11 Passos para mixar bateria como um profissional

Aprenda a mixar bateria do início ao fim, da configuração da compressão e do equalizador à correção de problemas de fase e manipulação de transientes. Finalize sua mixagem de bateria com compressão paralela e adicione profundidade e dimensão com reverb.

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Mixar Bateria Como Profissional. Imagem: www.waves.com

Passo 1: Ajuste fino

Embora os tambores não sejam instrumentos intrinsecamente melódicos, eles produzem um tom e é importante garantir que estejam afinados. O plugin Torque foi projetado especificamente para alterar a nota fundamental do som de um tambor. Quando possível, tente afinar o bumbo e a caixa na tônica ou na quinta do tom da música.

Passo 2: Corrigir problemas de fase

Depois de ajustar a afinação da bateria, é importante garantir que a relação de fase entre as várias faixas esteja intacta. Quando as faixas estão fora de fase, pode ocorrer o cancelamento de fase, o que faz com que certas frequências soem desequilibradas ou desapareçam completamente.

Para entender por que problemas de fase são tão comuns na bateria, pense nas distâncias físicas entre as peças do kit de bateria e os microfones usados para captá-las. À medida que o som se move a cada batida na caixa (geralmente o som mais alto e destacado do kit), o microfone mais próximo da caixa será o primeiro a captar o som. Os overheads e quaisquer microfones na sala mais afastados do kit capturam o som em um pequeno, mas significativo, atraso de tempo.

Como todos os canais são gravados e reproduzidos simultaneamente, mas à distâncias diferentes da caixa, as faixas brutas serão compostas por várias capturas do som da caixa em sequência de tempo e distância. Ao ouvir todos os canais de microfone juntos, eles reproduzirão alguma variação de fase e “embaçamento” no som. Para corrigir isso, é habitual alinhar os overheads e outros microfones em relação às distâncias até a caixa, para que se obtenha o som geral do kit o mais limpo possível.

Neste vídeo, ouça o engenheiro de mixagem Michael White trabalhando o som, alinhando seus canais de bateria com o InPhase. Ele começa alinhando os microfones overheads entre si e, em seguida, o par de microfones em relação à caixa:

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Passo 3: adicionar um gate e moldar transientes

Alguns engenheiros gostam de aplicar o processamento dinâmico antes da equalização, enquanto outros gostam de aplicá-lo posteriormente. Qualquer das abordagens é correta, mas saiba que cada método soa diferente. Experimente qual método funciona melhor para o seu fluxo de trabalho.

Se o seu trabalho é mixar bateria gravada, quase certamente haverá vazamento – quando o som dos outros tambores “vaza” através dos microfones próximos. Para recuperar o controle máximo sobre cada som individual, os engenheiros usam gates e expanders. Isso ajuda imensamente na obtenção de sons limpos de bumbo e caixa, e na capacidade de manipulá-los livremente sem muita interferência dos tambores e pratos vizinhos.

A adição de um gate limpa o som zerando o nível até o momento em que o som fique alto o suficiente para ultrapassar o gatilho, abrindo o gate e permitindo a passagem plena do áudio. Os gates geralmente são incluídos nos plugins de channel strip, como o Scheps Omni Channel, ou nos plugins SSL E-Channel e G-Channel.

Coloque o processador em um canal de bateria que tenha um vazamento desagradável e reduza o limite até que o vazamento seja silenciado; somente o som desejado deve estar passando ou abrindo o gate. Ajuste o tempo de ataque (com que rapidez o gate se abre) para afetar o “pop”, ou o transiente do som, e ajuste o tempo de release para que o gate se feche à medida que o som decai. Você também pode usar a função expander, configurando o range para que o vazamento seja reduzido em uma quantidade determinada, em vez de silenciá-lo completamente.

Muitas vezes, em relação aos tom-tons, os engenheiros editam as faixas na sua DAW deletando todo o vazamento da bateria enquanto o tom-tom não está soando. Faça o corte diretamente contra o transiente à medida em que o tom é tocado e aplique um fade à medida que o tambor se decai, para que ele apareça e desapareça do som do kit de maneira natural.

Outra maneira de afetar o ataque e o decaimento do som da bateria é com uma ferramenta de modelagem de transientes projetada especificamente para isso, como o Smack Attack. Neste vídeo, veja como ele é usado em amostras de bateria para qualquer objetivo, desde adicionar apenas um tempero extra e indo até o outro extremo, com efeitos criativos:

Passo 4: EQ subtrativa

Normalmente, a equalização subtrativa é feita com EQs paramétricos, como o SSL E-Channel e os equalizadores G-Channel. Tente usar bandas estreitas com altos valores de Q para identificar as áreas problemáticas em suas gravações. Se você estiver com problemas para identificar as frequências desagradáveis (como uma ressonância teimosa no corpo da caixa), tente usar a técnica de varredura:

  • Aumente o Q em uma das bandas de equalização para que fique bem estreita
  • Aumente o ganho nessa banda o mais alto possível
  • Passe lentamente pelas frequências disponíveis nessa banda
  • Quando você ouvir uma frequência particularmente ofensiva, pare!
  • Agora, em vez de aumentar essa frequência, reduza o ganho para atenuá-la
  • Convém ajustar o valor Q para suavizar a ação do EQ

Passo 5: EQ aditiva

A equalização aditiva geralmente é feita com EQs mais coloridos. Alguns preferem o som dos consoles API presentes nos plugins API 550 e 560. Outros preferem o “som do rock” encontrado no Scheps 73 (modelado após uma unidade Neve 1073 vintage). E alguns preferem o som da velha guarda do RS56 ou PuigTec EQ.

Aqui estão algumas das faixas de frequência mais comuns a serem focadas ao equalizar cada peça no kit de bateria:

Bumbo:

  • Graves: 50Hz-100Hz – Ótimo para adicionar energia, mas em excesso pode soar estrondoso
  • Médio-graves: 100Hz-250Hz – Ótimo para adicionar gordura, mas em excesso pode deixar o som turvo
  • Médios: 400Hz-800Hz – em excesso pode soar encaixotado
  • Médio-agudos: 3kHz-5kHz – Ótimo para adicionar batida e ataque; em excesso pode causar aspereza

Caixa

  • Médio-graves: 100Hz-250Hz – Ótimo para adicionar gordura, mas em excesso pode deixar o som turvo
  • Médios: 400Hz-1kHz – Em geral é onde o som da fundamental pode ser encontrado; em excesso pode soar encaixotado
  • Médio-agudos: 3kHz-5kHz – Ótimo para adicionar ataque; em excesso pode causar aspereza
  • Agudos: 10kHz – Ótimo para adicionar “ar” e “buzz”, em excesso pode ser estridente

Tom-tons

  • Graves: 65 Hz-100Hz – Ótimo para adicionar energia ao surdo, mas em excesso pode soar estrondoso
  • Médio-graves: 100Hz-200Hz – Ótimo para adicionar energia aos tom-tons, mas em excesso pode deixar o som turvo
  • Médios: 400Hz-800Hz – Em excesso pode soar encaixotado
  • Médio-agudos: 5kHz-7kHz – Ótimo para adicionar ataque; em excesso pode causar aspereza

Pratos/Overheads

  • Médio-graves: 200Hz-500Hz – Ótimo para adicionar “corpo” aos pratos, mas em excesso pode soar turvo ou encaixotado
  • Médio-agudos: 3kHz-5kHz – Ótimo para adicionar presença, mas em excesso pode soar duro e brigar com o vocal
  • Agudos: 7kHz-12kHz – Ótimo para adicionar “ar”; em excesso pode ser estridente

Passo 6: Compressão

Depois de equilibrar o espectro de frequências e colocar os vazamentos da bateria sob controle, é hora de focar na dinâmica. A compressão pode ser traiçoeira, mas é uma das chaves para se obter um som de bateria moderno.

É comum a aplicação de algo entre 3-6 dB de redução de ganho no bumbo e na caixa. Às vezes, os tom-tons também sofrem compressão, mas depende do quanto são usados em uma música. Pratos, overheads e microfones de ambiente variam desde “discos de jazz sem compressão” até “rock espremido até despedaçar”.

Tão importante quanto a quantidade de compressão são as configurações de tempo da compressão.

Tempos de ataque lentos permitem que a batida inicial soe antes de sofrer compressão, mas defini-lo muito lento pode fazer com que o compressor deixe passar totalmente algumas batidas.

Tempos de ataque rápidos ajudam a comprimir a performance diluindo o transiente inicial da batida, o que pode ser ótimo para adicionar controle, mas defini-lo excessivamente rápido pode tirar a vida de uma pista e empurrá-la para o fundo da mixagem.

Tempos de release relativamente rápidos podem ajudar a incrementar a percepção dos graves e coloca a bateria “na cara”, mas rápido em excesso pode causar um som pulsante não natural.

Muitos engenheiros definem a compressão da bateria de modo a permitir a passagem de alguns dos transientes iniciais de ataque, e o release para tornar mais audível o decaimento dos sons da bateria, aumentando a percepção de energia. Faça um teste A / B do compressor ligado e desligado, para verificar se o processamento de dinâmica adicionado realmente ajudou.

Uma maneira fácil de encontrar os tempos de ataque e release mais apropriados é começar com o ataque bem lento e com o release bem rápido. Diminua lentamente o tempo de ataque até começar a perder o impacto do transiente inicial e depois recue um pouquinho. Depois, aumente lentamente o tempo de release até o compressor começar a “pulsar” no tempo da música. A agulha deve saltar até 3-6 dB quando o tambor é atingido, e então retornar a 0, até que a próxima batida do tambor empurra a agulha de volta para 3-6 dB.

Quando feito corretamente, isso faz com que a bateria pareça viva e permite uma mixagem musicalmente mais dinâmica. Alguns compressores comuns usados ​​com bateria podem ser encontrados no SSL E-Channel e no G-Channel, V-Comp e API 2500.

Passo 7: Reverb

Para ajudar a adicionar uma sensação de profundidade, os engenheiros enviam as faixas individuais da bateria em um send auxiliar para um reverb. As configurações específicas do reverb dependerão da música, mas a duração deve estar frequentemente correlacionada com o andamento.

Por exemplo, na maioria das vezes, quando a caixa é tocada, deve ser ouvida claramente a cauda do reverb decaindo até pouco antes da próxima batida na caixa. Embora seja questão de gosto, há uma boa chance de que, se o reverb não desaparecer antes da próxima batida, então está excessivamente longo.

Em seguida, misture o efeito de reverberação com as faixas secas para criar a sensação de espaço desejada. A menos que você use efeitos criativos extremos, uma boa regra geral é ter o canal de reverb alto o suficiente para você sentir falta dele quando ele está emudecido, mas não tão alto que se destaque em excesso ou chame a atenção quando estiver ligado.

Neste vídeo, o produtor/engenheiro Billy Bush (Garbage, Jake Bugg) mostra como ele regulou sua sessão com o Abbey Road Reverb Plates, criando uma grande sensação de espaço em cada batida na caixa para preencher o espaço da faixa:

MIX HACK: Signature Series plugins

Aplicar EQ, compressão, processamento dinâmico e efeitos para microfones de bateria pode dar muito trabalho. Felizmente, os veteranos Chris Lord-Alge (Green Day, Muse), Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Led Zeppelin), Jack Joseph Puig (John Mayer, Lady Gaga) e Tony Maserati (Beyoncé, Jay Z) ajudaram a criar plugins que oferecem fácil acesso às suas cadeias de processamento já testadas e aprovadas.

Os plugins da série Signature oferecem combinações únicas de processamento de equalização, compressão, reverb e dinâmica para bumbo, caixa, tom-tons, overheads e microfones de ambiente. Cada plugin vem com diversas predefinições para ajudá-lo a obter seus melhores timbres de bateria rapidamente.

Passo 8: Definir compressão paralela

Para engrossar e dar vida ao som da bateria, é muito comum a adição de compressão paralela. Isso é feito configurando uma faixa auxiliar, na qual você envia vários canais do kit de bateria para serem processados e depois mixados em paralelo com o restante da bateria. Dependendo do som que você está procurando, talvez você envie apenas a caixa e o chimbal para o barramento paralelo, ou talvez envie os overheads com um pouco de tom-tom também. Em seguida, você pode enviar o canal paralelo junto com o restante da bateria para o barramento da bateria.

Neste vídeo, o engenheiro de mixagem vencedor do Grammy Tony Maserati (Beyoncé, Jay Z) mostra como ele decide enviar canais de bateria para o seu barramento de compressão paralela e como ele regula cuidadosamente a compressão usando o Compressor SSL G-Master Buss:

Se você adicionar mais processamento, como saturação, ao canal paralelo, poderá estar no caminho de um som enorme de bateria! Alguns engenheiros fazem sua bateria paralela soar completamente esmagada, saturada e “suja” (pense em uma taxa de 10:1) – não necessariamente um som desejável por si só. No entanto, quando esse som é misturado de volta com a bateria seca, o som pode adicionar um pouco mais de “força” que engrossa o kit de bateria de maneira interessante.

Passo 9: Aplicar barramento de compressão

Utilizar um barramento de compressão geralmente é mais sutil que a compressão aplicada a canais individuais e ajuda a “unir” as peças do kit de bateria.

As taxas de compressão são normalmente mantidas baixas, em torno de 2:1. Os tempos de ataque são geralmente lentos para permitir que os transientes do kit tenham pegada. Os tempos de release podem variar dependendo do andamento da faixa, mas não é incomum usar a função de auto release encontrada em muitos compressores, como o SSL G-Master Buss Compressor.

Alguns compressores possuem recursos muito úteis para utilização com bateria. Por exemplo, o API 2500 inclui um exclusivo filtro de “pressão” em seu detector de gatilho, o que impede que baixas frequências (como as do bumbo) acionem o compressor de forma muito agressiva. Isso é útil, pois a energia sonora presente nos graves acionaria muito facilmente o compressor, arrastando os pratos e os agudos superiores para baixo junto com ele.

Compressores multibanda como o C4 oferecem ainda mais controle sobre o barramento de bateria, pois permitem que seções dentro do espectro de frequências sejam processadas de forma completamente independente umas das outras.

Passo 10: Adicione corpo e agressividade com distorção

Nesse ponto, sua bateria deve estar soando bem compacta e “mixada”. Ela está bem acomodada na faixa de uma perspectiva de timbre e dinâmica, não atrapalhando o vocal. Mas e se você quiser levá-la para além do limite, adicionar alguma agressividade e, dependendo do gênero, atingir com força os ouvidos da audiência? Adicione alguma distorção paralela. Isso permitirá que sua bateria “afirme-se” na mixagem.

Tente abrir o MDMX Overdrive em um canal auxiliar e direcionar um pouco do sinal do barramento de bateria para esse canal de drive paralelo. Deve haver uma sensação imediata de densidade e cor adicionada aos tambores. Brinque com os botões de distorção e ganho para obter o timbre certo para a música, e você pode até mexer com as configurações de compressão no plugin para alterar o caráter dinâmico da distorção. Moldar o EQ no MDMX Overdrive também permitirá ajustar uma área de frequência específica que você pode querer que “fale” mais alto na mix, e a quantidade de sinal que você envia ao bus controlará o quão alto esse efeito soará.

Passo 11: Use automação

Qualquer DAW permite a criação de automação de volume, que é uma maneira muito simples e eficaz de dar vida às suas faixas de bateria. Por exemplo, depois que sua mixagem estiver bem definida, ouça bem cada canal de bateria ao longo da música. Você pode achar que o nível do chimbal é ótimo nos versos, mas que precisa ser diminuído em outros momentos – ou que aumentar 1 dB em uma determinada seção gere maior impacto.

No final do processo de mixagem, definir detalhes minuciosos com automação pode destacar ainda mais a maneira como a bateria soa na mixagem e a maneira como o arranjo geral é direcionado para o ouvinte.

No final, você terá um bumbo com pegada, uma caixa estalada, tom-tons trovejantes e pratos que brilham. Lembre-se, essas diretrizes são apenas um ponto de partida. Ouça, esteja a serviço do som da bateria e do arranjo – e não tenha medo de mexer nos botões e ser criativo!

Gostaria de ir mais a fundo no barramento paralelo de bateria? Veja o engenheiro de mixagem Tony Maserati demonstrando dicas avançadas para refinar os canais paralelos de bateria.

Você tem alguma dica de bateria que deixamos de fora? Conte-nos na área de comentários abaixo.


O artigo “11 Steps to Mixing Drums like a Pro” foi publicado originalmente em Waves.com. Traduzido e publicado por Musicosmos com autorização da Waves. Todos os direitos reservados. Leia o artigo original aqui.

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