A maioria de nós provavelmente pensa em guitarras híbridas (elétricas/ acústicas) como um conceito de design relativamente moderno. Mas esse conceito existe desde que a guitarra elétrica nasceu – mesmo que tenha passado por uma adolescência prolongada e desajeitada.
As explorações de híbridos eletroacústicos do início e meados do século passado produziram curiosidades tão variadas e estranhas quanto o Martin 00-18E, Gibson J-160 e Danelectro Convertible, que pareciam questionar a razão de ser da guitarra híbrida: deveria ser um violão que pode ser eletrificado, ou uma guitarra elétrica que pode soar como um violão?
À medida que os sistemas de som se tornaram mais poderosos – criando dores de cabeça na forma de feedback para músicos acústicos e técnicos de som em todo o mundo – os instrumentos híbridos encontraram uma razão muito real e prática para existir.
Na década de 1980, surgiu também um ethos de design mais consistente: instrumentos de corpo esbelto que combinavam dimensões confortáveis de guitarra elétrica e sua tocabilidade com captadores piezo que produziam um timbre relativamente acústico.
Como ferramentas de performance ao vivo, eles serviram a um propósito. Mas, na maioria das vezes, a mistura de timbres piezo e corpos finos e pouco ressonantes deixou muito a desejar.
A nova guitarra Fender Acoustasonic Stratocaster, que segue os passos da Telecaster Acoustasonic do ano passado, é – em alguns aspectos superficiais – uma evolução desses híbridos de corpo esbelto.
Mas também dá muitos saltos à frente em termos de estilo, som, design e potencial de desempenho. Graças a um excelente sistema de modelagem acústica projetado pela Fishman, a Acoustasonic gera vozes digitalizadas com timbres de violões clássicos que são surpreendentemente autênticos em muitas configurações.
Mas o instrumento também soa como e passa a sensação de uma guitarra Fender de corpo sólido bem construída – e muito leve. Uma época de projetos ecléticos de gravações caseiras torna uma guitarra faz-tudo uma proposta atraente. E esta Fender Stratocaster Acoustasonic super tocável, de alta qualidade e infinitamente divertida é uma solução muito interessante.
Design para objetivos diversos
Embora você possa adivinhar a intenção da Acoustasonic só de olhar (a boca de violão é uma dica nada sutil), as linhas familiares ocultam muitos elementos de design intrincados.
Embora o perfil sugira um design de guitarra de corpo sólido, a Acoustasonic é montada como um violão comum. O corpo de mogno é usinado de maneira não muito diferente de uma Rickenbacker. O tampo em abeto Sitka recebe travessas leves (em nosso exemplar, o tampo recebeu acabamento em preto) e repousa sobre o corpo – onde é fixado com um filete em preto e branco de 4 camadas.
A boca é uma peça à parte de mogno que é afixada ao tampo por um anel maior de filetes, formando uma roseta. Não é um mero adorno, no entanto. Você ouve a Fender Acoustasonic Stratocaster de uma maneira muito mais orgânica por sua presença.
Na maioria dos outros aspectos, a Acoustasonic parece uma Stratocaster elétrica.
A Fender foi ousada com o design da Acoustasonic, de uma perspectiva visual. De certos ângulos, parece a desconstrução cubista de um corpo de guitarra Stratocaster – particularmente nos acabamentos em preto e vermelho com cores de alto contraste. Outros ângulos favorecem menos o perfil em camadas.
A meu ver, as cores que contrastam menos com o mogno criam um conjunto visual mais equilibrado. Os suaves acabamentos sonic blue e natural, por exemplo, complementam especialmente bem os tons de cacau do corpo e destacam a elegância das curvas. Seria bom se houvesse a opção de tampo em mogno – ou ao menos na cor de mogno.
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Identidade trocada
Se você se tentar se aprofundar nos meandros da engenharia embarcada na Acoustasonic antes de tocá-la, talvez fique preocupado por esta guitarra ser complicada demais. Mas o aspecto de engenharia mais notável da Acoustasonic é a facilidade intuitiva com a qual você pode se expressar.
A guitarra é fantástica. É incrivelmente leve, e o braço, com seu raio de de escala 12″, perfil “Deep-C” e trastes estreitos, passa a sensação de ser rápido e confortável – um típico Fender, enquanto também torna fácil a técnica estilo violão.
É impressionante que a Fender e a Fishman tenham conseguido canalizar os sons e a funcionalidade de seis imagens acústicas digitais, um captador de contato no corpo, um transdutor sob o rastilho e um captador elétrico Noiseless através de apenas dois botões e um interruptor de 5 posições, e o sistema é muito fácil de usar.
O sistema de imagem sonora da Fishman não usa típicas modelagens digitais, mas uma mistura complexa de processamento analógico e digital que se combina com as propriedades do corpo do instrumento para aproximar-se do timbre de vários tipos de violão.
Na Fender Acoustasonic Stratocaster, você pode misturar ou mover-se entre timbres de dreadnought e de violões de corpo menor usando o botão “mod”. Mas você também pode misturar a ressonância do sensor do corpo com uma imagem dreadnought na terceira posição, misturar a voz dreadnought com um timbre elétrico limpo do captador Noiseless na posição 2 ou misturar timbres elétricos semi-limpos e sujos na posição 1.
As imagens acústicas são surpreendentemente autênticas e ricas. E embora você provavelmente não fosse confundir o som “Sitka spruce and mogno dreadnought” com um D-18 vintage se você os tocasse lado a lado, em uma gravação ou mixagem os timbres acústicos podem parecer muito convincentes.
Os sons elétricos também são adoráveis, e a combinação da posição 2 da imagem “spruce / rosewood dreadnought” e um timbre elétrico limpo e muito parecido com uma Stratocaster é especialmente cheio de possibilidades.
Eu testei vários desses sons em um contexto musical conectando o instrumento diretamente a uma interface, e mesmo sem EQ ou reverb, a mix soava como se tivesse sido montada a partir de várias guitarras e instrumentos acústicos reais.
É impossível não ficar intrigado com o potencial para gravações da Acoustasonic – principalmente se você é um guitarrista que gosta de texturas de guitarras variadas em camadas, mas não tem espaço para cinco guitarras diferentes.
Também pode ser um grande trunfo para artistas para os quais o violão não é o foco único – ou principal. A esse respeito, muitos músicos contemporâneos que se alternam frequentemente entre guitarra, teclado e samples acharão esta Fender Acoustasonic Stratocaster inestimável.
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Fender Acoustasonic Stratocaster: O Veredito
Se você usa a Fender Acoustasonic Stratocaster para demos, gravações de estúdio, apresentações ou estudo, ela oferece uma ampla paleta de sons satisfatórios e inspiradores para trabalhar.
Como um esforço holístico e ergonômico de engenharia, ela também é impressionante – tornando fácil gerar e gravar diferentes timbres e estilos muito variados com alguns ajustes simples nos botões e um toque no seletor.
Além disso, ela é leve e não exige esforço dos dedos. O polêmico estilo não tradicional pode afastar alguns puristas. Mas em termos de conforto, desempenho e pura usabilidade, a Fender Acoustasonic Stratocaster é uma peça notável de engenharia aplicada à guitarra, repleta de possibilidades.
Charles Saufley é escritor, editor e músico de São Francisco. Ele é o editor de equipamentos da Premier Guitar desde 2010 e atuou anteriormente como editor da revista Acoustic Guitar.
Sobre o Autor
Premier Guitar
Artigo originalmente publicado em Premier Guitar, traduzido e publicado por Musicosmos sob licença de Premier Guitar. Todos os direitos reservados.