A equalização é um dos tópicos fundamentais para uma boa mixagem. O ouvido humano percebe o som entre as frequências de 20 e 20000 Hz. Cabe a quem mixa uma música escolher o brilho de cada instrumento nessa região de frequências, de forma que não “disputem espaço” na mixagem e que fiquem bem definidos na canção. Para isso, é importante que o produtor tenha conhecimentos básicos, não só das funções dos equalizadores, mas também das frequências comuns de atuação de cada instrumento.
Parâmetros Básicos
São considerados parâmetros essenciais de um equalizador:
- Ganho: É o quanto aumentamos em presença (ou atenuamos) uma zona de frequências
- Frequência central: É a frequência localizada no ponto médio desse ganho. No caso da imagem acima, algo próximo de 1Khz.
- Largura de banda: É uma ideia aproximada dessa região de frequências, limitada por um valor mínimo e um máximo. Essa diferença mostra a região onde há maior passagem do sinal.
Obs.: É muito comum as bibliografias apresentarem um parâmetro Q quando abordam este tema. Esse valor Q é calculado dividindo-se a frequência central pela largura de banda.
Tipos de equalizadores
1. Equalizadores Gráficos
Possuem apenas controles de ganho e atenuação em frequências já determinadas. Possui como vantagens poder alterar o volume apenas na frequência e a fácil compreensão do componente.
2. Equalizadores semiparamétricos
Além do controle de ganho/atenuação, possuem um segundo controle que permite que o responsável pela mixagem escolha a frequência central onde atuará o filtro.
3. Equalizador Paramétrico
A diferença para o semiparamétrico é apenas o controle a mais do parâmetro Q explicado anteriormente.
4. Equalizador Paragráfico
São os equalizadores encontrados nos plug-ins em grande maioria. Possuem controles idênticos aos do paramétrico, e você pode acompanhar o resultado das modificações graficamente.
5. Roll Offs
Encontrados nos filtros. Além dos conhecimentos dos parâmetros, é importante que se estude e procure tabelas de zonas de frequência que guiem sua mixagem. É possível encontrá-las nas mais diversas bibliografias e também em endereços virtuais. Com a prática, as zonas de frequência começam a fazer parte do cotidiano do cérebro. Quando se equaliza, é necessário saber qual a ambição deste processo. É para deixar o som mais limpo? É apenas para encaixar os instrumentos de forma que não “embolem”? O objetivo é dar mais brilho ao instrumento? Depois de saber a ambição, deve-se saber em que região de frequências predomina o seu instrumento, e quais regiões são usadas na música, também adicionando a isso quais você acha que mais valoriza a harmonia. Por exemplo: Ao equalizar uma voz, é essencial que seja conhecida a extensão de quem gravou o vocal. Um tenor terá uma tessitura de voz diferente de um baixo e brilho em frequências distintas.
Tipos de Equalização
1. Peaking ou Band Pass (Passa Banda)
Atuam sobre uma determinada frequência, mas afetam outras frequências vizinhas. É a base para como trabalham os equalizadores gráficos, nos quais se encontram o ganho e atenuação.
2. Shelving
Equalização que atua em todas as frequências acima ou abaixo da frequência escolhida.
3. HPF e LPF
São os conhecidos filtros passa alta e passa baixa (High Passing Filter e Low Passing Filter).
Curvas de Filtro
1. Band Pass
Mais usada e conhecida. Onde o ajuste é feito dentro de uma banda específica.
2. Low Shelf
Esse tipo de curva atenua ou realça todas as frequências acima ou abaixo de uma determinada frequência escolhida (no caso, abaixo).
3. Hi Shelf
No caso da imagem, a Hi Shelf acontece já próxima aos 10Khz.
4. Low Pass
Filtro que atenua as frequências mais altas e deixa passar as mais baixas.
5. High Pass
Filtro que corta as frequências baixas e deixa as altas passarem.
Obs: Não confunda Shelf com Passing.
Note o HPF: Da frequência de corte para baixo a curva tende a 0, isto é, quanto menores as frequências, mais elas perdem força. É diferente da Shelf. Uma zona de frequências está com praticamente o mesmo valor em dB, há uma transição, e a outra região (no caso, mais aguda) tem o mesmo módulo para todas as frequências.
Visão 3D do Som
Muitas bibliografias e produtores gostam de visualizar o som em 3 dimensões. Na dimensão vertical, encontra-se a frequência. Nas dimensões horizontais a panorâmica e do eixo ortogonal aos dois, a ideia de profundidade, que é a combinação de reverberação e volume.
Há uma teoria no campo da psicologia que mapeia como o ser humano sente as frequências no corpo. Quanto mais grave, mais abaixo. Quanto mais agudo, mais acima. Se fizermos uma breve análise, faz certo sentido, pois é, afinal, o que acontece com um cantor. Enquanto a voz de peito deve ser responsável por conter os graves, um bom cantor sabe que a ressonância de agudos é mais fácil e harmônica e na cabeça.
Portanto, pense sempre em quantas frequências serão agregadas à música e na riqueza de detalhes que se deseja apresentar, de forma a preencher este eixo vertical.
Sobre o Autor
Eduardo Nepomuceno
Eduardo Nepomuceno, carioca, é músico, produtor musical e escritor. Como músico, começou a aprender guitarra aos 13 anos. Estudou o instrumento na Escola de música Villa Lobos. Além de guitarrista, também aprendeu a tocar teclado e gaita, além de ter aprendido um pouco de baixo e violino. Também interessou-se por canto no fim da adolescência. Já estudara um pouco de técnica vocal na Villa Lobos, quando começou a apreciar coral. Depois estudou canto popular na Escola Elite Musical e depois seguiu sendo treinado pelo cantor Pedro Calheiros, filho de Rinaldo Calheiros, conhecido como "a voz que emociona". Nos treinos também dedicou-se ao canto lírico influenciado pelo gosto do professor por óperas italianas. Estudou produção musical na Escola de áudio Home Studio, do professor e músico Sérgio Izeckson. Passou a utilizar os conhecimentos adquiridos no curso para fazer gravações caseiras e trabalhar com produções de baixo custo para músicos independentes. Já gravou músicos do estilo gospel, vocais usados para dublagens, além de ter trabalhado com canto popular e ensino de teoria musical. Além disso, também licenciou músicas na pequena carreira. Atualmente está se dedicando à gravação do seu projeto solo "O valor do primeiro ensaio", que terá músicas sonoras feitas essencialmente ao piano e com auxílio de guitarras, violão, baixo, orquestras programadas e cordas, mas sem elementos rítmicos como bateria. Também está escrevendo seus dois primeiros livros: "Artes de amor e guerra" e "Ópera das dores do mundo". Na área da escrita, já escreveu redações e colunas para um ramo do PN Record, antigo projeto da emissora. Atualmente publica seus textos no próprio blog. Entre seus assuntos abordados estão políticas de financiamento cultural, análises críticas artísticas e didática de áudio.