O violão clássico na música Pop

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Violão Clássico de cordas de nylon Salvador Cortez

Na música pop, o violão clássico é geralmente usado para emular sons exóticos, principalmente de música latina. Mas não faltam exemplos de música pop fazendo uso das seis cordas de náilon para adicionar uma conotação popular ou mediterrânea. Ou fragmentos de composições para violão clássico sendo usados ​​até mesmo como introdução a peças de música popular. Aqui estão três exemplos para familiarizá-lo com esses sons e aplicações musicais.

No imaginário coletivo, o tipo de instrumento de cordas que mais se destaca em nossos pensamentos quando falamos em música pop certamente é a guitarra elétrica. Em particular um belo timbre clean, talvez embelezado com efeitos ambientais suaves e elegantes, como reverb, chorus, delay e assim por diante. Por fim, um toque de violão ao fundo pode engordar a faixa de música, deixando tudo mais compacto, ou mesmo tocará um arpejo que será a espinha dorsal de alguma balada.

Mas e o violão clássico?

Às vezes, fragmentos de composições para violão clássico são usados ​​como introdução a peças de música popular. Em geral, porém, as cordas de náilon estão associadas àquela sensação de “doçura infinita” que as cordas de aço não são capazes de oferecer. Artistas do calibre de Pino Daniele, Sting, Angelo Branduardi, Mark Knopfler e muitos outros usaram instrumentos de cordas de náilon tanto no estúdio como ao vivo.

Uma peculiaridade do som do náilon no pop, pelo menos a partir da segunda metade dos anos 80, é certamente um timbre que não deriva da gravação do microfone, mas da captação piezoelétrica que oferece um som mais brilhante e quebradiço, com um sabor sintético, mas perfeito se estiver em um contexto de banda.

Queríamos criar três exemplos de canções pop que fizessem do violão clássico o elemento central de sua sonoridade, na tonalidade de Mi (maior ou menor) tocada com o uso dos dedos da mão direita. Gostaríamos de dizer que os primeiros dois exemplos são retirados de canções pop publicadas, cuja execução e transcrição relativa aqui propostas serão muito semelhantes à versão original, mas temperadas com algumas variações livres por parte do intérprete.

“Fragile”, no estilo de Sting

“Fragile”, tirada do popularíssimo álbum Nothing Like the Sun, de 1987, é uma das faixas mais queridas na discografia solo de Sting. A música, inspirada no samba, é sustentada por um uso inteligente do violão de cordas de nylon tocado pelo próprio cantor e compositor britânico. A parte desempenhada em nosso vídeo é um novo arranjo da parte original.

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Partitura de Fragile. Baixe o PDF AQUI.

Além de tocar as notas fundamentais dos acordes nas cordas graves de forma a manter o baixo, também modificamos o desenho rítmico na última batida do compasso: onde no original o bichord de sextas soa na segunda semicolcheia, aqui preferimos tocá-lo como colcheia. Além disso, os compassos 6 e 7 fornecem uma variação rítmica no segundo tempo, com as notas do bichords sempre tocadas simultaneamente e não quebradas.

A progressão de acordes no sistema tonal de Mi menor é i (Em7), iv (Am7) e V (B construído na escala menor harmônica).

“I Cigni di Coole”, no estilo de Angelo Branduardi

Angelo Branduardi fez dos instrumentos de náilon uma característica peculiar de seu som. “I Cigni di Coole” é a faixa de abertura do esplêndido álbum “Branduardi canta Yeats”, de 1986. O violão que transcrevemos é de Maurizio Fabrizio (que também é um compositor renomado).

A progressão padrão I IV V na tonalidade E é aqui tornada mais interessante pelo uso de notas em comum entre os vários acordes, que em cada momento assumem uma característica harmônica diferente.

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“I Cigni di Coole”, baixe o PDF AQUI

A nota D# tocada na segunda corda é, respectivamente, a sétima (sensível ou subtônica) de Mi (Emaj7), #11 de A (Aadd #11) e terceiro grau de B. Além disso, a primeira corda solta que é comum aos três acordes dá ao Si um som particular (Badd11).

Exemplo no estilo reggaeton

Por fim, tocamos uma progressão típica da música reggaeton, gênero de origem latino-americana. O padrão rítmico desse gênero é o tresillo, que é a sucessão de duas colcheias pontuadas e uma colcheia não pontuada. Dito isso, para tornar este padrão rítmico mais claro, é apropriado acentuar a subdivisão por meio da separação entre as notas graves e agudas dos acordes. A progressão harmônica em mi menor é i – bVI – bIII – bVII, portanto, Em – C – G – D.

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Essa sucessão de graus harmônicos é usada em sucessos muito populares como “Despacito”, ou na italianíssima “Rome-Bangkok”. A mão direita neste caso atua como se fosse uma palheta e, portanto, dá vida a um dedilhar ritmado temperado com um tipo de rasgueado.

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Filippo Bertipaglia

Nesta lição Filippo Bertipaglia toca violões Salvador Cortez CS-245.


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