Um estúdio no bolso da sua camisa: eis onde chegou-se com o alcance da tecnologia que revoluciona a indústria da música. A migração dos efeitos em aparelhos analógicos para o software é um caminho sem volta. Especialistas já afirmam que estamos na quarta revolução industrial.
Por mais que soe estranho imaginar alguma alteração na mudança de produção fonográfica (que hoje beira a perfeição), e que seja difícil pensar numa relação direta entre computadores quânticos, nanotecnologia e a produção musical, a música é sempre uma acompanhante direta das revoluções tecnológicas, e hoje é impossível imaginar o mercado sem a presença dos importantes instrumentos digitais. E como música também não deixa de acompanhar o mundo contemporâneo, a área de áudio entendeu rápido o conceito de portabilidade de maneira geral. Alguns exemplos são claros: Os plug-ins e DAW que lhe permitem produzir música com alta qualidade apenas com um laptop (ou até um tablet mais avançado), os algoritmos de compressão de áudio que lhe permitem andar com mais de 500 músicas no seu celular e ainda sobrar memória, a ideia de todos os efeitos em uma única ferramenta para os guitarristas (utilização da pedaleira em vez de montar o próprio set de pedais).
Nesse contexto surgiram os estúdios portáreis. Empresas como a Zoom e a Boss se arriscaram na área e obtiveram êxito em suas ambições.
A ideia do estúdio portátil é simples: Fazer o processo de gravação ao máximo dentro do mesmo. É só conectar seu instrumento ou microfone e começar a tocar. Com estrutura multipistas, esses aparelhos também possuem batidas de baterias prontas, oferecem a possibilidade de editá-las, metrônomo e muitos efeitos variados principalmente para guitarra.
Além disso, funcionam como interface de áudio e podem vir acompanhados de DAWs em suas versões mais básicas (o Boss BR-800 possui parceria com a Cakewalk e vem acompanhado de uma versão básica do SONAR). O preço do acessório não é acessível a qualquer um: Com a onda de desvalorização do real no mercado, os preços hoje situam-se numa faixa entre R$2000 e R$3000, às vezes até um pouco mais.
Não obstante, é uma opção bem viável para os que não são adeptos à pirataria. Bibliotecas de som e softwares para áudio são muito caros de maneira geral. Além disso, gera mais praticidade e são mais que meros estúdios portáteis: Boa parte vem com melodias prontas de jazz, blues, ritmos latinos… tudo isso para, caso você seja um guitarrista por exemplo, poder ensaiar, treinar escalas e improvisos.
Acrescentam-se a isso os microfones a condensador embutido, o que permite uma gravação em modo stereo, o que pode ser interessante para quem está começando com um trabalho que envolva vídeo ou requeira um áudio mais bem definido. É uma alternativa interessante para quem não tem alto poder aquisitivo para montar um computador de linha branca com as melhoras peças do mercado, mas possui um computador simples em casa, de core i3 e com memória mais humilde. Com o gravador, boa parte do processo de efeitos e mixagem pode acontecer dentro do próprio aparelho, restando ao pc o tratamento básico de dinâmica (compressores, limiters, gates) e equalização, além da masterização básica, etapas estas mais alcançáveis até com bons softwares gratuitos.
A música nunca deixa de acompanhar as revoluções tecnológicas e culturais. A portabilidade e praticidade chegaram definitivamente à vida do músico.
Sobre o Autor
Eduardo Nepomuceno
Eduardo Nepomuceno, carioca, é músico, produtor musical e escritor. Como músico, começou a aprender guitarra aos 13 anos. Estudou o instrumento na Escola de música Villa Lobos. Além de guitarrista, também aprendeu a tocar teclado e gaita, além de ter aprendido um pouco de baixo e violino. Também interessou-se por canto no fim da adolescência. Já estudara um pouco de técnica vocal na Villa Lobos, quando começou a apreciar coral. Depois estudou canto popular na Escola Elite Musical e depois seguiu sendo treinado pelo cantor Pedro Calheiros, filho de Rinaldo Calheiros, conhecido como "a voz que emociona". Nos treinos também dedicou-se ao canto lírico influenciado pelo gosto do professor por óperas italianas. Estudou produção musical na Escola de áudio Home Studio, do professor e músico Sérgio Izeckson. Passou a utilizar os conhecimentos adquiridos no curso para fazer gravações caseiras e trabalhar com produções de baixo custo para músicos independentes. Já gravou músicos do estilo gospel, vocais usados para dublagens, além de ter trabalhado com canto popular e ensino de teoria musical. Além disso, também licenciou músicas na pequena carreira. Atualmente está se dedicando à gravação do seu projeto solo "O valor do primeiro ensaio", que terá músicas sonoras feitas essencialmente ao piano e com auxílio de guitarras, violão, baixo, orquestras programadas e cordas, mas sem elementos rítmicos como bateria. Também está escrevendo seus dois primeiros livros: "Artes de amor e guerra" e "Ópera das dores do mundo". Na área da escrita, já escreveu redações e colunas para um ramo do PN Record, antigo projeto da emissora. Atualmente publica seus textos no próprio blog. Entre seus assuntos abordados estão políticas de financiamento cultural, análises críticas artísticas e didática de áudio.