Houve fases em minha vida nas quais eu considerava a Fender Telecaster dos anos 60 equipada com Bigsby a guitarra elétrica ideal. Mesmo considerando que a desajeitada ponte Bigsby possa ser uma escolha estranha para a perfeição Zen contida nas linhas da Telecaster (pode parecer que alguém colou peças de motocicleta no tampo da guitarra), a utilidade de ter um dos melhores sistemas de vibrato de todos os tempos, combinado com um dos grandes shapes de corpo sólido da história, mais do que compensam os desafios ao meu senso estético.
De fato, a ponte Bigsby torna a Telecaster Vintera ’60s ainda mais viciante. E você começa a ouvir música em sua mente apenas olhando para ela – principalmente os duelos de riffs de Alessandro Alessandroni e Steve Cropper, pontuados por mergulhos de vibrato surf-music e chord-melodies de soul.
O acabamento sunburst e o escudo mint são uma combinação adorável – como uma deliciosa de sobremesa, como um crème brûlée com cobertura – e os tons envelhecidos de mel do braço e do headstock são um complemento perfeito.
Pelo menos na nossa guitarra de teste você pode ver por que alguns guitarristas lamentam a mudança de rosewood para pau-ferro nas escalas da série Vintera: nosso espécime tinha uma tez particularmente pálida. Dito isto, o pau-ferro da escala da Vintera ’60s Modified que tivemos à mão para comparação era muito mais escuro, e é difícil imaginar que alguns anos de palcos e suor da mão não vão conferir a este braço uma tonalidade mais escura e mais curtida.
O próprio braço parece autenticamente dos anos 60, com um pouco mais de massa e volume na curvatura do que os braços Modern-C. É uma excelente alternativa para quem acha muito fina e plana a combinação de um Modern-C e escala com 9,5″ de curvatura, ou muito gordo o perfil em U dos anos 50.
(E se você ficar cabreiro com um raio curto de curvatura da escala que pode abafar seus bends, basta lembrar que Jimi Hendrix, Jimmy Page, David Gilmour, e milhares de outros guitarristas conseguiam bends incríveis em uma escala de raio 7,25″)
O captador de braço irá agradar qualquer um que queira evitar a saída suave do captador da Vintera ’50s. O captador de Alnico 5 de 7,5 Kohm é na verdade mais quente que a unidade da ponte de 6,9 Kohm e parece robusto, direto e responsivo à dinâmica de palhetada. Mas também é suavizado por uma presença muito equilibrada em graves e médios, que produz os timbres de captador de braço de uma Stratocaster (esta guitarra clama pelo estilo Hendrix / Mayfield de baladas) e soa lindamente através de um amplificador combo da Fender com reverb de mola. Adicione um pouco de Bigsby à receita e os resultados farão seu coração bater mais forte.
O captador da ponte em Alnico 5 é menos profundo nos médios do que o captador da ponte dos modelos dos anos 50. É alegre e, não por acaso, faz uma combinação encantadora com um combo Blackface dos anos 60.
Mas a saída de ambos os captadores é quase certamente colorida pela ponte Bigsby e pelos carrinhos estilo Jazzmaster. A entonação aprimorada que você pode obter com esses carrinhos é uma vantagem real.
Mas a ponte é muito menos propícia à sustentação do que você esperaria de uma Telecaster e parece roubar dos captadores alguma massa nos graves.
Se esta receita de timbres vai se encaixar no seu estilo é uma questão de gosto. Como usuário regular de Jazzmaster, Jaguar e Rickenbacker, esse perfil geral de sons se adapta perfeitamente à minha visão de mundo.
Guitarristas mais centrados no rock pesado podem não gostar tanto. Uma coisa é certa: a Fender Vintera ’60s Telecaster Bigsby tem o twang que você espera. Se você está atrás do “thwack” grave de Don Rich, aqui tem um balde cheio.
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Charles Saufley é escritor, editor e músico de São Francisco. Ele é o editor de equipamentos da Premier Guitar desde 2010 e atuou anteriormente como editor da revista Acoustic Guitar.
Sobre o Autor
Premier Guitar
Artigo originalmente publicado em Premier Guitar, traduzido e publicado por Musicosmos sob licença de Premier Guitar. Todos os direitos reservados.