capa-do-do-disco-o-inferno-e-fogo

Depois do Rock In Rio 1991, entramos em estúdio para gravar um novo disco. Só ficara eu da banda anterior. Kadu e Nani não estavam mais. Entrou então Cláudio Celso na guitarra (ex-Roberta Flack). Nesse momento Lobão testou outros bateristas. Fizemos shows com vários.

Eu fui meio que uma espécie de “diretor musical”. Ensaiava só eu e o batera. Ninguém mais no estúdio. Para fazer a coisa andar.

Claudio Infante fez alguns shows, Cesinha outros, Marcelinho da Costa mais alguns, Maurício Moreira uns 2 ou 3 e Sérgio Della Mônica completou a rodada.

Lobão – como todos nós – estava meio perdido. Era uma fase bem ruim de drogas e álcool. Gravamos “O Inferno é fogo” e ficamos uma semana para terminar a primeira música, “Bem Mal”, sem conseguir sair do lugar com o disco.

Uma semana: uma música. Marcelo Sussekind, chamado pra produzir, abandonou o barco nessa semana! A Nave ficou à deriva.

Duas parcerias minhas com Lobão que fizemos na estrada: a já citada “Bem Mal” e “Que língua falo eu” (que eu regravaria no meu primeiro CD solo de 2007).

O LP demorou, a banda não estava azeitada, o som saiu ruim e fizemos 6 meses de tour. Nelson Gonçalves participou da faixa título e ainda nos mostrou uma prótese no pau que ele tinha acabado de colocar. E dizia ele : “com muita honra”.

Nesse período fizemos um show que seria definitivo para a parada da banda. Era um show-festival para a TV Globo, com a Cássia Eller abrindo e depois Barão Vermelho (com Dadi no baixo) e, para encerrar, Lobão.

Nesse dia tivemos de buscar o Lobão em casa. Ele tinha se tacado no canal do Leblon. Se ralou todo. Queria se matar. O canal estava seco.

Fomos a sua casa. O convencemos – eu e Ivo Meirelles – a gravar o especial de fim de ano para a Globo.

Ele foi. Não sei como, mas o convencemos. Era melhor ir daquele jeito, do que não fazer.

O show foi meio ruim, mas rolou.

No final, meio deprê, ficamos de repensar a vida. Ainda rolou o lançamento do LP “O Inferno é Fogo” no Imperator e depois disso Lobão decidiu parar de fazer show com banda.

Avisou que ia ficar só comigo fazendo alguns shows de voz e violão. Nessa época eu estava montando paralelamente uma banda nova, com Paulinho Moska (recém saído dos Inimigos do Rei), Billy Brandão (Buana 4) e Marcelinho da Costa: “Os Bizarros”. Nos encontrávamos todos os dias. Éramos uma turma de Baixo Leblon.

A banda não foi em frente, mas os nossos ensaios e criações se materializariam no que seria o primeiro disco solo do Paulinho Moska: “Vontade”. Um dos motivos para a não continuação da banda foi: no dia em que Lobão decidiu parar com os shows de banda, ao mesmo tempo, o Dadi saiu do Barão. E fui novamente chamado a entrar na banda.

Então, um dia depois, tocou o telefone…

(continua…)

Trilha sonora da coluna, escolhida por Rodrigo Santos:

https://youtu.be/l_xDl2fSLCQ

Sobre o Autor

Rodrigo-Santos
Rodrigo Santos
Website | + posts

Há 36 anos contando a história do pop rock nacional, o baixista e vocalista Rodrigo Santos foi durante 26 anos artista do Barão Vermelho (1991/2017) e também tocou com Lobão, Kid Abelha, Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Os Britos, Blitz e Moska.

Santos está em carreira solo há 11 anos, tendo lançado durante esse tempo solo 7 CDs (6 autorais), 2 DVDs e 1 livro – sua biografia, escrita em parceria com o jornalista Ricardo Puggiali. Na biografia, Santos – além de sua história musical – conta como largou álcool e drogas em 2005 e se tornou coordenador numa clínica entre 2006 e 2009, além de fazer palestras/shows em escolas e faculdades.

Hoje em dia, além de fazer 15 shows solo por mês do DVD "A Festa Rock" e estar lançado seu oitavo disco solo "Desacelerando ( canções simples de uma noite fria)" que já está nas rádios e plataformas digitais, Rodrigo montou outra banda, com o guitarrista inglês Andy Summers (The Police) e o baterista João Barone (Paralamas), chamada Call The Police. Estão rodando o mundo com a tour e Rodrigo canta e toca o baixo em todo o show, com repertório do The Police. Santos também está cantando junto de Leila Pinheiro e Roberto Menescal na tour "Faz Parte do Meu Show - Cazuza em Bossa Nova".  Rodrigo Santos se apresentou solo com muito sucesso nas 4 ultimas edições do Rock In Rio (2011/2013/2015/2017) . Além de ter tocado com Barão na edição de 2001 e com Lobão em 91.

www.rodrigosantos.com.br