A Gretsch Guitars idealizou a coleção Electromatic com o objetivo de oferecer versões mais acessíveis dos caros modelos da série Professional, e esta nova linha Streamliner pretende ser ainda mais em conta, oferecendo aparência, sons e tocabilidade típicas de uma guitarra Gretsch a preços mantidos em três dígitos (em dólares, claro). Mas embora as Streamliners fabricadas na Indonésia custem cerca de 60% a 70% de seus equivalentes da Electromatic (e uma fração dos modelos Professional mais parecidos), uma avaliação rápida mostrará que elas não são apenas cópias baratas em termos de recursos, configuração e acabamento, como alguns podem pensar.
A série Streamliner nem sempre reproduz corretamente características vintage – ou materiais e técnicas de construção que representem uma outra época. Mas isso não é um problema. Durante seis décadas e meia, “That Great Gretsch Sound” já passou por inúmeras transformações com várias configurações de captação e estilos de corpos adotados. A contenção de custos é justificável e não há motivos para que os guitarristas com orçamentos mais apertados percam a diversão.
Vamos observar mais de perto e ver o que esta Streamliner inteligentemente renovada oferece.
0:00 – Captador da ponte, amplificador Twin Reverb limpo; 0:20 – Captador do braço, Twin Reverb; 0:52 – Captador da ponte, amp Friedman BE-50 Lead Channel; 1:20 – captador do braço.Chet Atkins
Estilisticamente, a Streamliner G2420T acena para a lendária hollowbody 6120 Chet Atkins dos anos 50. Ela também segue a linha principal da Gretsch em termos de recursos e formato. Os pilares do design são um corpo archtop totalmente oco de 2,75 polegadas, feito de maple laminado, com reforços internos em dois trilhos paralelos e um único recorte arredondado para acesso às casas mais agudas. O “T” no nome da guitarra refere-se à inclusão de uma alavanca de vibrato licenciada pela Bigsby, outro elemento clássico que se espera de uma guitarra Gretsch.
O acabamento vermelho (candy apple) em nosso modelo de testes é um dos três disponíveis (riviera blue e goldust são os outros) e é bem emoldurado por filetes brancos envelhecidos de 3 camadas tanto no tampo quanto no fundo. O escudo tipo casco de tartaruga provavelmente não seria minha primeira escolha para o corpo vermelho-metálico (que tal branco envelhecido, preto, prata?). Outros guitarristas, sem dúvida, gostarão da aparência.
Outra mudança é a substituição das marcações em bloco da escala pelos blocos característicos das guitarras Gretsch em meados dos anos 50. Eles são incrustados em uma atraente escala de loureiro marrom com 12 polegadas de raio emoldurada com bindings brancos. Esta escala cobre um braço de nato (madeira também conhecida como “mogno oriental”) e tem comprimento de 24,75 polegadas, com uma pestana de 1,6875 polegadas de largura. A Gretsch chama o perfil do braço de “U fino”, mas nas minhas mãos parece mais um perfil C totalmente arredondado. A espessura é de 0,875″ no primeiro traste e pouco menos de 1″ no décimo traste. Em qualquer caso, ele enche a mão confortavelmente.
Minha única queixa é que os cantos da pestana sintética são um pouco afiados (isso é um problema que um luthier facilmente resolve).
O hardware inclui uma ponte Adjust-o-Matic em uma base de loureiro fixada no tampo – o que ajuda a evitar que ela saia do lugar em seus momentos de alavancadas mais animadas – e tarraxas OEM de níquel fundido com botões estilo Grover.
Os novos captadores Broad’Tron BT-2S, que são realmente a atração principal desta evolução da linha Streamliner, são maiores que os Filter’Trons, mas compartilham o estilo do Filter’Tron com suas capas típicas e 12 pólos ajustáveis.
A resistência neste conjunto mede 9,24k ohms na posição da ponte e 8,90k ohms no braço, então eles também são mais quentes do que os tradicionais Filter’Trons. Mas a saída mais quente pode se adequar ao gosto de muitos guitarristas que compram instrumentos nessa faixa. Eles estão conectados por meio de controles de volume individuais, um tone, um volume principal e um seletor de 3 posições.
Guitarra Gretsch é Rockabilly
Visualmente falando, a guitarra Gretsch Streamliner G2420T grita “rockabilly”. E ela também faz jus à sua atitude externa quando plugada. Testada com a ajuda de um combo TopHat Club Royale 1×12 limpo, com apenas uma pitada de distorção, os captadores permanecem claros e bem definidos para um conjunto projetado para ser mais quente do que um humbucker PAF tradicional.
O brilho, o som e a articulação do pickup da ponte e da posição do meio são muito parecidos com o Filter’Tron – e impressionantes para esta faixa de preço. Mas ao mesmo tempo, eles também entregam um pouco mais de mordida. Riffs rockabilly tradicionais saltaram e rosnaram. E os solos soaram com autoridade e twang. O captador de braço, por sua vez, habilmente oferece timbres de jazz ricos e quentes para os que tocam bop ou swing ocasionalmente.
A G2420T também funciona em situações de maior ganho. Com o overdrive de um Bogner Wessex e um Tube Screamer (usados separados e em série), gerou texturas de rock sujo com facilidade.
O captador da ponte oferece ótimos timbres de solo com boa separação entre as notas. O captador do braço oferece timbres de blues redondos e vocais. Melhor ainda, o feedback que assola a maioria das guitarras de corpo oco não é tão proeminente ou desastroso quanto eu esperava – pelo menos em volumes aceitáveis e a distâncias razoáveis do amplificador. E diversas configurações de captação permitem efeitos de sustentação criativos e harmônicos que são mais controláveis do que os que eu já experimentei com outras grandes hollowbody elétricas. Tudo é agradavelmente administrável.
O veredito
Entregando o espírito e a sonoridade típicos de Brian Setzer, Billy Duffy e muitos outros timbres na mesma seara, a guitarra Gretsch Streamliner G2420T é uma guitarra impressionante pelo preço.
A qualidade de construção é boa, e a tocabilidade e o timbre são excelentes. Por volta de US$ 550 (nos EUA), vai surpreender muitos guitarristas que acreditam que uma archtop elétrica versátil com o nome Gretsch no headstock está além de seu alcance.
Dave Hunter
Dave Hunter é escritor e músico que trabalhou nos EUA e no Reino Unido. Ele é o autor de The Guitar Amp Handbook, The British Amp Invasion, Guitar Effects Pedals, The Fender Telecaster, The Gibson Les Paul e uma dúzia de outros livros, além de colaborar regularmente com várias revistas de guitarra. Dave também lidera a banda A Different Engine, e mora em Portsmouth, NH, com sua esposa e seus dois filhos.
Sobre o Autor
Premier Guitar
Artigo originalmente publicado em Premier Guitar, traduzido e publicado por Musicosmos sob licença de Premier Guitar. Todos os direitos reservados.