boss

Pouco depois de adquirir a minha primeira guitarra elétrica, uma fantástica e única Ibanez cor amarelo elétrico (amarelo deserto, segundo o fabricante), um presente de meus pais, eu consegui reunir algumas economias para comprar meu primeiro pedal multi-efeitos: um Boss ME-30. A partir daquele momento, soube que usaria esse tipo de equipamento por muito tempo.

A opção de pedais separados + amplificador era uma escolha muito distante naquele momento. Especialmente pelo fator econômico, pois em comparação, normalmente é muito mais caro construir uma pedaleira completa e, além disso, os multi-efeitos tornaram-se mais práticos e versáteis.

Multi-efeitos Boss ME-30
Multi-efeitos Boss ME-30

Meu desenvolvimento como músico tem sido em grande parte dentro de uma igreja cristã, onde uma paleta de sons muito variada é geralmente necessária, já que muitos estilos diferentes são tocados. O multi-efeitos cumpria grande parte da tarefa.

Eu não tinha uma percepção muito desenvolvida de timbres até que ouvi através de um amigo guitarrista o multi-efeitos Ibanez VA-3, que tinha uma tecnologia de emulação de amplificadores e de falantes muito avançada para a época, a mesma por trás da modelagem pioneira de amplificadores: o lendário Tube Screamer. O som tinha mais corpo e definição muito melhor. Meu ME-30 era a categoria de entrada da Boss e eu só tinha uma pequena amostra dessa tecnologia – enquanto seus irmãos mais velhos como o Boss GT-5 e o recém lançado GT-3 incluiam a tecnologia COSM (Composite Object Sound Modeling) desenvolvido pela Roland, que marcou uma grande diferença e passou à vanguarda junto com os dispositivos POD Line 6.

Multi-efeitos Boss GT-3
Boss GT-3

Sem hesitar, coloquei à venda o meu amado ME-30 e juntei mais algum dinheiro para comprar um novo Boss GT-3. Eu ainda me lembro vividamente da sensação de usá-lo pela primeira vez, com sua carcaça de metal, seu som e a flexibilidade de uso. Levei relativamente pouco tempo para se acostumar os ajustes, pois já havia testado um Roland GP-100 de um amigo, outro dispositivo lendário cujos controles eram organizados de forma semelhante.

O pedal era fantástico, tinha muitas opções, combinações, efeitos muito úteis e outros mais exóticos, permitia mudar a ordem da cadeia de sinal e experimentar com a criatividade estimulada.

Lembro-me de que também se podia, de uma maneira muito rudimentar, emular o som de captadores simples ou humbucker e ter um simulador de violão decente. Então eu descobri algo muito interessante, que era a parte do sintetizador, um efeito que pegava o sinal dos captadores magnéticos e os traduzia em um som completamente distante da guitarra convencional. Isso foi alucinante para mim! Embora só ele pudesse executar sons monofônicos, naquele época eu ouvia Pat Metheny e John McLaughlin, que durante anos usaram guitarras sintetizadas – com sistemas mais complexos, naturalmente.

Para a maioria dos meus colegas guitarristas, os multi-efeitos foram apenas uma etapa para entender a mecânica de criação de seu timbre através de pedais separados, mas não foi para mim. Mais tarde, o GT-3 foi sucedido pelo GT-6 e, por sua vez, pelo GT-8, com o qual permaneci por um longo tempo.

Multi-efeitos Roland GR-55
Roland GR-55

Atualmente eu uso um dos dispositivos, na minha opinião, mais completos do que existem. Trata-se do sintetizador para guitarra Roland GR-55, que é capaz de traduzir os sons de minha guitarra polifonicamente para quase qualquer outro instrumento. Não é incomum que eu “toque” um saxofone no meio de uma apresentação. Além disso, tem características evoluídas dos dispositivos anteriores e eu posso mudar de guitarra virtualmente.

Os multi-efeitos e sistemas de emulação evoluíram enormemente até chegar a equipamentos mais complexos e avançados como Kemper, Positive Grid e Helix Line 6, entre outros.

De maneira nenhuma eu tento dizer qual é a melhor opção para todos os guitarristas, eu apenas compartilho minha experiência pessoal e o que funcionou para mim até agora – embora eu não descarte no futuro próximo montar um pequeno conjunto de pedais separados com um amplificador valvulado. Para muitos dos meus amigos, ainda é difícil decidir qual desses dois mundos é mais conveniente. Tudo depende de cada um.

Sobre o Autor

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Carlos Severiche
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Carlos Severiche é um guitarrista colombiano que viveu muitos anos na Espanha. Ele foi colaborador de muitos artistas em diferentes estilos e liderou seu próprio projeto de jazz fusion instrumental. Ele também passa boa parte de seu tempo como professor de violão em diferentes lugares. Você pode ouvir seu álbum "Sentido Común" (2012) nas principais plataformas digitais. Siga-o no Instagram e visite o site www.carlosseveriche.com.