A Fender, através da Stories Collection, presta homenagem a guitarristas icônicos e suas guitarras modificadas não menos icônicas. É o caso de Brent Mason, um velho conhecido da Cutaway, que tivemos o prazer de entrevistar em um de nossos primeiros números.
Naquela época também tivemos a oportunidade de analisar uma versão da guitarra que vamos ver aqui, era uma Valley Arts, uma marca muito forte no início dos anos 2000. Mas hoje veremos a réplica feita pela Fender da Telecaster 67 que Brent comprou em uma loja de Nashville no início dos anos 80 – ele passou a maior parte de sua extensa carreira como músico profissional naquela cidade.
Falar de Mason implica necessariamente falar de um ganhador do Grammy 14 vezes como guitarrista do ano pela ACM (Academy of Country Music), 2 vezes músico do ano pela ACM – entre tantos outros prêmios.
Tendo participado de mais de 1.000 gravações, Brent pode ser considerado um dos maiores guitarristas da história da música country e foi considerado um dos 10 melhores guitarristas de estúdio de todos os tempos pela revista Guitar World.
Bem, agora que fizemos a devida apresentação já podemos voltar às suas guitarras signature na Fender. Falamos “guitarras”, no plural, porque existem duas versões do mesmo modelo, uma muito limitada construída na Custom Shop -com relicagem incluída – pelo masterbuilder Kyle McMillin e uma bem mais acessível para o guitarrista médio que faz parte da Stories Collection.
Construção, headstock e braço
Esta Telecaster obviamente se destaca por incluir todas as modificações que Brent fez ao longo do tempo para adaptá-la às suas necessidades, fundamentalmente a inclusão do sistema B-Bender Joe Glaser e sua configuração eletrônica.
As tarraxas, por exemplo, são Sperzel com trava – o que dá estabilidade de afinação e permite mudanças rápidas de cordas, interessante para quem está quase sempre gravando.
O nut mede 41,3mm e é feito de osso, um material que – como sempre dizemos – é autolubrificante, reduzindo o atrito.
O braço é de maple com acabamento em uretano acetinado e com o perfil em “C” no estilo do fim dos anos 1960, idêntico ao da Telecaster de Brent e incrivelmente confortável. A escala de maple possui um raio de 7,25″ e abriga 21 trastes altos vintage com marcadores dots black pearloid. O comprimento da escala é 25,5″.
Corpo e Eletrônica
A maior parte das especificações características desta guitarra encontram-se no corpo. Antes de mais nada é preciso dizer que ele é feita de ash, tem acabamento em laca acetinada da cor Primer Grey, uma pintura que normalmente é utilizada como primer e com a qual a guitarra original tinha sido repintada logo antes de Brent Mason comprá-la. Dá para sentir que ela é um pouco pesada, a densidade do ash pode ser responsável por isso, assim como pelo sustain natural da guitarra.
A guitarra vem com um sistema B-Bender Joe Glaser. Para quem não conhece, é um mecanismo instalado dentro do corpo da guitarra que é acionado a partir do pino que prende a correia. O objetivo é que você possa elevar a nota B na segunda corda da guitarra para até um tom acima. Dito assim parece muito mecânico, mas quando usado por um guitarrista experiente, permite criar licks e aberturas de acordes que de outra forma seriam impossíveis. Mason o usa há mais de 20 anos e o sistema ainda é amplamente desconhecido para a maioria.
Embora esteja intimamente associado ao country, seu uso pode ser extrapolado para outros estilos – guitarristas como Jimmy Page, Keith Richards, Pete Townshend e James Hetfield usaram em gravações.
No neckpkate há uma rodinha que serve para ajustar a afinação do sistema.
A guitarra é equipada com um conjunto de captadores personalizados em uma configuração S/S/H. A guitarra original de Brent tem um humbucker Gibson Baby (é como Brent o chama) no braço e captadores Seymour Duncan Vintage no meio e na ponte. A Stories Collection conta com um Seymour Duncan Vintage Mini HB na posição do braço, um Seymour Duncan Hot Stack Strat STK-S2 no centro e um Seymour Duncan Vintage Stack Tele STK-T3B na posição da ponte.
Os controles, Knurled Dome Gold, são um seletor de 3 vias, um botão master de volume, um volume para o pickup central e um master de Tone push/pull (em push ativa o pickup central, em pull desativa) – de maneira que o captador central pode ser adicionado a qualquer uma das configurações de som a qualquer momento.
A ponte tem seis carrinhos de bloco Telecaster com o Glaser Bender System e sem as abas laterais que incomodam alguns ao descansar a mão. Para finalizar a descrição da guitarra, ela possui um escudo de 3 camadas Preto/Branco/Preto.
Sonoridade e conclusões
Nem é preciso dizer que esta guitarra é uma daquelas “all-in-one” por suas características, ou seja, destaca-se pela versatilidade já que satisfaz de alguma forma as necessidades sonoras que Brent possa ter tanto em estúdio como ao vivo. Você tem todo o horizonte sônico de uma Telecaster e muito mais, sem perder seu caráter tradicional em nenhum momento.
A guitarra é muito confortável de tocar, além de inspiradora. Você não terá vontade de largar – bendings, chicken pickin, tocar com o B-Bender… aqui há muita diversão ao explorar suas possibilidades sonoras.
Gravamos um vídeo (em espanhol) para a ocasião com o maior fã de Mason que conhecemos e que nos emprestou sua própria guitarra para este artigo, David Maho.
Se você está procurando uma Telecaster acima de tudo versátil, se você é um fã de country music, blues e musica americana de raiz em geral… na Fender Stories Collection está esta guitarra Brent Mason, se você conseguir encontrar uma, poderá ter encontrado sua guitarra definitiva.
José Manuel López, para Cutaway Guitar Magazine. Leia o artigo original.
Sobre o Autor
Cutaway Revista de Guitarras
Artigo original de Cutaway Revista de Guitarras. Traduzido por Musicosmos e publicado sob licença de ©Cutaway. Todos os direitos reservados.