Em 2019, Steve Luthaker chegou ao seu limite. O renomado guitarrista e membro mais antigo da banda de rock Toto finalmente decidiu combater a perda de audição e passou a usar um aparelho auditivo. Este ano, com seus aparelhos auditivos Widex discretamente posicionados, Luthaker mixou seu mais novo álbum solo, com lançamento previsto para fevereiro de 2021.

“Foi realmente uma mudança de vida”, diz ele agora. “Meus ouvidos são tão importantes. De repente, estou ouvindo sons que não ouvia há 25 anos.”

Luthaker admite abertamente o que muitos músicos sabem: que a exposição constante a altos níveis sonoros – seja no palco ou usando fones de ouvido no estúdio – afetam sua audição. Ele também admite não ter feito nada a respeito até que sua família começou a reclamar de seu hábito de ligar o volume máximo.

“Eu estava trabalhando tanto que nunca tinha tempo para realmente lidar com isso”, diz Lukather. “Meu cérebro se ajustou ao déficit da melhor maneira possível.”

Embora estivesse acostumado a usar monitores intra-auriculares quando se apresentava, ele diz que resistiu a aparelhos auditivos durante anos porque os associou aos modelos grandes e volumosos que tinha visto no passado – dispositivos mais antigos projetados principalmente para amplificar o som, e não para melhorar a experiência de audição.

Lukather diz que conhece muitos músicos que sofrem de perda auditiva induzida por ruído. Depois de serem expostas a altos níveis de ruído durante um período de tempo, as células ciliadas do ouvido, que são os receptores de ondas sonoras de uma pessoa, começam a murchar e podem não mais se recuperar.

O fato é que o National Institutes of Health estima que 26 milhões de adultos norte-americanos sofreram danos permanentes à audição devido à exposição excessiva ao ruído, e estudos indicam que músicos profissionais têm quase quatro vezes mais chances de desenvolver perda auditiva induzida por ruído do que o público em geral.

Independentemente do resultado, é importante que os músicos reconheçam os sinais da perda de audição induzida por ruído e tomem medidas rápidas, incluindo proteção auditiva, uso de aparelhos auditivos – ou ambos. Se você perceber qualquer um dos sinais a seguir de que está tendo perda de audição, considere marcar uma consulta com um médico otorrinolaringologista:

1 – Primeiros sintomas de tinitus

Aquele zumbido nos ouvidos após uma apresentação não é perda de audição, mas pode ser um indicador precoce do que está por vir.

Músicos têm 57% mais chances de desenvolver tinitus (ou tinnitus) do que outras pessoas. Muitos músicos de rock, por exemplo, desenvolvem zumbido ao tocar alto muito antes de perceberem que perderam a audição em um ou ambos os ouvidos. (Luthaker teve o tinitus pela primeira vez em 1986.) 

A alta probabilidade entre os músicos de desenvolver tinnitus deve ser uma oportunidade de buscar o conselho de um otorrinolaringologista, muitos dos quais se especializam em tratar músicos. Eles podem recomendar que você use uma proteção auditiva ou monitores intra-auriculares.

Muitos músicos que usam protetores auriculares quando tocam dizem que a experiência torna mais fácil se acostumar com o uso de aparelhos auditivos, caso haja necessidade.

2 – Sons altos começam a causar desconforto

A perda de audição induzida por ruído devido à exposição prolongada a música alta pode, eventualmente, causar desconforto ou dor. Em alguns casos, você pode sofrer de uma doença chamada hiperacusia, caracterizada por sensibilidade anormal a sons que outras pessoas podem não achar muito altos, como o tilintar de chaves ou o motor de um carro.

Se algum ruído causar desconforto, é melhor fazer uma verificação imediatamente.

3 – Sensação de um “ponto cego” em sua audição

Alguns músicos começam a perder a audição em apenas um ouvido. Para um violinista em uma orquestra, por exemplo, muitas vezes é o ouvido diretamente acima do instrumento que tocam.

Ou um flautista, que pode desenvolver perda auditiva do lado em que segura a flauta.

Em ambos os casos, eles podem desenvolver perda auditiva no ouvido que recebe a exposição mais direta ao som.

Na verdade, os músicos de orquestra podem desenvolver um “lado cego” a partir de outros fatores direcionais, como estar sentado em uma seção onde recebem som direto das trompas em um ouvido (ou, duplamente perigoso, em ambos os ouvidos).

Para combater esse efeito, algumas orquestras fornecem protetores a certos músicos para reduzir a exposição ao som vindo de instrumentos mais altos. Seja qual for o caso, como a perda auditiva é assimétrica, esses músicos podem não perceber imediatamente ou podem optar por adiar a ação. Em ambos os casos, isso pode fazer com que o efeito seja duradouro.

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4 – Seus colegas músicos percebem que você anda tocando fora do tom

Não surpreendentemente, quando você desenvolve perda auditiva, nem sempre consegue distinguir toda a gama de sons em uma apresentação, especialmente as frequências altas. 

Como resultado, você pode acabar tocando fora do tom. Monitores intra-auriculares podem ajudar e existe proteção auditiva com filtros especiais que protegem seus ouvidos de ruído excessivo, permitindo que você ouça todas a faixas de frequências. E os aparelhos auditivos mais avançados de hoje foram projetados para melhorar a clareza e a qualidade do som – não apenas a amplificação – para que mais músicos com perda auditiva os usem no estúdio e em outros lugares.

5 – Fadiga geral, isolamento social ou dificuldade de concentração

Alguns sintomas de perda auditiva são comuns entre músicos e não músicos, embora os músicos possam senti-los de forma mais aguda. A perda de audição força suas capacidades cognitivas a trabalhar mais para distinguir os sons da fala, os ruídos do dia a dia e – no nosso caso – as muitas nuances de uma partitura musical.

Estudos mostram que, por causa disso, a perda auditiva também pode causar fadiga. Para muitas pessoas, o cansaço pode dificultar a concentração ou mesmo a participação de conversas, o que, em alguns casos, faz com que o doente afaste-se do convívio social.

Em última análise, prestar atenção aos sinais de perda auditiva pode ter um efeito profundo na vida dos músicos. Steve Lukather comparou seu ponto de inflexão a um boxeador levando muitos socos e descreveu sua adoção de aparelhos auditivos com sendo “voltar a sentir-se um ser humano de novo”.

Músicos, pela natureza de seu trabalho, correm risco elevado de perda auditiva. Saber reconhecê-lo e agir rapidamente são as chaves para o sucesso – e para a felicidade duradoura.

Lise Henningsen

Lise Henningsen é chefe global de audiologia da Widex, com sede na Dinamarca. Depois de obter seu mestrado em Ciências da Fala e Audição pela Universidade de Copenhagen, Lise estudou audiologia no Central Institute for the Deaf em St Louis, Missouri. Ela trabalha com reabilitação audiológica, pesquisa e desenvolvimento desde 1990.

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