A guitarra Gibson Super 400 tem suas origens na estratégia de marketing da Gibson em 1934 para aumentar suas vendas e a participação de mercado. As companheiras no catálogo daquele ano eram as guitarras L-5, L-10, L-12 e L-7, todas com tampo e fundo arqueados – e posicionadas no segmento de maior preço da marca, sendo a Super 400 o instrumento carved-top mais caro da época, algo curioso dado o cenário econômico pós crise de 1929.

Como o próprio nome indica, ela custava 400 dólares na época, colocando-se no topo do “pré-guerra” e foi usada pelos guitarristas das famosas orquestras. Um grande som em um grande instrumento que foi imediatamente utilizado nos estúdios de gravação.

Normalmente, os instrumentos variam suas especificações ao longo dos anos, então vamos dar um salto no tempo e nos situar em 1955, ano de fabricação da guitarra que vamos analisar.

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Super 400 CES

A Gibson Super 400 CES é oficialmente a primeira versão eletrificada da Super 400 a ser apresentada ao público, um instrumento de corte veneziano, semelhante em aparência à Super 400 C do pós-guerra – incorporando captadores e seus controles.

Ela foi fabricada sem alterações significativas entre 1951 e meados da década de 1960 – e foram feitas apenas 98 unidades, número que surpreende se compararmos com a produção atual de modelos similares.

Construção

O headstock da guitarra segue o estilo open book, com o logotipo da Gibson do pós-guerra, inclinado, com incrustação de madrepérola no fundo preto. Apresenta um filete de 5 camadas à sua volta e é adornada com uma incrustação “split-diamond” na frente (semelhante à da LP Custom) e outra na parte de trás. Nesta última pode-se ver uma rachadura no verniz nitrocelulose que foi usado no acabamento.

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As tarraxas são Kluson Sealfast douradas, embora inicialmente recebessem um botão de plástico. O acesso ao tensor também está localizado no local habitual, perto do nut.

O braço desta primeira versão da Gibson Super 400 CES é idêntico ao da Super 400C, feito de duas peças de curly maple com uma faixa central de mogno, o perfil é bem arredondado e gordo, seu tamanho surpreende como quase tudo esta guitarra, a antítese de um braço moderno, porém no contexto do instrumento você rapidamente aceita seu tamanho – não poderia ser diferente.

A escala é de ébano com raio de 12 polegadas e abriga 20 trastes de níquel prata estilo vintage. Os marcadores de posição são incrustações de madrepérola estilo split-block nos locais habituais. A base do tróculo é feita de plástico na cor marfim.

O comprimento da escala é 25,5 polegadas.

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Corpo e eletrônica

O corpo desta Super 400 CES tem 18 polegadas de largura e 24 3/4 polegadas de comprimento, igual à Super 400C do mesmo período, com a adição de captadores e controles. Ela apresenta um tampo arqueado de maple sólido e esculpido. Abaixo dele, recebe duas longas ripas internas de abeto, chamadas barras de timbre, espaçadas o suficiente para que não atrapalhem as cavidades dos captadores. Também há barras transversais menores de abeto ou mogno entre essas barras principais.

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controles

Essas barras de timbre, por sua vez, servem para moderar a vibração do tampo quando a guitarra é tocada eletrificada e em alto volume. As laterais e o fundo – também arqueado – são feitas de duas peças de maple flamejado, muito figuradas e combinadas. Tem um visual realmente espetacular.

A guitarra possui um corte veneziano para acesso confortável às áreas mais agudas da escala, furos em f de tamanho padrão na parte superior e um binding de três filetes no tampo.

Os captadores instalados formam um conjunto single-coil com ímãs de Alnico-V, têm capas pretas com espaços retangulares no topo para os pólos magnéticos.

O captador da ponte é maior e é elevado para ficar mais próximo das cordas. Os ímãs podem ser ajustados independentemente, embora a altura dos captadores não seja ajustável.

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Falando do som, eles criam um poderoso sustain e atuam com precisão em cada corda. O seletor de pickup está localizado próximo ao cutaway. A ponte é uma Tune-O-Matic em uma base de jacarandá, o tailpiece é o Super 400 padrão do pós-guerra, com padrões gravados mais simples e o controle Varitone.

O Varitone atua como o próprio nome sugere, variando o timbre da guitarra. É acionado inserindo uma chave Allen pelo orifício do tailpiece, que vai até uma peça cilíndrica de latão que fica em contato com a extremidade do tampo. Ao girá-la, é exercida uma pressão sobre ele, conseguindo alterar o som do instrumento de forma audível.

Quando o tailpiece é levantado, faz menos pressão – e aumenta as frequências de agudos. Ao contrário, ao pressionar o tampo, destaca os médios e graves. Baixa tecnologia e sutilmente eficaz.

Para finalizar a descrição da guitarra, podemos apenas comentar que ela inclui um escudo tartaruga e os clássicos potenciômetros de volume e tone da Gibson para cada captador. O jack de entrada fica na lateral. A guitarra possui acabamento em nitrocelulose e uma bela cor Golden Sunburst que destaca a beleza granulada da madeira.

detalhe-acabamento

Sons e conclusões

Estamos claramente diante de uma das melhores arch-tops de uma era gloriosa para este tipo de guitarra, competindo com o D’Angelico New Yorker ou Stromberg Master 400 para citar algumas das concorrentes mais relevantes. É um instrumento construído com as melhores madeiras, os melhores acabamentos possíveis e a técnica de construção mais eficiente. Consequentemente, é quase uma obra de arte.

A guitarra envelheceu bem e os efeitos da passagem do tempo dão-lhe um toque vintage que a torna ainda mais atraente. Sonoramente é muito bem definida. Não oferece versatilidade mas tem timbre estilo piano, profundidade sonora, definição, riqueza harmônica… é um ótimo instrumento para jazz e sonoridades afins – e um luxo que, infelizmente, não está disponível para todo mundo. Ou talvez esteja, na Aclam Guitars Club.

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Cutaway Revista de Guitarras
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Artigo original de Cutaway Revista de Guitarras. Traduzido por Musicosmos e publicado sob licença de ©Cutaway. Todos os direitos reservados.