Nuno-Mindelis-no-festival-SUWALKI

Nuno Mindelis escreve a respeito de sua excursão à Polônia que lhe rendeu um grande show, prestes a virar um álbum ao vivo.

Em julho deste ano toquei no Suwalki Blues Festival, na simpática cidade que dá nome ao evento na Polônia, perto da fronteira com a Lituânia. Mais precisamente nos dias 6 e 7, no palco principal ao ar livre e nas “indoor series” no Clube Rozmarino, respectivamente.

Lá fui eu com a banda brasileira, Dhieego Andrade na bateria (não é nome artístico, o pai dele soletrou assim mesmo), Marcos Klis no baixo, e Allex Bessa nas teclas. Coincidentemente, tanto eu como o Marcos temos avós poloneses. Os meus por parte de mãe (que aliás, só nasceu em Lisboa, quase por acaso). Mindelis, que parece grego assim de repente, é na verdade polonês. E Klis, também um sobrenome no plural, idem. Mas lá me desviei eu do assunto, como sempre. Perdão, leitor.

Desta vez pensei, caramba, nunca gravei um disco ao vivo. E já toquei em festivais que teriam merecido essa deferência. Um dos que me arrependo é o Montreal International Jazz Festival, no qual já toquei umas 4 vezes. Um dia explico (caso eu mesmo saiba) por que não o fiz. Então decidi capturar o áudio do Suwalki Blues, especialmente por ser com a atual banda que, além de brasileira, é muito dedicada, profissional e grande companheira. Bora então arrumar fundos para a empreitada.

Como sabemos, não existem mais selos, pelo menos dos que se dediquem à música realmente executada nos instrumentos. (eufemismo para dizer música de qualidade, expressão que sempre evito pois soará como autoelogio e arrogante nestes tempos de trevas culturais). Como dizia, não existem mais selos, discos não vendem mais, logo quem investiria? Qual seria o retorno?  A palavra “discos” já soa estranhamente obsoleta também, a esta altura. Não existe mais círculo, não é só o LP que é para saudosistas (e descoladinhos pseudo intelectuais), o CD também está bem próximo disso. Então coloquei um projeto de Crowdfunding no ar por essa época. E confirmei a ida com o promotor de lá, que andava há quatro anos tentando me fazer visitar a terra dos ancestrais.

As apresentações foram realmente um sucesso, acima das expectativas do promotor e dos envolvidos, repercussão muito boa e voltei com os áudios na bagagem. Estou agora na fase da mixagem, depois passarei à masterização, que será feita por Kleine (Ultraje a Rigor, que literalmente exigiu fazê-la e a quem sou muito agradecido por isso) e finalmente à prensa, capa e etc.

palheta-do-nuno-mindelis-que-nao-usa-palhetaVoltando ao círculo que não existe mais: por que mandarei fabricar CDs? Um, porque o Crowdfunding, ao contrário do que muita gente diz e acha (imprensa incluída) não é uma “vaquinha”, existem prêmios aos fãs / colaboradores. (no meu caso até guitarras estão no rol). Ora, sendo um trabalho musical, um suporte físico devidamente autografado é quase uma exigência automática. Dois, porque apesar de eu ser totalmente favorável ao streaming (mesmo tendo tirado de mim a única coisa que podia vender na vida) as pessoas ainda pedem CDs autografados nos shows. Músicos distribuem palhetas também, como não uso, mandei fazer umas especiais com essa informação bem clara.

Prometo manter a todos atualizados em relação a este próximo círculo, o 9º da carreira, se tudo der certo. Em breve tirarei a campanha do ar. E, mesmo estando 50% longe da meta, agradeço todos os dias a todos os fãs que contribuíram, por acreditarem em mim e na minha música.

Grande abraço, pessoas antenadas. [su_highlight background=”#f70600″ color=”#ffffff”]Nuno Mindelis[/su_highlight]

Sobre o Autor

Nuno Mindelis
Nuno Mindelis
Guitarrista | Website | + posts

Nuno Mindelis  teve o primeiro reconhecimento internacional pela Guitar Player Magazine/EUA, a Bíblia mundial da Guitarra, que nos anos 90 o comparou ao lendário Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin. Pouco depois, foi eleito o melhor guitarrista independente de Blues ao vencer o 30th Anniversary Guitar Player Magazine Competition, concurso promovido pela mesma publicação. Gravou e fez turnês com a banda Double Trouble, (banda de Stevie Ray Vaughan) e participou de importantes festivais internacionais , anunciado ao lado de nomes como Prince, Diana Krall, George Benson, Oscar Peterson, Jimmy Vaughan, B.B King e muitos outros.

Foi incluído na lista dos 30 melhores guitarristas brasileiros de todos os tempos da Rolling Stone Brasil.