são quentes e redondos, agradavelmente “guturais”, um pouco mais escuros no humbucking das posições intermediárias do seletor.
A sustentação do instrumento é boa e o ajuste do sistema Wilkinson é excepcional, com uma aparência tradicional, mas com conteúdo tecnológico.
Conclusão
No final dos testes, para os dois modelos de guitarras Vintage, a única falha é mesmo o alto peso, que felizmente é bem distribuído. A guitarra V63 CR é construída com profissionalismo, possui um braço rápido e esbelto que, no entanto, pode não agradar a todos aqueles que preferem um pouco mais de substância na palma da mão, especialmente para bends.
Os sons são convincentes e a versatilidade é excelente. Não vejo limites de gênero musical para essa guitarra: jazz-rock, rock, pop, funk, rock-blues, hard-rock, sem esquecer os sons experimentais dados pelo circuito particular que gera sons sugestivos e quase “acústicos”.
No que diz respeito à V6M NAT, essa guitarra Vintage Stratocaster me convenceu no teste de som, sobretudo quando associada a um bom overdrive ou distorção.
O braço fino me lembra um pouco a famosa réplica da guitarra do grande e saudoso Rory Gallagher. Captadores e hardware são seus grandes pontos fortes, confirmando o nome Wilkinson como fabricante de componentes de qualidade, mesmo com preços tão baixos.
A relação qualidade/preço é muito competitiva nas duas guitarras Vintage testadas.
Originalmente publicado na revista Axe Guitar Magazine nº 20 – Traduzido e reproduzido por Musicosmos com autorização de Edizioni Palomino, Rome (Itália) – © Edizioni Palomino – Todos os direitos reservados.
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