Gravar o violão em duas vias: dividir para aprimorar

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O músico que trabalha em um home studio deve estar sempre a postos. Essa prontidão inclui, por exemplo, aceitar que não é possível escolher quando virá aquele impulso inspirador que o levará a tocar e gravar o violão. Portanto, é preciso estar preparado para registrar o impulso criativo a qualquer momento – que depois será transformado em algo realmente interessante.

Um home studio também é o laboratório ideal para experimentação; e até para isso você deve estar preparado.

É verdade que a inspiração precisa ser estimulada com diferentes elementos: o ambiente, instrumentos, timbres, uma escala diferente, uma afinação alternativa…

Em busca de compor uma nova música resolvi afinar o violão em DADGAD e comecei a experimentar novas posições para os dedos pelo braço do violão.

O som aberto dos acordes me levou a encontrar uma cadência interessante e foi assim que surgiu uma linha harmônica da qual gostei muito.

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Divisão e gravação

Eu queria gravar essa linha harmônica incipiente usando um violão de cordas de nylon. Por motivos circunstanciais – no momento em que surgiu a inspiração e a vontade de gravar, meu filho de cinco anos não parava de atazanar fazendo todo tipo de barulho – resolvi não usar violão um clássico microfonado. Eu precisava de algo mais prático. Por isso decidi gravar o violão de cordas de náilon equipado com um captador piezo.

Porém, minha intenção não era obter o som típico do captador piezoelétrico, mas sim um som com um ataque mais relaxado, um som mais quente, não tão penetrante e nítido.

Por isso decidi dividir o sinal do meu violão em dois caminhos, enviando os dois sinais para dois canais diferentes do console (ou placa de áudio).

Para o meu propósito, usei uma direct box ativa Radial J48 e um processador Fishman Aura Spectrum DI. Obviamente, cada usuário pode substituir este equipamento por outros que permitam seguir a mesma linha de trabalho.

O processador Aura é uma ferramenta muito interessante que permite emular o som de diferentes violões. O usuário ainda tem a possibilidade de baixar modelos específicos de violões gravados com microfones específicos do site do fabricante.

Uma das categorias disponíveis corresponde a violões de cordas de nylon, então coloquei meus fones de ouvido, pluguei ao violão e comecei a testar cada um dos modelos carregados na categoria de nylon até encontrar o que mais gostei.

O esquema de conexão é muito simples: do violão para a entrada da direct box, e da saída paralela Thru da direct box para a entrada do processador Aura.

Em seguida, as saídas XLR da direct box e do processador foram enviadas para dois canais diferentes do console, que também podem ser duas entradas da interface de áudio instalada no seu sistema.

Em seguida, é necessário preparar duas trilhas na DAW utilizada para que uma das trilhas receba o sinal de guitarra enviado da direct box, enquanto a outra entrada recebe o sinal enviado do processador Aura.

Como você deve estar pensando, o sinal enviado da direct box corresponde ao som puro do microfone piezoelétrico do violão, enquanto aquele enviado do processador Aura corresponde ao sinal modelado.

Precisamente na diferença entre ambos os sinais reside a flexibilidade deste esquema, que permite que cada sinal seja processado de forma independente para a obtenção de um determinado timbre.

Usei o mesmo método de gravação de violão na harmonia e na melodia da canção.

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Esquema de como gravar o violão em duas vias

Mixagem

Fase

Quando você tem dois sinais com o mesmo conteúdo, gravados em duas faixas distintas, é necessário verificar se há problemas de fase entre os dois sinais. Dois sinais com problemas de fase serão cancelados em um determinado ponto no espectro de áudio quando ouvidos em mono, eliminando assim os componentes do timbre.

A maneira mais confortável de fazer isso é aproximar as duas trilhas e verificar visualmente se os gráficos dos sinais sobem e descem juntos, além das diferenças normais entre os dois. No caso de encontrar defasagens – ou percebendo perdas no som – com o uso do mouse podemos mover ligeiramente uma das trilhas para posicioná-la melhor.

Além dos deslocamentos visuais, é sempre necessário conferir a fase com os ouvidos, ouvindo as duas faixas em mono e prestando atenção aos possíveis cancelamentos.

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Timbres

Como disse antes, meu desejo era evitar o som típico dos microfones piezoelétricos. Por isso, na hora da mixagem da faixa que estava recebendo sinal da direct box (o sinal direto do captador do violão), partindo de um preset específico para violões, comecei a modificar os parâmetros até encontrar um som agradável.

Na trilha onde registrei o sinal vindo do processador Aura inseri um compressor atuando bem suavemente.

Preferi não usar o compressor do próprio processador. Dessa forma, você pode trabalhar com tranquilidade enquanto mixa, sem se arrepender de compressão excessiva durante a gravação.

Claro, ambas as faixas foram equalizadas.

Posteriormente, separei as duas faixas para os lados do campo estéreo e inseri um delay adicional, definido em aproximadamente 25 ms em uma das faixas, a fim de ampliar o som combinado de ambas as faixas.

O tempo de delay depende do tipo de execução. A música que eu gravei era baseada em arpejos tocados com a técnica de fingerpicking, portanto, um tempo de retardo maior – por exemplo, 60 ms – como costuma ser usado para ampliar a imagem estéreo em outras situações, teria sido muito extravagante.

O tempo de atraso que escolhi para a mixagem só se torna aparente quando é desligado; sutil, mas funcional.

A posição de cada violão no campo estéreo depende do gosto pessoal. Alguns podem supor que é conveniente colocá-los nas duas extremidades, mas nem sempre isso é necessário para obter uma abertura interessante na mixagem.

Embora um bom par de fones de ouvido seja útil quando você não tem uma sala adequada, posicionar os elementos da mixagem no campo estéreo monitorando dessa forma pode levar a resultados ruins quando a mixagem é ouvida em alto-falantes.

Ouvir em fones de ouvido durante a mixagem não nos permite apreciar a interação entre os dois lados do estéreo, já que cada ouvido recebe o conteúdo exclusivamente pelos respectivos fones de ouvido, principalmente quando estamos usando um delay para gerar uma diferença entre os dois sinais.

Ouvindo através de monitores podemos apreciar melhor a interação de ambos os canais.

Novamente, é muito importante verificar a compatibilidade em Mono. Violões totalmente separados nas pontas, no caso de uma única interpretação mixada, são elementos que devem ser controlados para não prejudicar a compatibilidade do Mono. É por isso que devemos sempre ouvir a mixagem em Mono para perceber o que acontece.

Além de ouvir – e considerando que muitos estúdios caseiros estão longe de ter as melhores condições acústicas – é bom usar um plug-in que ofereça informações variadas sobre a mixagem. Colocá-lo no bus de saída fornecerá informações muito valiosas.

No meu caso, sempre uso o Visualizer, da NUGEN Audio.

No que diz respeito à gravação da melodia, usei um método semelhante de processamento, modificando as regulagens no plug-in CLA e colocando os dois canais em posições quase no centro do campo estéreo.

Posteriormente, inseri dois buses, um para os violões da harmonia e outro para os da melodia.

Em ambos os buses coloquei um Bus Compressor para controlar a dinâmica na soma dos violões de cada parte. Este plug-in oferece excelentes resultados; com aplicação na dosagem certa, as faixas de violão se mesclaram muito bem.

Comentários finais

A liberdade de experimentação em um estúdio caseiro é uma de suas principais atrações.

Por que não experimentar também dividindo o sinal de uma guitarra elétrica para gravar o amplificador captado com um microfone e, por outro lado, o sinal direto e limpo enviado de uma direct box ou simulador de alto-falante?

Então, na mixagem, estaremos livres para processar ambos os sinais da maneira que quisermos, talvez inserindo plug-ins que emulam amplificadores de guitarra no sinal limpo e, em seguida, combinando-o com o sinal do amplificador.

Claro, na gravação de violões também é possível experimentar combinando o som acústico e real do instrumento, capturado com um microfone, com o sinal fornecido pelo microfone interno do violão – se você tiver um.

Não há dúvida de que investir tempo nesse tipo de procedimento trará resultados mais do que satisfatórios.

Por Fabio García

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Originalmente publicado na revista Músico Pro – Traduzido e publicado por Musicosmos com autorização de ©Music Maker Publications, Inc. – Todos os direitos reservados. All rights reserved. Visit musicopro.com