A guitarra Mariposa, da Ernie Ball Music Man, foi criada para Omar Rodríguez-López, guitarrista do Mars Volta e At the Drive-In – um artista que há muito utiliza formas estranhas, tanto em suas guitarras quanto na música que ele faz com elas. Não é de admirar, então, que a Mariposa tenha como marca seus ângulos incomuns.
Graças às suas linhas estilizadas de asas de borboleta (“Mariposa” é espanhol para borboleta), a guitarra é um pouco Firebird e um pouco Jazzmaster/Jagmaster. Mas o corpo é menor do que qualquer um desses modelos, e consegue uma aparência única – ao mesmo tempo moderna e retrô, ou de alguma coisa no meio do caminho. Acima de tudo, é uma guitarra super-tocável que o estimula a fazer música com ela.
Questão de ângulo
O braço da Mariposa é feito de roasted maple (finalizado à mão com uma mistura de óleo e cera) do mesmo tipo que já apareceu em muitos instrumentos recentes da Ernie Ball Music Man, e a escala de ébano é adornada com marcadores de bloco perolados. Com seu perfil arredondado e de profundidade média, esse braço é absolutamente confortável.
Embora eu goste de braços mais largos e grossos em minhas próprias guitarras, a largura de 1 5/8″ na altura do nut significa que a Mariposa não é nem um pouco intimidadora. Os 22 trastes medium-jumbo são belamente polidos e inspiram muitos bends. E o comprimento de escala de 25,5″, com raio da escala de 10″ – além do tróculo esculpido – também ajudam a torná-la deliciosamente fácil de ser tocada.
Além da aparência, uma das primeiras coisas que você provavelmente notará ao empunhar a Mariposa é que ela é leve. O corpo feito de madeira okoume maciça de peso nitidamente mais baixo ajudam a deixar a guitarra com pouco mais de 3 Quilogramas. O recorte arredondado e generoso nas costas da guitarra também favorece o conforto.
O acabamento “pueblo pink” é um dos dois oferecidos nos modelos padrão (“dorado green” é o outro), enquanto os dois modelos Deluxe (“imperial black” e “imperial white”) ostentam hardware dourado e knobs gold hat.
O escudo é gravado a laser com um design floral e também abriga o seletor de captadores embutido de forma discreta, próximo ao cutaway inferior, para fácil acesso.
Os captadores são um par de humbuckers de alta saída exclusivos da Ernie Ball Music Man (medindo 16k ohms na posição da ponte e 14k ohms na posição do braço). Eles são conectados através de controles de volume individuais equipados com o que Ernie Ball Music Man chama de “tethered tone circuit”, que significa que a atenuação de agudos ocorre quando você diminui o volume da guitarra.
Dado o quão quentes são esses captadores, suspeito que alguns guitarristas iriam preferir um controle tone convencional, para que fosse possível moldar a saída de agudos quando no volume máximo. Mas essa alternativa oferece resultados musicais interessantes, apesar de oferecer menos controle.
A ponte é de estilo moderno de dois pivôs da própria Ernie Ball Music Man, com carrinhos de aço dobrado ajustáveis individualmente e uma atraente capa chevron.
Essa tampa pode ser removida se a aparência o incomoda por qualquer motivo, mas você precisa desmontar a ponte para fazer isso e ela é um excelente descanso de mão para o palm muting. As tarraxas Schaller com botões perolados enfeitam a mão que tem o tradicional formato assimétrico da marca.
Alternativa comercial
Os captadores de saída alta sugerem que a guitarra Mariposa é destinada ao rock, e ela entrega esses timbres com autoridade.
Testada através de um cabeçote Friedman Small Box de 50 watts e caixa 2×12, além de um Fractal Ax-FX III nos monitores de estúdio, esta guitarra peso-pena exibiu uma propensão a solos rasgados e a lindos feedbacks quando desejado.
O timbre dominante é espesso, carnudo, agressivo e brilhante, o que ajudou a Mariposa a se destacar em mixagens densas e a soar com destaque no estúdio.
Conforme já explicado, os controles de volume re-vocalizam sensivelmente os captadores quando você os diminui – e escurecem o timbre rapidamente. As mudanças de timbre são mais pronunciadas quando você está na posição intermediária, com os dois captadores ligados.
Através de uma configuração de amplificador quase limpo, a guitarra se destaca em um blues gordo e rock alternativo, mas sons fortes de solo ficam a apenas uma pitada de ganho de distância.
Embora a Mariposa seja uma guitarra visualmente agressiva, a sensação de tocar é leve e consistente – uma sensação aprimorada pela alavanca de vibrato, que é sensível e permanece impressionantemente afinada.
Eu adoraria experimentar a Mariposa com uma opção de humbucker de estilo vintage, menos quente, que acho que iria adocicar sua voz e aumentaria a versatilidade do modelo. Mas a Mariposa é perfeitamente ajustada à abordagem única e energética de Rodríguez-López, e uma audição de seu e trabalho pode lhe dizer muito sobre o quão bem a Mariposa pode funcionar por si só.
O veredito
A Mariposa tem um design criativo, original e poderoso. É relativamente cara, mas não mais do que muitas guitarras elétricas de butique que oferecem pouco em termos de qualidade extra, timbre, tocabilidade e/ou estilo original.
No geral, é mais um trabalho muito bem feito da Ernie Ball Music Man, e uma guitarra que muitos alternativos menos convencionais ficarão ansiosos para colocar as mãos.
Dave Hunter
Dave Hunter é escritor e músico que trabalhou nos EUA e no Reino Unido. Ele é o autor de The Guitar Amp Handbook, The British Amp Invasion, Guitar Effects Pedals, The Fender Telecaster, The Gibson Les Paul e uma dúzia de outros livros, além de colaborar regularmente com várias revistas de guitarra. Dave também lidera a banda A Different Engine, e mora em Portsmouth, NH, com sua esposa e seus dois filhos.