Entrevista de Lari Basilio na Cutaway Guitar Magazine

Lari Basilio é uma guitarrista brasileira, que ganhou destaque por ter participado do G4 Experience 2019 de Joe Satriani, por ganhar o prêmio de melhor álbum instrumental no Samsung E-Festival 2014 e também por ser a única mulher a participar do álbum “JTC, Guitar Hero Ballads 2”. Ela lançou recentemente seu mais novo trabalho, Far More, apresentando músicos lendários como Vinnie Colaiuta, Nathan East e Greg Phillinganes. Gentilmente respondendo nossas perguntas, com vocês: Lari Basilio.

Olá! Muito obrigado por me convidar para a Cutaway Guitar Magazine! É um prazer!

Olá Lari, o prazer é nosso, obrigado pelo seu tempo. Vamos lá… Como a guitarra entrou na sua vida?

A guitarra entrou na minha vida através do meu pai! Ele sempre ficava pela casa tocando seu violão e cantando – e eu sempre ficava perto dele prestando atenção no que ele fazia e muito interessada no instrumento.

Ele percebeu isso e me ensinou meus primeiros acordes quando eu tinha cerca de 8 anos. A partir daquele momento me apaixonei pelo violão e comecei a mergulhar cada vez mais nele.

Que lembranças você tem daqueles primeiros anos de aprendizado?

Lembro-me de me divertir muito! Eu só queria tocar o dia todo e aprender mais e mais coisas. No início, tentei aprender a tocar minhas músicas favoritas de ouvido, usando alguns dos acordes que meu pai me ensinou. Foi realmente um grande momento e um ótimo treinamento auditivo com certeza!

Mais tarde, comecei a ter aulas com alguns professores particulares da minha cidade natal (São Paulo) que foi quando pude sentir realmente uma evolução considerável. Além disso, o fato de que eu cresci frequentando e tocando na igreja definitivamente me ajudou a crescer musicalmente, trocando experiências com outros músicos e tocando diferentes estilos de música.

Diga-nos três álbuns que foram importantes para você por algum motivo…

John Mayer é um dos meus artistas favoritos. Acho que ele é um artista completo. O álbum “Battle Studies” em particular é notável para mim e realmente nos conta muitas histórias por meio das letras e solos de guitarra.

Outro disco que adoro é o álbum homônimo do “Avenged Sevenfold”. Melodias potentes, riffs fortes e grandes solos.

O álbum “Songs about Jane” do Maroon 5 foi outro álbum significativo para mim enquanto ainda crescia.

Como você se define como guitarrista?

Procuro ser uma musicista versátil e melódica, trabalho todos os dias com esses objetivos, buscando aprimorar os aspectos técnicos, aprimorar minhas composições, produções, etc. A vida na música é de mudanças e crescimento constantes e acho que é assim que deve ser. Na verdade, essa liberdade é o que nos permite evoluir dentro de nossa própria arte.

Musicalmente falando… Quais são suas referências?

Musicalmente, estou sempre procurando uma boa melodia, um riff cativante. Algo que possa fazer uma pessoa cantar.

Às vezes, as melodias mais fáceis e simples são aquelas que ficam gravadas em nossa mente por dias, e eu adoro isso. Esses três álbuns, significativos para mim, são bons exemplos das minhas referências musicais.

Você foi convidada por Joe Satriani para o G4 Experience 2019. Como foi essa experiência?

O Joe Satriani G4 Experience foi um evento incrível! Ficamos imersos no mundo da guitarra por vários dias, compartilhando e aprendendo muito sobre ela, sobre a carreira musical, as improvisações e nos divertindo muito!

Tive o prazer de estar lá como artista e instrutora ao lado de guitarristas incríveis como Kiko Loureiro, Bumblefoot, Carlos Alomar e muitos mais! E Joe Satriani, como sempre, estava on fire! Que momento incrível para ver de perto um dos melhores guitarristas do mundo! Foi uma verdadeira honra fazer parte deste evento!

Você também se dedica ao ensino, o que costuma lecionar nas suas masterclasses?

Tenho um material didático disponível no site www.jtcguitar.com (Lari Basilio Artist Box Set Vol.1). Lá, tenho aulas sobre temas específicos, por exemplo, fingerpicking ou como criar riffs e melodias, entre outros.

Minhas aulas são sempre baseadas na minha abordagem e visão de um determinado tópico ou técnica. Essas aulas são uma ótima maneira de compartilhar um pouco do que gosto de fazer na guitarra e me sinto grata por poder fazer isso.

Se tivesse que escolher entre um bom timbre ou uma boa melodia, o que você escolheria?

Escolha difícil, mas fico com uma boa melodia.

Você tem sua própria guitarra Ibanez Signature. O que você pode nos dizer sobre ela?

Sim! A Ibanez LB1 ganhou vida e eu não poderia estar mais feliz com este incrível instrumento.

Meu objetivo com esta guitarra era ter tudo que eu amo e preciso em um instrumento, e a incrível equipe da Ibanez construiu para mim a guitarra mais confortável que eu já toquei.

Meu modelo exclusivo é baseado na AZS, mas tem alguns toques muito pessoais, como braço e escala em toasted bird’s eye maple, escala de raio composto (9″-12″), configuração de captação HSS (meu set Seymour Duncan Signature), Hardware e ponte Gold Gotoh, além do acabamento Violeta.

Eu me senti em casa desde o primeiro acorde que toquei. A LB1 não só me dá todo o conforto que sempre procurei, mas também toda a versatilidade de timbres que preciso. Estou muito orgulhosa dela e feliz por ter colaborado com uma marca tão lendária como a Ibanez!

Que amplificador você está usando ao vivo?

Seja ao vivo ou no estúdio, eu tenho usado diferentes amplificadores da Laney Amplification há bastante tempo. Alguns dos meus favoritos e os que mais tenho usado são o Lionheart L20H, o CUB-Supertop e o Ironheart (IRT-SLS e IRT120H). Eu uso cada um deles para timbres e sons diferentes, mas devo dizer que estou muito bem servida com eles em qualquer situação!

Se eu der uma olhada no seu pedalboard, o que vou encontrar?

Estou sempre mudando os pedais da minha pedaleira, mas acho que todos nós temos alguns favoritos, certo? Na minha pedaleira, no momento tenho um Morning Glory da JHS, um Diamond Head da Seymour Duncan, Spiral Array e Secret Path da Laney Black Country Customs e o Delay Analog Tap Tempo da NIG Music.

Dentre todas as suas áreas de trabalho como guitarrista, arranjadora, compositora… Em qual delas você se sente mais confortável?

Eu amo tudo que faço, mas compor e arranjar músicas – e tocar ao vivo – são algumas das melhores coisas que faço.

Eu amo o processo de composição de uma nova peça instrumental. Nunca sei aonde isso vai me levar, mas é aí que está a beleza.

Tocar ao vivo é uma bênção. Não há nada como aquela adrenalina logo antes de você entrar no palco para o show começar. Música ao vivo é vida e precisamos muito dela!

“Far More” é o seu álbum mais recente. O que você pode nos contar sobre ele? Está satisfeita?

Definitivamente! Acredito que cada álbum tem seu lugar no tempo e sempre será a melhor representação daquela fase específica que vivi em minha vida.

“Far More” é um álbum extraordinário do meu ponto de vista e estou muito honrada por ter tido a oportunidade de trabalhar com Vinnie Colaiuta, Nathan East, Greg Phillinganes, Siedah Garrett e Joe Satriani. Esses músicos incríveis e grandes seres humanos são uma grande inspiração para mim e eu os respeito muito!

Além disso, acho que este deve ser o meu álbum mais maduro, em termos de composição, timbre e performance. Estou feliz e isso me dá muita inspiração para continuar crescendo, aprendendo – e já estou pronta para um novo álbum!

Por fim, como é para você um dia em que não está trabalhando? O que você gosta de fazer?

Gosto de passar o tempo com minha família e amigos, sair para a natureza e assistir o pôr do sol. Isso é o suficiente para recarregar as baterias!

José Manuel López

Fotos: Eduardo Orelha