Lá estávamos nós no início de 1992, depois de uns três meses de ensaio, no estúdio Nas Nuvens (RJ) para gravar o LP “Supermercados da Vida”, o primeiro de vários que eu gravaria como integrante do Barão Vermelho.

Mas esse era especial. Era o primeiro. E seria minha apresentação oficial para a imprensa, apesar de muitos me conhecerem já da época do Lobão, Leo Jaime e Miquinhos.

Lembro-me de encontrar o Leo Jaime num show no Canecão e ele me falar: – você é a cara do Barão! Esse texto me foi dito pelo Dadi também.

Bem, eu estava lá havia 3 meses e já parecia que eu estava há anos.

Nesse momento é que percebemos como o entrosamento depende das afinidades e da combinação de pessoas. Banda é mais do que tocar junto e ser bom de instrumento no estúdio ou no palco. A soma de integrantes, para se tornar catártica, tem de ter um equilíbrio muito bom. E me encaixei perfeitamente com Frejat, Guto, Fernando e Peninha, os outros Barões oficiais nos 25 anos em que estive junto com a banda (exceção ao último ano, quando já era outra formação).

Essa formação citada conviveu dias e dias inteiros de divulgações no Rio de Janeiro, São Paulo e na gravadora Warner, onde também fazíamos entrevistas por telefone para todo o país.

Na Warner fazíamos também uma coletiva de imprensa ao vivo, de hora em hora um jornalista importante de veículo grande entrava para nos entrevistar, geralmente com um fotógrafo junto.

No estúdio, gravamos muito rápido. Os ensaios tinham sido produtivos e os produtores Paulo Junqueiro e Ezequiel Neves estavam hiper conectados, com a banda e entre eles. Só amigos no estúdio. Me lembro de gravar os vocais de Flores do Mal e convidar os amigos Moska e Marcelinho da Costa para fazer comigo. Foi bem interessante. Depois entrou o acordeom do mestre Sivuca, dando um toque mais brasileiro à canção folk, ficou maravilhoso.

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Músicas como Fúria e Folia, Pedra Flor e Espinho, Cidade Fria, Odeio-te Meu Amor, Marcas no Pescoço, Portos Livres e Supermercados da Vida, foram quase de primeira.

A sessão batera e baixo (eu e Guto) fluiu muito bem e as guitarras, teclados e percussão estavam afiadíssimos.

A canção Comendo Vidro, ganhou contrabaixo acústico, de Zeca Assunção, mais um mestre da família de Nico, meu ex- professor de baixo.

Se não me engano, Guilherme Arantes gravou um piano também, mas confesso que não lembro se foi nesse disco, no anterior, ou no seguinte!

Aliás, as gravações eram regadas a álcool e drogas também. E meu lado “dependente” ia ganhando corpo sem eu perceber.

Por enquanto era só festa. A festa era comigo mesmo. O primeiro a entrar, o último a sair.

Eu queria ser um Rolling Stone. E estava na banda certa. E estava muito feliz.

Sobre o Autor

Rodrigo-Santos
Rodrigo Santos
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Há 36 anos contando a história do pop rock nacional, o baixista e vocalista Rodrigo Santos foi durante 26 anos artista do Barão Vermelho (1991/2017) e também tocou com Lobão, Kid Abelha, Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Os Britos, Blitz e Moska.

Santos está em carreira solo há 11 anos, tendo lançado durante esse tempo solo 7 CDs (6 autorais), 2 DVDs e 1 livro – sua biografia, escrita em parceria com o jornalista Ricardo Puggiali. Na biografia, Santos – além de sua história musical – conta como largou álcool e drogas em 2005 e se tornou coordenador numa clínica entre 2006 e 2009, além de fazer palestras/shows em escolas e faculdades.

Hoje em dia, além de fazer 15 shows solo por mês do DVD "A Festa Rock" e estar lançado seu oitavo disco solo "Desacelerando ( canções simples de uma noite fria)" que já está nas rádios e plataformas digitais, Rodrigo montou outra banda, com o guitarrista inglês Andy Summers (The Police) e o baterista João Barone (Paralamas), chamada Call The Police. Estão rodando o mundo com a tour e Rodrigo canta e toca o baixo em todo o show, com repertório do The Police. Santos também está cantando junto de Leila Pinheiro e Roberto Menescal na tour "Faz Parte do Meu Show - Cazuza em Bossa Nova".  Rodrigo Santos se apresentou solo com muito sucesso nas 4 ultimas edições do Rock In Rio (2011/2013/2015/2017) . Além de ter tocado com Barão na edição de 2001 e com Lobão em 91.

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