A Guitarra Gretsch White Falcon é uma das mais icônicas guitarras da história, representante de uma época de muita classe e experimentalismo. Graças à Fender, que é dona da marca atualmente, a White Falcon continua entre nós, como toda a sua extravagância elegante. Daremos nossas impressões sobre o modelo G7593.
“Gretsch White Falcon, a guitarra mais bonita de todos os tempos”, era o que dizia sua propaganda em 1962 – e isso deve estar próximo da verdade, tendo em vista como ela tem seduzido milhares de músicos através dos tempos, de Neil Young a John Frusciante, para citar apenas dois de estilos muito diferentes.
Mas vamos contar um pouco de história.
No início de 1954, Jimmie Webster, músico e gerente de marketing da Gretsch na época, se debruça sobre ideia de projetar um modelo que pudesse competir com a Gibson Super 400, o carro-chefe da empresa de Kalamazoo naqueles anos.
A ideia de adornar o instrumento de maneira marcante com “adereços” previamente utilizados na linha de produção de baterias, combinada com um corpo imenso, culminou naquela que foi chamada de “O Cadillac das guitarras”: a Gretsch White Falcon.
Ela foi apresentada ao público na feira NAMM daquele mesmo verão, sendo descrita como a guitarra do futuro. Desde a sua apresentação, o modelo sofreu diversas modificações, as mais significativas foram no modelo 6136.
Em 1957, os captadores De Armond que inicialmente equipavam a guitarra deram lugar aos Filter-tron.
Em 1958, o topo de maple, as marcações na lateral da escala, o logotipo no headstock, a ponte roller e o seletor Tone foram modificados em relação às especificações originais, bem como a guitarra ganha a opção de saída estéreo.
Em 59, a segunda versão de saída estéreo é oferecida com 3 opções de seleção de timbre em um switch.
Nos anos 60 são adicionados controles traseiros para emudecer a saída.
Em 1962 foi acrescentado o tailpiece Bigsby, alguns modelos tem o “G” tubular no trapézio do tailpiece e o modelo estéreo não tinha controle master de volume.
O seletor de captadores ficava em seu lugar, mas em 1963 os controles de mute mudam para os switches no tampo.
Em 1964 o logotipo “G” no vibrato e tarraxas de botão oval substituíram os antigos.
Em 1966, é adicionada a tunning fork bridge.
Em 72, um vibrato da Bigsby substitui o Gretsch.
Entre 72 e 81, o modelo é renomeado para 7594 em vez de 6136.
Em 1980 os modelos estéreo deixam de ser fabricados.
Vários modelos da Gretsch White Falcon são comercializados até hoje, eles têm algumas variações em termos de especificações, dependendo da ponte ou do tipo de acabamento que possuem, mas já podemos terminar este resumo.
Em 81, a produção cessa e é retomada nos anos 90 com a produção japonesa. O modelo que vamos analisar é a Gretsch White Falcon G7593. A primeira impressão que a guitarra causa é que você tem algo sério em suas mãos, devido ao seu tamanho e robustez, uma guitarra equilibrada e confortável, sempre levando em consideração as dimensões generosas do instrumento.
Braço e headstock
O headstock simétrico tem dimensões generosas – como quase tudo nessa guitarra, com três tarraxas de cada lado. Elas são Grover Imperial e mantém perfeitamente a afinação.
Nele, você pode ver o logotipo da marca, na parte traseira está número de série e sua origem no Japão – e há um filete dourado brilhante adornando as laterais. Na frente, e sempre na mesma cor gold sparkle, está a capa que cobre o acesso ao tensor do instrumento.
O headstock, como o restante do instrumento, tem uma cor branca imaculada que contrasta com o dourado dos bindings, dando a elegância estilo anos 50.
O braço tem um perfil confortável em forma de “D” é feito em 3 pedaços de maple e, no topo, foi instalada uma escala de ébano com 22 trastes medindo 25,5” de comprimento. Os marcadores de posição estão nos locais habituais com seu formato de bloco de madrepérola.
Pequenos pontos nas laterais também indicam a posição, um filete gold sparkle bastante largo enfeita o braço nas laterais.
Corpo e eletrônica
O corpo é um hollow single cutaway, feito de maple laminado, com uma largura de 17″ e profundidade de 2’75”. O tampo é abaulado e possui os orifícios típicos em “f” que arejam a câmara de ressonância – que não possui um bloco central, portanto é melhor ficar longe da fonte de frequências graves.
O fundo também é abaulado, também de maple, assim como as laterais – que também tem filetes dourados acima e abaixo, sendo que no tampo também são vistos filetes finos formando duas linhas pretas.
A união do braço com o corpo é colada, logicamente, e o cutaway nos permite alcançar os trastes mais altos, sempre levando em consideração o conceito da guitarra com o qual estamos lidando, e ela não é uma superstrat.
A ponte é Adjust-O-Matic com base de ébano e o cordal é o “Gretsch by Bigsby” vibrato, bastante confortável de usar e que facilita os detalhes na execução, não desafina fácil.
Em relação à eletrônica, a guitarra Gretsch White Falcon apresenta dois captadores High Sensitive Filter Tron e uma configuração de controles vista em detalhes na foto a seguir, mas do que uma descrição.
O jack fica na lateral. O escudo dourado um falcão impresso finaliza a descrição desta guitarra.
Sonoridade e conclusões
De um modo geral, esta guitarra tem um som grande e profundo, muito bem definido.
Apesar de parecer um instrumento muito focado no country ou no rock clássico, ele se defende muito bem em sonoridades graves para acompanhar estilos suaves, como jazz ou bossa-nova. Então é verdade que tem um “stacatto” especial para o country.
É possível solar facilmente no estilo “Setzer” e alcançar territórios roqueiros sem dificuldade, mas a partir daí não se vai muito mais longe na distorção, pois o corpo oco levaria ao feedback.
Em resumo, um instrumento muito nobre, com design e visual muito especiais.
É verdade que seu tamanho característico atrapalha um pouco quando você começa a tocar, mas você se adapta a ela rapidamente, podendo ser levado a lugares diferentes de modo altamente inspirador, como dizia seu slogan original: “O Cadillac das guitarras.”
José Manuel López
Sobre o Autor
Cutaway Revista de Guitarras
Artigo original de Cutaway Revista de Guitarras. Traduzido por Musicosmos e publicado sob licença de ©Cutaway. Todos os direitos reservados.