Jamil Joanes dos Santos iniciou a carreira como baixista da Banda Black Rio, grupo carioca de estilo funk/soul-music formado em meados da década de 1970 com a junção de alguns integrantes dos conjuntos “Dom Salvador e Grupo Abolição” e “Impacto 8”.
O grupo mesclava o funk a elementos da música de gafieira, resultando dessa mistura um som mais balançado e dançante. Antes de gravar o primeiro disco, fazendo parte do Movimento Black Rio, a banda apresentava-se em vários clubes suburbanos. Nestes bailes, a banda contava com dois cantores: Sandra de Sá e Carlos Dafé (na época, desconhecidos). Desse movimento de black music, faziam parte Tony Tornado, Carlos Dafé, Sandra de Sá, Don Salvador, Tim Maia, Tony Bizarro, Lady Zú, Gérson King Combo, Cassiano e Os Diagonais. Nesta banda, ao lado de Barrosinho, Luiz Carlos Batera, Oberdan Magalhães, Cristóvão Bastos, Lúcio e Cláudio Steverson, atuou como baixista e compositor no 1º disco “Maria Fumaça”, no qual foi incluído de sua autoria “Junia” e “Mr. Funky Samba”.
Em 1979 Jamil foi convidado pelo famoso pianista norte-americano George Duke para participar de seu álbum “A Brazilian Love Affair” lançado pela gravadora Columbia.
No ano de 1980, participou do “Festival MPB Shell”, da Rede Globo, no qual defendeu a música “Beatlemania”. Em meados da década de 1980 formou um grupo de jazz-rock com Ricardo Silveira (guitarra), Zé Lourenço (teclados), Paul Lieberman (sax), Don Harris (trompete), Sérgio Souza (trombone) e André Tandetta (bateria), que se apresentava na boate carioca People. Jamil Joanes atuou em shows e estúdio com vários artistas, entre eles: Edu Lobo, Maria Bethânia e por muitos anos fez parte da banda de Gonzaguinha até a morte prematura do compositor em 1991, vítima de um acidente automobilístico. Ainda nos anos 90 gravou e realizou turnês ao lado de João Bosco.
Em 2001, Cláudio Jorge gravou de sua autoria “Panela na Pia” no disco “Coisa de chefe”, lançado pela Carioca Discos/ Rob Digital. No ano de 2002 foi muito requisitado como músico de estúdio, participando em inúmeras gravações com vários artistas da MPB. Outra composição de sua autoria que se tornou conhecida pelos fãs da Música instrumental Brasileira é o samba-funk “De Ombro” também gravada pelo saudoso baixista Arthur Maia.
Em 2003 foi lançada pela primeira vez em disco a gravação do show “Bicho baile show”, de Caetano Veloso. Gravado ao vivo no ano de 1978, quando a Banda Black Rio (primeira formação) que acompanhava Caetano Veloso, iniciou a turnê desse show no teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. O CD foi incluído em uma caixa intitulada “Todo Caetano”. Desde meados dos anos 2000, Jamil Joanes passou a acompanhar nossa diva da Bossa Nova e do Jazz, Leny Andrade. Passou a integrar também o grupo Baião de Cinco.
A transcrição que publicamos a seguir é “Na Baixa do Sapateiro”, uma versão samba-funk no arranjo da Black Rio para o clássico tema de Ary Barroso gravada no álbum “Maria Fumaça” de 1977. Na intro e parte A, o baixo funky de Jamil evolui sobre os acordes de E7sus4(9) e E7(9) com muitas variações e frases após a dobra rítmica com o bumbo da bateria nos primeiros tempos de cada compasso. A parte B iniciada com uma célula melódica repetida descendo por semitons, é um baião funkeado onde o baixo costura a harmonia com notas mais secas e percussivas. Até a próxima!
Sobre o Autor
Alex Rocha
Bacharel em Música pela Universidade Estácio de Sá, Alex Rocha é baixista, compositor, arranjador e produtor musical.
Fez parte da banda do cantor Emílio Santiago de 2003 até 2013 tendo gravado seus DVDs “O Melhor das Aquarelas” em 2005 e “Só Danço Samba Ao Vivo” de 2011, premiado com o Grammy Latino como o melhor álbum de samba em 2012. Seu primeiro CD solo ”Boas Novas” (Niterói Discos/2003) obteve excelentes resenhas da crítica especializada e foi co-produzido pelo baixista Arthur Maia.
Em 27 anos de carreira, Alex Rocha acompanhou artistas como Victor Biglione, Wagner Tiso, Celso Blues Boy, Bibi Ferreira, Itamara Koorax, Pery Ribeiro, Zé Renato, Leila Pinheiro, Fred Martins e Nico Rezende, e também grandes músicos da cena do jazz internacional, como Eddy Palermo, Phil DeGreg, Jeff Kunkel e Mark Lambert entre outros.
Na Rede Globo de Televisão participou do programa Gente Inocente entre 2000 e 2002, gravando inúmeras trilhas musicais veiculadas pela emissora.
Participou de festivais como: Festival Internacional de Blues do Circo Voador (1993); Nescafé in Blues (SP- 1994); Búzios Jazz & Blues 2000; Festival de Jazz & Blues de Fortaleza -2001; Tribulaciones Jazz Festival (Buenos Aires/2001); Ipatinga Jazz Live (2004 e 2008); Baltimore Waterfront Festival (E.U.A.- 2006); Curitiba Jazz & Blues Festival (2008); Festival de Jazz da Savassi, e Rio das Ostras Jazz & Blues em 2011.
Apresentou-se com seu grupo no 3º Niterói Musifesfest em setembro de 2006 recebendo como convidado especial Toninho Horta. Em 2009 gravou o CD “Aventura” do tecladista José Roberto Bertrami, lançado pela gravadora inglesa Farout Recordings, indicado ao Grammy Latino. No ano 2011 lançou o CD ”Cachet!” pelo selo Niterói Discos, em parceria com o guitarrista Marcelo Frisieiro. Em 2012 participou da gravação do programa “Som Brasil - Clube da Esquina” da Rede Globo de Televisão acompanhando Milton Nascimento, Lô Borges e Wagner Tiso. No mesmo ano passou a colaborar como colunista da revista Bass Player Brasil. No ano de 2014 participou do festival MIDEM em Cannes, França acompanhando o Andrea Dutra Quarteto e o Cláudio Dauelsberg Trio.
Desde novembro de 2015 acompanha o cantor Daniel Boaventura em shows pelo Brasil. Também faz parte do Osmar Milito Trio e do quinteto liderado pelo pianista e cantor Nico Rezende no show em Tributo a Chet Baker trabalho esse que teve um DVD lançado em fevereiro de 2017 pelo selo Fina Flor.
Olá obrigado pela matéria com o Jamil Joanes. Sou Wellington Lima, produtor musical. Meu disco de Ouro tem o contra-baixo dele. Você tem o contato do Jamil? Me passa por favor!