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O Choque Geral havia acabado e eu estava sendo convidado a entrar no Prisma, grupo que tinha os meus amigos André Estrella, Nito Lima, Felipe Moreira Leite e Marcelo Serrado, o ainda iniciante ator, porém gaitista de mão cheia. Éramos todos amigos.

O Prisma já tinha um baixista, o Alexandre Moreira (hoje no Bossa Cuca Nova), que saiu pra aprender teclados e se reciclar. Nessa hora fui convidado a entrar na banda. Na mesma época, o irmão de André, João Estrella (que ficaria conhecido através do filme “Meu nome não é Johhny”) também ingressou na banda. Minha estreia foi no Sarau do Colégio Souza Leão.

Eu havia estudado no Santo André, São Patrício e Princesa Izabel, até entrar na PUC aos 17 anos, cursando Administração de empresas, para ver se seguia a carreira do meu pai, engenheiro civil diretor do estaleiro naval Emaq. Na faculdade eu já surfava, jogava Squash, tocava com 3 bandas e cursando na mesma turma, havia meus amigos André Estrella e Guilherme Fiuza! Amigos desde sempre, éramos uma turma. E foi onde entrou o Prisma na minha vida. Eu fui uma escolha natural da banda. Na estreia, portanto, havia muita gente conhecida no Sarau.

Era um colégio muito popular na época. Fizemos 2 músicas e meu baixo só tinha 3 cordas. Estava sem dinheiro pra comprar um jogo novo de cordas. Fiz um solo enorme. Na plateia, um cara que conheci ali e que viria a ser outro grande amigo meu: Sergio Serra (depois Ultraje a Rigor, Legião, Leo Jaime, Barão Vermelho, Cássia Eller). Na época, Serginho era um garoto que como eu, amava os Beatles, os Rolling Stones e todo rock e MPB possíveis. Um dos maiores guitarristas que temos no país. Então, ele se apresentou a mim e disse: “você é demais! Adorei o solo de baixo com 3 cordas!”. Ficamos amigos na hora!

O Prisma era muito popular no Rio de Janeiro. Éramos patrocinados por uma loja de roupa, Cores Vivas, e todo mundo da praia ou Zona Sul – carioca em geral – nos venerava. Resolvemos alugar o Teatro da Galeria – na rua Senador Vergueiro, no Flamengo – e fazer um super show lá! Eu e João fizemos o contato para o aluguel do Teatro, nos reunimos lá, fizemos os ingressos, cartazes, cenário, etc. Tocávamos muito em festas também. Então colocamos Santana e Dire Straits no repertório, além das autorais.

Enquanto isso, tocava uma música do Prisma na Rádio Fluminense: “Largado”. Depois entraria “Pedra da Gávea”. Fazíamos aparições em museus também, tudo que era ligado a arte, procuramos estar.

O Teatro da Galeria lotou! O Rio de Janeiro inteiro foi lá nos assistir. E foi um sucesso. Enquanto isso eu fazia aulas de harmonia e regência com Ugo Marotta e aulas de canto com Dona Giannina!

Nessa mesma época, Marcelo Serrado começou a intensificar as aulas de teatro e teve de deixar a banda. Nós continuamos sem ele, mas não era a mesma coisa. Ainda entrou o Alessandro, o Maurício nos teclados, e fomos esticando ao máximo o Prisma. Eu e João cantando. Até a hora em que a banda acabou. Éramos os reis do Rio e de Arraial D’Ajuda. E a banda acabou. E agora? Tivesse o baixo 3, ou 4 cordas, eu precisava de uma banda!


Sobre o Autor

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Rodrigo Santos
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Há 36 anos contando a história do pop rock nacional, o baixista e vocalista Rodrigo Santos foi durante 26 anos artista do Barão Vermelho (1991/2017) e também tocou com Lobão, Kid Abelha, Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Os Britos, Blitz e Moska.

Santos está em carreira solo há 11 anos, tendo lançado durante esse tempo solo 7 CDs (6 autorais), 2 DVDs e 1 livro – sua biografia, escrita em parceria com o jornalista Ricardo Puggiali. Na biografia, Santos – além de sua história musical – conta como largou álcool e drogas em 2005 e se tornou coordenador numa clínica entre 2006 e 2009, além de fazer palestras/shows em escolas e faculdades.

Hoje em dia, além de fazer 15 shows solo por mês do DVD "A Festa Rock" e estar lançado seu oitavo disco solo "Desacelerando ( canções simples de uma noite fria)" que já está nas rádios e plataformas digitais, Rodrigo montou outra banda, com o guitarrista inglês Andy Summers (The Police) e o baterista João Barone (Paralamas), chamada Call The Police. Estão rodando o mundo com a tour e Rodrigo canta e toca o baixo em todo o show, com repertório do The Police. Santos também está cantando junto de Leila Pinheiro e Roberto Menescal na tour "Faz Parte do Meu Show - Cazuza em Bossa Nova".  Rodrigo Santos se apresentou solo com muito sucesso nas 4 ultimas edições do Rock In Rio (2011/2013/2015/2017) . Além de ter tocado com Barão na edição de 2001 e com Lobão em 91.

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