Se eu colocar alguns captadores Gibson na minha Epiphone, ela soará como se fosse uma Gibson? Quantas vezes ouvimos essa pergunta de um novato! A ilusão é que um violão menos nobre, com uma ligeira mudança, se tornará um instrumento de classe superior – como um Gibson. No entanto, esse nem sempre foi o caso, a Epiphone foi por muitos anos um concorrente séria da Gibson e eles travaram batalhas duras para obter liderança no mercado de guitarras, especialmente nas décadas dos anos 30 e 40, posteriormente houve todos os tipos de vicissitudes.
Fazendo história
Em 1893 nasceu Epimanondas (Epi) Stathopoulos, cujo pai Anastasios possuía uma grande fábrica de violinos, bandolins e alaúdes. A família mudou-se para Nova York anos depois e, em 1915, Epi tornou-se diretor da empresa e eles começaram a vender instrumentos sob o nome comercial da House of Stathopoulo. Essa foi a Era do banjo tenor e Epi obteve sua primeira patente para a construção deste instrumento.
Em 1923, Epi combina seu nome com “phone”, uma palavra grega que significa “som” e começa a usar Epiphone como nome comercial para os banjos. No ano seguinte a marca Epiphone foi registrada.
Em 1931, a Epiphone apresenta uma linha completa de violões com furos “f” cujos principais modelos Deluxe, Broadway e Triumph seriam reconhecidos como Epiphone pelos próximos 40 anos, sendo agora altamente valorizados.
A história continua até os dias de hoje, mas vamos parar por aqui, porque foi no ano de 1945 que o violão em questão foi construído, o Epiphone Spartan. Mas antes devemos dizer que Epi também é responsável não apenas por se dedicar à construção de violões e guitarras – distantes do banjo e do bandolim dominantes na época – mas também por algumas patentes como o truss-rod, o primeiro captador de pólos individuais e o Tonexpressor, equipamento a partir do qual o wah-wah foi posteriormente desenvolvido.
Apesar disso tudo, sua maior contribuição provavelmente foi em parceria com Les Paul, em uma época na qual ambos estavam fazendo experimentos na fábrica da Epiphone e criaram o “log” – o bloco sólido no interior das guitarras acústicas para evitar acoplamentos e que levaria às primeiras guitarras elétricas de corpo sólido.
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Braço e headstock
O design do headstock é o Epiphone habitual da época, semelhante ao da Gibson, angulado, revestido em walnut e adornado com filete branco. Nele você pode ver o logotipo da marca em madrepérola e uma coluna grega também em madrepérola como um ornamento bem no centro.
Na parte de trás, há as tarraxas, que aqui não são originais, localizadas três de cada lado sobre uma placa de níquel típica da época. Um nut de osso guia as cordas.
O braço é feito de um pedaço de mogno, em “C”, espesso sem exagero e nele existe uma escala de jacarandá brasileiro, os marcadores de posição são blocos incrustados de madrepérola, especificação que foi incorporada em 1937 – substituindo os “pontos” que eram usados anteriormente – e são localizados nos locais habituais. Também existem pontos pretos na lateral do braço para ajudar durante a execução.
Instalados no braço há 22 trastes médios em perfeitas condições. O braço é colado ao corpo e é nesta união que está localizado o acesso ao ajuste do tensor.
Construção e corpo
O violão tem o topo arqueado em madeira sólida, feito em abeto e esculpido em vez de laminado – na época isso era feito à mão. O acabamento é um tobacco sunburst em nitrocelulose, em muito boas condições para ser um violão de 65 anos, o que dá uma aparência muito atraente do nosso ponto de vista.
Tanto o tampo quanto o fundo são circundados por um filete branco. As laterais e o fundo são de walnut (nogueira), o acabamento é escuro, como é a cor natural da nogueira, e deixa visível os veios dessa madeira.
O fundo também é arqueado. No tampo estão os típicos furos “f” através dos quais o som do violão é projetado; há também um escudo estilo tortoise.
A ponte deste instrumento é feita de jacarandá e pode ser ajustada em altura. Por fim, o cordal é trapezoidal de níquel e é preso à lateral. O violão não possui componentes eletrônicos.
Sons e conclusões
Os violões dessa época geralmente tinham um papel de acompanhamento em grupos, como base rítmica em bigbands, função para a qual era exigida uma boa projeção sonora – na ausência de amplificação efetiva – para não ficarem escondidos sob os demais instrumentos e pudessem ocupar seu lugar no plano musical do conjunto.
Esse violão Epiphone Spartan não poderia estar aquém e a primeira coisa que se nota ao tocar é a grande projeção de som que ele tem, sem dúvida devido ao tipo de construção e brilho que a nogueira lhe dá, que é alto – sem chegar a ser como maple.
O violão soa redondo, ágil e com um volume pelo menos igual a outros violões com caixa de ressonância de tamanho maior. Por outro lado, é confortável, pelo menos para aqueles que estão acostumados a guitarras semi-acústicas.
A sensação geral que produz é muito agradável. É um prazer ter um instrumento com essas características e dessa idade em mãos, algo realmente especial.
FICHA TÉCNICA | VIOLÃO EPIPHONE SPARTAN 1945 |
---|---|
Fabricante | Epiphone |
Modelo | Spartan |
Corpo | Tampo em abeto, laterais e fundo em nogueira |
Braço | Mogno |
Pestana | Osso |
Trastes | 22 médios |
Ponte | Compensada e regulável de jacarandá |
Ferragens | Cromadas |
Escudo | Tortoise |
Tarraxas | Tipo Kluson vintage sobre placa de níquel |
Acabamento | Tobacco sunburst |
José Manuel López
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Sobre o Autor
Cutaway Revista de Guitarras
Artigo original de Cutaway Revista de Guitarras. Traduzido por Musicosmos e publicado sob licença de ©Cutaway. Todos os direitos reservados.
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