Todos nós bateristas nos perguntamos qual posição é a mais conveniente para a bateria na sala em que ela fica montada. No meu caso, a ideia de escrever este artigo veio por ser alguém que dá aulas em domicílio e pode ver como outros bateristas, por várias razões, posicionam suas baterias de maneiras diferentes.
Devido à sua natureza de soar muito alta, as baterias podem ser colocadas em ambientes não adequados para um instrumento musical. É muito comum encontrá-las no quarto do baterista, em algum quartinho desocupado, sótãos ou garagens em muitos casos. No caso de bateristas semiprofissionais e profissionais, elas geralmente ficam em estúdios de gravação ou em salas de ensaio privadas. Todas estas situações, independentemente do nível do intérprete, têm algo em comum: a bateria estará dentro de uma sala e dependendo do seu posicionamento, soará mais ou menos dura, mais ou menos seca, deixando mais ou menos espaço para o resto da sala onde é usada.
Geralmente, as duas principais preocupações que os bateristas têm ao posicionar a bateria são: (1) o volume e (2) o espaço que ocupam dentro da sala. Vamos analisar parte a parte desses dois aspectos.
Volume da bateria
Este ponto provavelmente é o que dá mais dores de cabeça para bateristas de todos os níveis e de todo o mundo. Porque os tambores claramente têm a natureza de soar alto, e embora sejam utilizados meios para lidar com isso (baquetas semi-flexíveis, escovas, silenciadores sobre as peles, etc.), existe uma realidade que não podemos ignorar: se queremos tocar a bateria corretamente, temos que tocar forte. Com “tocar forte” eu não quero dizer quebrar os pratos e as baquetas em cada prática, quero dizer que o bumbo e o tambor devem ter o peso correspondente ao estilo de música que é tocado, e devemos levar em conta que no mercado atual de música, quase 90% dos estilos musicais exigem baterias limpas, sólidas e pesadas.
O mais comum para a maioria de nós é não se preocupar com o volume em sessões de prática e partir do princípio de que não estamos incomodando ninguém, para poder focar em ritmos, fills, etc. Alguns tem mais ou menos sorte neste sentido, dependendo da sua situação pessoal: há aqueles que têm a sorte de viver em casas grandes onde o barulho é tolerado pelos vizinhos – melhor se for feito durante o horário comercial. Há também o caso daqueles que vivem fora das grandes cidades em espaços abertos onde o volume também não é um grande problema.
Para o resto de nós, o mais comum é morar em locais em que é permitido praticar a bateria, mas com limitações de volume e horários. Colegas que moram em apartamentos sabem muito bem do que estamos falando.
Assim, de acordo com a situação pessoal de cada um, cabe a você avaliar qual das opções para posicionar a bateria é a melhor, vou recomendar as que funcionaram melhor para mim, mas no final fica a critério de cada baterista.
Espaço
Neste aspecto os vizinhos não importam como no ponto anterior, vamos nos deter nas características da sala.
A situação mais comum é a bateria ficar no quarto do músico. Não é uma má ideia arrumar o quarto para que a bateria e o resto da mobília tenham uma certa harmonia. Muitas vezes vejo baterias armadas no meio de uma sala bloqueando o caminho. Mesmo para aqueles que são mais afortunados e têm uma sala separada disponível para a bateria, a mesma regra se aplica, a bateria deve estar em uma posição ideal e sem atrapalhar a passagem, e dependendo da possibilidade de fazer mais ou menos volume ao tocar, pode ser colocada nos ângulos que vamos ver nas imagens a seguir.
Uma bateria de configuração normal deve poder ficar em qualquer sala de tamanho padrão sem impedir a passagem. Muitas vezes nós nos descuidamos e armamos a bateria deixando mais espaço atrás do que é realmente necessário. Uma maneira de não deixar isso acontecer é procurar uma posição em que seja possível ficar sentado confortavelmente, depois marcar no chão onde cada pé do bumbo ficará e se guiar a partir daí para a montagem do instrumento.
Configurações da bateria na sala
Agora mostro quatro gráficos das posições mais comuns para ter a bateria dentro de um quarto, sala de ensaios, garagem ou até mesmo estúdio. Cada um com seus prós e contras. O esquema da bateria é aquele usado por mim.
Primeira configuação
Na minha opinião, esta é a configuração ideal em termos da relação volume/ espaço. É muito popular também nos estúdios de gravação, porque com a bateria contra um canto, o som (especialmente o bumbo) se abre como mostrado no gráfico, de uma forma mais ampla.
Para aqueles que têm um local de ensaio, essa opção também é altamente recomendada para obter o máximo de som na bateria com o menor uso de espaço possível. O único contra é que às vezes pode ser um pouco desconfortável entrar e sair da posição para se sentar na bateria. Certifique-se de deixar espaço suficiente para isso.
Segunda configuração
Este modo de montar a bateria na sala ou estúdio de ensaio é também muito popular. Ele preserva as características de uma boa projeção do som com bastante conforto para que o baterista entre e deixa o espaço necessário para que se sente.
Esteticamente, é muito bom em quase todos os cômodos. O único contra é que ocupa mais espaço do que a primeira configuração. Tanto nesta como na primeira configuração, a prioridade é obter o melhor som da bateria e da sala, a projeção sonora é frontal e forte. Não é recomendado para quem quer manter o volume baixo.
Terceira configuração
Não é o favorito deste colunista, mas ainda é muito popular para muitas pessoas.
Basicamente, a bateria é colocada no centro da sala. Muitos estúdios de gravação usam isso para obter um ótimo som em microfones overheads (aéreos). Seja para ensaio ou prática pessoal, essa configuração dilui um pouco a força da bateria, como visto no gráfico. É possível moderar um pouco o volume, mas se sacrifica a clareza e, a menos que a sala seja muito grande, ocupa todo o espaço.
Quarta configuração
Esta configuração pode ser chamada de “Estilo Manhattan”, já que é muito popular na Big Apple, onde há pouco espaço e o volume deve ser controlado o tempo todo.
Basicamente, a frente do bumbo está junto à parede e se toca olhando para a parede. A sensação de tocar assim é estranha porque o bumbo perde seu peso e, em geral, o som fica morto. O som sairá “para trás” e os graves do tambor serão muito controlados. Essa configuração também é amplamente usada em salas compartilhadas, onde vários bateristas dividem o tempo, algo muito comum em Nova York, bem como em outras grandes cidades.
Espero que este artigo seja útil para você. Até a próxima.
Por Gonzalo Suárez, para Músico Pro
Originalmente publicado na revista Músico Pro – Traduzido e publicado por Musicosmos com autorização de ©Music Maker Publications, Inc. – Todos os direitos reservados. All rights reserved. Visit musicopro.com