Violão clássico. Heitor Villa-Lobos é um dos mais conhecidos e apreciados compositores de violão clássico. Provavelmente sua obra mais conhecida são os “12 Estudos“, considerados uma pedra angular do repertório deste instrumento e apreciados pela sua abordagem moderna do violão. Na escrita de Villa-Lobos, o violão se expressou com intensidade e dramaticidade sem precedentes. Elementos enriquecidos por inserções melódicas e harmônicas extraídas da música brasileira tão cara a ele.

Nesta lição nos inspiramos em duas peças icônicas de sua produção, peças que são referências essenciais no estudo do violão clássico. De cada uma extraímos duas pílulas didáticas que nos permitirão analisar dois detalhes técnicos executivos, fundamentais para a correta execução e interpretação da peça.

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O primeiro exemplo foi tirado do belo “Prelúdio 4”. Embora este trecho possa parecer simples à primeira vista, na verdade ela esconde algumas armadilhas.

Em primeiro lugar, os harmônicos devem ser tocados colocando o dedo da mão esquerda sem pressão em correspondência com o traste desejado. Assim que o som é produzido pelo pizzicato, o dedo esquerdo deve se afastar rapidamente da corda para permitir que ela vibre, produzindo assim um som nítido e sustentado.

Por fim, preste atenção ao harmônico na quarta casa da quinta corda (C#). O dedo 1 nesta casa específica deve ser posicionado ligeiramente antes do traste.

O segundo exemplo é retirado do “Estudo nº1”, que faz parte da obra que talvez seja a obra-prima do violão de Heitor Villa-Lobos, a famosa “Douze Études”. Em particular, o fragmento de dois compassos que queríamos destacar consiste em um arpejo que se articula de maneira diferente ao longo da escala.

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Inicialmente, o padrão rítmico da mão direita (idêntico em toda a duração da música) toca o acorde na primeira posição, mas depois passa para a sétima. Durante o segundo compasso, por outro lado, um arpejo Em7 é tocado usando a técnica legato. Nesse caso, cada nota do arpejo é precedida pela nota cromaticamente mais grave.

O dedilhado mais imediato para esta passagem é o uso dos dedos 1 e 2, mas também recomendamos experimentar o dedo 3 e 4 para o primeiro grupo de notas, de modo a fortalecer esses dedos “naturalmente” desfavorecidos.

Artigo de Filippo Bertipaglia. No vídeo foi usado um violão Salvador Cortez CC-20, um instrumento de estúdio com tampo de cedro maciço canadense e acabamento acetinado de poros abertos e braço em estilo espanhol.

Artigo originalmente publicado em Accordo.it. Traduzido e publicado por Musicosmos sob licença de Accordo. Leia o artigo original.

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