Peça essencial de estúdios, o instrumento dos vocalistas. Os microfones são classificados como transdutores no meio da eletrônica, pois são aparelhos que convertem energia mecânica (sonora, por meio do ar) em energia elétrica, um sinal que é transportado até uma mesa ou caixa. Muitas dúvidas surgem na hora de comprar um microfone. Por meio desse artigo, espero poder esclarecê-los em todos os pontos.
Microfones Dinâmicos x Microfones a condensador (capacitivos)
O microfone dinâmico possui uma membrana ligada a uma bobina. O som movimenta a membrana fazendo com que a bobina se mova. Um ímã interno ajuda a criar corrente induzida. O microfone a condensador utiliza condensadores, que são armazenadores de energia.
Faço aqui uma pequena observação. É comum deparar-se com a denominação “capacitor” e “condensador”. São fisicamente a mesma coisa, o termo varia com a área e, às vezes, a função no circuito.
Sempre se destina a armazenar energia, mas costuma-se falar em condensador quando a função do componente é absorver energia indesejada do circuito, enquanto capacitor é usado para quando o item eletrônico tem como objetivo armazenar energia e fornecê-la posteriormente à outra parte do circuito. São usados nos microfones capacitores de placas paralelas. O termo é familiar aos que cursaram disciplinas de eletricidade na área da física e engenharia. Variando a distância entre as duas superfícies condutoras, também altera-se a capacitância do microfone. O movimento dessa superfície tem como agente causador o som.
É comum também abordar as divisões internas de um microfone, apesar de ser um tópico menos relevante. No caso, isso refere-se ao tamanho da membrana. Membranas mais largas tendem a ter menor ruído e as mais estreitas melhor resposta off-axis (resposta aos sons fora da direção do microfone). A aplicação dos microfones dinâmicos é comum em baterias, gravações em estúdios sem tratamento acústico adequado, vozes em shows ao vivo. Os microfones a condensador são usados para gravar violinos, pianos, violões, vozes etc. A razão disso é abordada com mais ênfase a seguir.
Propriedades dos microfones
1. Diretividade
Omnidirecional
São microfones que captam som de todas as direções de maneira uniforme. Sua cápsula interna é selada.
A primeira imagem é de um microfone típico omnidirecional para computador, a segunda imagem é sua figura de captação, seu diagrama polar.
Bidirecional (Microfones de gradiente de pressão)
São microfones de cápsula aberta e que não captam sons perpendiculares, pois a membrana fica imóvel. Também são chamados de figure-of-eight.
Outros padrões de diretividade são meras combinações de omnidirecional e bidirecional. O padrão mais usado na música é o cardioide, que é 50% omnidirecional e 50% bidirecional.
Tabela de comparação de padrões:
Imagem e código gerado no software “Matlab”:
2. Efeito Proximidade
É o efeito de aumento dos graves com aproximação da fonte sonora em relação à cápsula do microfone. Acontece nos microfones direcionais (efeito inexistente nos omnidirecionais obviamente). Quanto maior a componente bidirecional, maior este efeito.
3. SPL Máximo
É o nível sonoro máximo. Caso o microfone ultrapasse este limite, o mesmo entrará em distorção.
4. Sensibilidade
Indica, a uma determinada pressão sonora, qual o valor elétrico de saída. Esse valor é diretamente proporcional à sensibilidade, isto é, quanto maior um, maior será o outro.
5. Ruído
Todo microfone possui ruído próprio, um valor em dB aplicável a uma sala silenciosa. Obviamente, quanto menor este valor, melhor para o seu microfone.
6. Gama Dinâmica
A diferença entre o som mais intenso (SPL máximo) e o mais fraco(ruído) que pode ser captado.
7. Phantom Power
Propriedade exclusiva dos microfones a condensador por necessitarem de energia elétrica. É a alimentação de 48 Volts. Muitas mesas de som possuem essa alimentação. No entanto, tenha cuidado: caso ligue um microfone dinâmico nesta alimentação, você provavelmente o danificará. A principal fonte usada para microfones a condensador é a Arcano, facilmente encontrada no Mercado Livre e lojas de eletrônico.
8. Resposta em frequência
Refere-se à captação (modo como acontece) das diversas frequências de um som, é a relação entre ganho e frequência, geralmente usando o primeiro como eixo das ordenadas e o segundo como eixo das coordenadas. É através dela que você analisa a região de brilho do microfone e verifica se é compatível com a maneira como deseja usá-lo.
9. Resposta em frequência/diretividade
Não é exatamente um parâmetro, mas uma comparação comum, pois a resposta em frequência de um microfone varia com sua diretividade. São responsáveis pelo comportamento dessas variáveis o tamanho da cápsula e respostas on e off-axis.
Análise comparativa: Condensador x Dinâmico
Microfones dinâmicos possuem SPL Máx melhor, pois os microfones a condensador são muito sensíveis. Na questão da sensibilidade, ganha este duelo o microfone a condensador. O microfone dinâmico perde por precisar de um maior ganho no pré-amplificador. A resposta em frequência do microfone a condensador é muito melhor também, geralmente muito mais ampla. Os microfones dinâmicos são essencialmente usados em apresentações ao vivo, e em gravações caseiras, mas os microfones a condensador funcionam muito melhor nas gravações em estúdio. Até em casos de gravações caseiras sem tratamento, é possível obter bom resultado em um ambiente silencioso e entendendo de ferramentas de limpeza de ruído em edição digital.
O mundo dos microfones não se resume a isso, mas é o estritamente necessário para analisar na hora de escolher em comprar o seu microfone de trabalho. Já existem microfones com interruptores de alteração de diretividade e filtros. Existem microfones com válvulas internas que funcionam como pré-AMPS, e assim como as válvulas funcionam na guitarra, dão um som mais confortável, “quente. Outros microfones como Shotguns e microfones de superfície não cabem no escopo deste texto, cujo foco é Home Studio. Espero que esse texto seja útil ao leitor.
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Sobre o Autor
Eduardo Nepomuceno
Eduardo Nepomuceno, carioca, é músico, produtor musical e escritor. Como músico, começou a aprender guitarra aos 13 anos. Estudou o instrumento na Escola de música Villa Lobos. Além de guitarrista, também aprendeu a tocar teclado e gaita, além de ter aprendido um pouco de baixo e violino. Também interessou-se por canto no fim da adolescência. Já estudara um pouco de técnica vocal na Villa Lobos, quando começou a apreciar coral. Depois estudou canto popular na Escola Elite Musical e depois seguiu sendo treinado pelo cantor Pedro Calheiros, filho de Rinaldo Calheiros, conhecido como "a voz que emociona". Nos treinos também dedicou-se ao canto lírico influenciado pelo gosto do professor por óperas italianas. Estudou produção musical na Escola de áudio Home Studio, do professor e músico Sérgio Izeckson. Passou a utilizar os conhecimentos adquiridos no curso para fazer gravações caseiras e trabalhar com produções de baixo custo para músicos independentes. Já gravou músicos do estilo gospel, vocais usados para dublagens, além de ter trabalhado com canto popular e ensino de teoria musical. Além disso, também licenciou músicas na pequena carreira. Atualmente está se dedicando à gravação do seu projeto solo "O valor do primeiro ensaio", que terá músicas sonoras feitas essencialmente ao piano e com auxílio de guitarras, violão, baixo, orquestras programadas e cordas, mas sem elementos rítmicos como bateria. Também está escrevendo seus dois primeiros livros: "Artes de amor e guerra" e "Ópera das dores do mundo". Na área da escrita, já escreveu redações e colunas para um ramo do PN Record, antigo projeto da emissora. Atualmente publica seus textos no próprio blog. Entre seus assuntos abordados estão políticas de financiamento cultural, análises críticas artísticas e didática de áudio.