Hoje temos a honra de apresentar uma entrevista com Wolf Van Halen e Elvis Baskette. Wolf é apelido de Wolfgang Van Halen, e ele é filho de Eddie Van Halen e da atriz Valerie Bertinelli. Elvis é o engenheiro de áudio e produtor Michael “Elvis” Baskette (Alter Bridge, Tremonti, Chevelle, Incubus, Falling in Reverse, Slash e Myles Kennedy). Juntos, a dupla criou Mammoth WVH, um disco de rock melódico pesado com paredes de guitarras sólidas e lindas camadas de vocais, com cada instrumento tocado e cada nota cantada apenas por Wolfgang.
Nesta entrevista com Wolfgang Van Halen e Elvis Baskette, eles nos contam a história por trás deste álbum.
Qual é sua experiência no aprendizado musical?
Wolf: Nunca tive nenhuma educação musical formal, a não ser talvez por perguntar ao meu pai: “Ei, como você toca isso?” Meu pai me ensinou a tocar power chords, mas fora isso, eu só estava tentando aprender as músicas de ouvido. Comecei a tocar bateria aos nove anos e depois mudei para a guitarra quando tinha doze. Eu queria tocar “316” ( de For Unlawful Carnal Knowledge, 1991) na minha formatura da sexta série. E passei para o baixo um pouco mais tarde.
Eu li em algum lugar que você passou para o baixo porque achou que seria como guitarra, só que mais fácil.
Wolf: Sim, e foi uma grande bobagem pensar assim. (risos)
Elvis: Muitas pessoas pensam que é mais fácil, mas Wolf é um baixista de verdade. Isso é algo diferente.
Elvis, como você começou na engenharia de áudio e produção?
Elvis: Não foi por escolha. (risos) Comecei como guitarrista e me mudei da Virgínia para Los Angeles para estudar na Escola de Música da University of Southern California. Comecei a tocar em bandas em Los Angeles e gravava as demos de todas as bandas. Eu tinha passado de um gravador cassete de 8 faixas para um TASCAM de 16 faixas, e eles começaram a me pagar pelas demos que eu fazia. Eu consegui um emprego nos estúdios NRG em Los Angeles com o objetivo de conhecer o pessoal da A&R e outros produtores, para tentar apresentar a demo da minha banda.
O proprietário, Jay Baumgardner, foi muito legal e prestativo. Dois anos depois, eu estava ajudando Brendan O’Brien com o Stone Temple Pilots. Um dia eu estava editando as faixas e a banda Incubus ouviu o que eu estava fazendo e isso me levou a ser o engenheiro do Make Yourself, de 1999. Eu tinha 23 anos, e não sabia que esse álbum iria estourar.
Seu primeiro projeto juntos foi o álbum Cauterize, do Tremonti, no Criteria Studios de Miami?
Wolf: Na verdade, foi quando estávamos gravando Cauterize e Dust, porque essas gravações foram feitas ao mesmo tempo. Comecei a mostrar a ele algumas demos, e tivemos um tempo em janeiro de 2015 e pensamos… vamos lá.
Deve ser difícil esperar tanto tempo para terminar um projeto. Ou você fica tipo, “Não aguento mais essas músicas” ou “Eu as amo e quero que as pessoas possam ouvir logo!”
Wolf: [risos] Sim, um pouco dos dois.
Elvis: Foi um processo de crescimento e exploramos muitas abordagens e estilos diferentes. Wolf pode me corrigir se eu estiver errado, mas muito desse tempo foi gasto para definir como ele queria ser como solista e sobre o que estava escrevendo.
Wolf: E não foram três anos de trabalho ininterrupto.
Elvis: Correto, ele estava trabalhando com Van Halen e Tremonti fazendo turnês. Eu estava trabalhando em vários álbuns. Então, reservamos um tempo em nossas agendas para nos encontrarmos.
Wolf: Eu nunca fui para a faculdade e vejo o processo e o tempo que levou para fazer esse álbum como minha faculdade, porque terminei podendo dizer: “Acho que sei o que quero fazer da minha vida.”
Como você começou a tocar tudo sozinho em vez de escrever as músicas e trazer outros músicos?
Wolf: Acho que é porque eu sei tocar esses instrumentos e a única maneira mostrar exatamente o que ouvi em minha cabeça é tocando eu mesmo. Eu só queria ver se conseguia.
Elvis: Passando para a parte técnica, depois de assistir Wolf tocar baixo nos discos do Tremonti e ouvir suas demos, conversamos sobre isso e eu disse a ele que não havia razão para não gravar esse álbum em fita.
Então esse álbum foi gravado em fita analógica?
Elvis: Exceto as vozes, tudo foi gravado em fita. A única razão pela qual os vocais foram feitos no Pro Tools foi porque estávamos pulando de um lugar para o outro, gravando no estúdio do Wolf, no 5150, e no meu estúdio, então se tornou uma questão de conveniência.
Como foi o processo? Você fez demos em casa ou começou do zero no estúdio?
Wolf: A segunda música do álbum, ‘Horribly Right’ foi praticamente uma demo que fiz por conta própria e a traduzimos no estúdio. Depois, houve algumas como ‘Epiphany’, por exemplo, onde eu tive talvez quarenta segundos de uma ideia como uma prévia do que a música poderia ser, então Elvis e eu nos reunimos, estudamos e decidimos o que fazer.
Com qual software você grava suas demos em seu home studio?
Wolf: Eu uso o Logic.
Elvis: Transferimos muitas coisas do Logic para o Pro Tools. A grande coisa sobre Wolf é que quando ele vem com riffs e partes de bateria em seu estúdio, ele está compondo essas partes. Não são apenas espaços reservados para outro baterista ou guitarrista fazer algo. Wolf escreveu as partes à medida que as gravamos.
As guitarras neste álbum são enormes, e uma coisa que ouvi sobre como você toca guitarra é o uso de incríveis camadas harmonizadas.
Wolf: Muitas camadas. Se houve uma escolha ativa que fizemos para guitarras, não foi para replicar o som do meu pai. Eu não queria soar como meu pai.
Elvis: No início, tínhamos um amplificador Sound City de 50 watts que usávamos muito.
Wolf: E alguns Marshall Super Leads, e de vez em quando usávamos um amplificador 5150, mas principalmente aqueles amplificadores Marshall eram o básico.
Os amplificadores foram microfonados?
Elvis: De um modo bastante normal, Shure SM57, Sennheiser MD 421, todos os pré-amplificadores Neve 1073. Eu coloco um Royer R-121 de vez em quando se quiser algo extra na parte de baixo. Coloco todos eles em faders e começo a combiná-los. Eu acerto a fase primeiro; isso é o mais importante para mim. E então o 57 tende a me dar mais agudos e médios fortes se eu precisar, e o 421 arredonda isso, e então eu vou para frente e para trás dependendo da parte. Em muitas das faixas, usamos a ES-335 1958 de seu pai, que soou incrivelmente bem.
Wolf: Lembro que estávamos tentando afiná-la e uma das tarraxas saiu na minha mão.
Elvis: Sim, eu dizia “Cara, esta guitarra vale muito.” Eu temia que cada vez que afinávamos poderíamos perder uns quarenta mil dólares. Mas soava incrível!
Wolf: Tenho uma certa obsessão por essa guitarra.
Isso é legal porque a maioria das pessoas não pensa na 335 como uma guitarra de rock pesado.
Wolf: Eu adorei quando o vídeo “Don’t Back Down” foi lançado, pois havia um punhado de pessoas em meus comentários no Instagram que diziam: “Você está usando as guitarras erradas.” E eu respondia: “Mas ouça primeiro!”
Elvis: Você falou sobre como soa quase harmonizado. Um dos meus truques favoritos que faço com frequência é, assim que tivermos o som principal da base definido, adicionar uma camada baseada em fuzz. Uma das minhas ferramentas favoritas é a Foxx Tone Machine, tocando apenas power chords e quintas. Gosto de mantê-lo em sua configuração de oitava porque cria um efeito único que reage de maneira diferente a cada guitarrista. Mesmo que você possa fazer uma parede de som com ele, soa como a parede da pessoa que está tocando, e se você apenas misturar isso um pouco abaixo do som principal, a soma é muito boa e adiciona uma ótima camada. E eu não me importo com o que as outras pessoas dizem, mas também ajuda quando você grava guitarras em fita – a forma como a máquina grava em dias diferentes e a saturação, tem um som diferente e adiciona profundidade.
Cerca de quantas guitarras foram gravadas em cada faixa?
Elvis: Eu abri ‘Distance’ outro dia e nessa música tínhamos duas trilhas acústicas, uma trilha de base limpa e depois a trilha principal. Eu diria que nessa música, tínhamos de sete a oito camadas de guitarra, mas nem todas soavam ao mesmo tempo. Eu não acho que seja mais do que quatro simultâneas normalmente, talvez seis partes quando o solo acaba. Isso não é tanto quanto algumas músicas que me mandam para mixar ou algumas das pessoas com quem trabalho. E estávamos limitados ao número de trilhas que podíamos gravar na fita, então sempre nos perguntamos: “Precisamos mesmo dessa parte?”
Do jeito que Wolfgang toca, ele preenche tudo facilmente com apenas algumas trilhas. Então, muitas das faixas que estamos usando ficam vazias até que tenhamos que adicionar outra parte.
Vamos falar sobre camadas de violão. Gosto de como eles adicionam textura extra mesmo em faixas pesadas, como um velho disco do Zeppelin. Você tem um violão favorito?
Wolf: Eu uso muito um Takamine que também uso para compor. Nós colocamos vários violões diferentes para testar, mas eles sempre acabavam soando muito brilhantes, e as cordas gastas do Takamine que eu estava usando para escrever durante toda a turnê do Van Halen acabaram soando incríveis.
Elvis: E você está certo. Nós colocamos camadas de violões nas músicas quase escondidas, mas fizemos isso de propósito, apenas para adicionar aquele ligeiro ataque, e uma espécie de… “O que é isso?”
Como microfonou o violão?
Elvis: Acho que para as coisas mais abertas, usamos o M 49, e usamos um Neumann KM 84 para as coisas que soavam menores.
Vamos falar sobre vozes. Você tem uma voz legal e versátil e realmente soa muito bem em camadas harmonizadas com você mesmo.
Wolf: Obrigado. Tive muita inquietação e ansiedade em relação a ser o vocalista. Foi um caminho inexplorado para mim. Elvis foi quem realmente me deu confiança para fazê-lo.
Elvis: Desde a primeira vez que o ouvi cantar harmonias no Tremonti e no Van Halen – e em suas demos – pensei, não há razão para você não cantar isso. Era tudo uma questão de conforto e não ficar nervoso, então ajudou o fato de fazermos muitos dos vocais no estúdio caseiro de Wolf.
Wolf: As primeiras cinco ou seis músicas tocamos nesta sala.
Qual foi o seu microfone para vocal?
Elvis: Usamos um Shure SM7 em um Neve 1073 e um LA-2A, e acho que tínhamos um Empirical Labs Distressor ou um UA 1176 que pegamos emprestado do 5150. Eu estava conversando com outro cantor ontem que adora o álbum, e ele só queria falar sobre as vozes. Ele perguntava “O que vocês usaram?” Eu dizia: nada louco. Tudo está na voz.
Por Paul Vnuk Jr
Sobre o Autor
Músico Pro
Originalmente publicado na revista Músico Pro – Traduzido e publicado por Musicosmos com autorização de ©Music Maker Publications, Inc. – Todos os direitos reservados. All rights reserved. Visit musicopro.com