(Fabrizio Dadò) Se há uma guitarra elétrica capaz de despertar irresistível atração à primeira vista ou aversão imediata quando se trata de tocabilidade, esta é a Gibson Firebird! Projetada em 1962 pelo brilhante designer automotivo Ray Dietrich, a guitarra tinha sido concebida para enfrentar o sucesso dos velhos e novos modelos Fender da época. Então ela tinha dois cutaway, sim, mas também parecia estar de cabeça para baixo e era assimétrica, com inspiração na Explorer – mas muito menos angular. O headstock invertido tinha seis tarraxas de estilo banjo alinhadas e eram equipadas com um, dois ou três captadores mini-humbucking de som brilhante. A construção era soberba: neck-through-body (braço inteiriço), com laminação contínua em nove camadas de mogno e nogueira que incluíam a mão, braço e parte central (elevada) do corpo. Além disso, duas “asas” de mogno foram adicionadas nas laterais, completando o corpo, fixadas com recortes especiais triangulares feitos ao longo do bloco central.
A Firebird não foi muito bem sucedida, nem mesmo na versão não invertida que veio a seguir, embora alguns guitarristas tenham criado imagens icônicas com ela, como Johnny Winter, Clarence “Gatemouth” Brown e Phil Manzanera.
Motivo da reação contrastante provocada pela Firebird? Se sua forma é agressiva, elegante e esguia como o de nenhuma outra guitarra elétrica, quando você toca você percebe que o braço está muito longe e, tocando sentado, você realmente não consegue encontrar uma posição aceitável. As coisas são melhores com a guitarra pendurada no ombro.
Bem, esta dupla realidade ainda é perfeitamente representada por esta Firebird em teste, graças à cortesia e competência da loja PlayMusicStore de Roma, que disponibilizou a guitarra para nós.
CLONE DE UMA ’63 ORIGINAL
A Epiphone Firebird-I Treasure da Epiphone nasceu da colaboração da fábrica com o talentoso Joe Bonamassa, com o objetivo de criar uma réplica de edição limitada da sua original de 1963. Temos que dizer imediatamente que em muitos aspectos a clonagem foi bem sucedida, mesmo mantendo o preço incrivelmente baixo graças à fabricação chinesa.
A Treasure está disponível em dois acabamentos, o clássico Tobacco Sunburst e o Polymist Gold da amostra em teste, uma espécie de pó dourado realmente bonito, muito semelhante ao Golden Mist, uma das cores custom especificadas por Dietrich.
VERDADEIRAMENTE NECK-THRU
A construção em nosso modelo de testes não é visível, mas é fiel ao original: neck-through-body (braço inteiriço), laminado em 9 camadas de mogno e nogueira, com asas em mogno corretamente inseridas no bloco central, corpo e mão invertidos, escala de 24 ¾ polegadas. As tarraxas são as excelentes reedições da Kluson Firebird / Banjo e garantem que as cordas continuem em linha reta, mesmo depois do capotraste, coisa útil para manter a afinação nos bends. A assinatura do endorser está na parte traseira da paleta (headstock).
Permanecendo no hardware, há uma ponte Wraparound com rastilho fixo, sem carrinhos móveis, mas o conjunto é ajustável na vertical e na horizontal, e é toda ela cromada.
Os 22 trastes são bem assentados na escala de rosewood, um pouco porosa mas de boa qualidade. O raio de curvatura da escala é de 14″, tendendo ao plano. O nut de plástico tem a medida de 43mm e é bem cortado, mas pessoalmente eu substituiria por um em osso. Para o tensor, foi escolhido um de ação dupla, ajustável no headstock.
Com tanta massa em jogo, é surpreendente notar um peso de apenas 3,29 kg – mesmo que, em nossa amostra, distribuído de forma desequilibrada em direção ao braço.
O captador é um Epiphone ProBucker FB720, réplica do mini-humbucker Firebird original; consiste em dois ímãs em AlNiCo II entre as bobinas (nos primeiros pickups era utilizado AlNiCo do tipo que estivesse disponível) e é controlado por um potenciômetro de Volume e um Tone.
ALGUMAS CRÍTICAS
Embora a marca declare que o braço segue especificações 1960’s Rounded C, a guitarra testada parece ser muito mais volumosa e lembra as medidas de Les Paul ’57 ou ’58, confortável só até a sétima casa, piorando à medida que se sobe na escala. Isso não significa absolutamente que um braço gordo não é muito tocável, pelo contrário… quem já experimentou uma Les Paul Standard ou Junior pré-1959 sabe que são braços gordos e arredondados, mas rápidos e fáceis de tocar graças ao competente trabalho manual de modelagem final.
Nesta Epiphone o braço está bem definido, mas parece que a modelagem não foi finalizada da melhor maneira (para os mais loucos do-it-yourselfers, deve ser dito que há material suficiente para terminá-la por si só, mas obviamente seria perdida a pintura). A modelagem na décima segunda casa piora sensivelmente e até a excelente sustentação experimentada até agora começa a diminuir e morre depois do traste 15. Como se não bastasse, uma regulagem deficiente torna a Treasure quase intocável na parte alta da escala, mas este é um defeito facilmente reversível com a intervenção de um luthier, necessário também para resolver outro problema: uma entonação deficiente em todas as cordas. Terminadas as críticas, vamos aos…
ELOGIOS
A Treasure Epiphone é construída com madeiras excelentes, leves e muito ressonantes; mesmo sem amplificá-la, você pode apreciar seu som aberto, graves consistentes, médio-altos penetrantes, sempre bastante suave dinamicamente.
Com amplificação, as qualidades acústicas também são enfatizadas pelo ótimo captador de série, servido por um controle Tone eficiente e progressivo.
Neste ProBucker FB720 medimos a resistência do enrolamento em 7,7 kOhm. O som é ao mesmo tempo quente e brilhante, de ataque rápido sem ser duro, muito sensível ao toque: uma bela combinação com o mogno.
Esta guitarra nos serviu bem nos arpejos limpos que experimentamos. Com distorção, surpreende a plenitude dos médios e uma certa profundidade nos graves. Entre sons de rugidos, sons leves e ácidos, é notável a gama de timbres disponíveis sob os dedos.
A despeito de ter um único captador, a Treasure se torna decididamente versátil usando-se os controles na guitarra e no amplificador, no nosso caso um Fender Super-Amp anos 90 com alto-falantes Eminence Blue Frame, excelente em crunches limpos e leves.
Ecoaram em nossos ouvidos muitos sons vintage, adequados sobretudo a sonoridades blues-rock de grande qualidade.
LINDA, MAS PODE MELHORAR
Em termos de acabamento, esta Epiphone Firebird-I Treasure Joe Bonamassa não abre mão de nada; a cor sugestiva, o formato espetacular e o grande escudo branco com o “pássaro de fogo” desenhado pelo próprio Dietrich estão lá.
A construção seria perfeita se eu não tivesse o que reclamar da modelagem do braço, problema parcialmente superável com uma regulagem cuidadosa após a compra. O captador padrão é um acerto.
Os timbres que esta Firebird pode expressar são emocionantes e suficientemente versáteis, na tradição de um instrumento concebido como “anti-Fender” que, no entanto, manteve as características do som e da sensação de uma Gibson. A guitarra vem com um case flexível.
Originalmente publicado na revista Axe Guitar Magazine nº 10 – Traduzido e reproduzido por Musicosmos© com autorização de Edizioni Palomino, Rome (Itália) – © Edizioni Palomino – Todos os direitos reservados.
[…] Dadò. Para uma breve visão geral técnico-histórica da Gibson Firebird, visite o teste da Epiphone Firebird-I Treasure Joe Bonamassa já publicado. Aqui nós vamos direto para outras duas Firebirds, desta vez da marca Gibson e […]