Bem, agora esse era o dilema. As paixões. Não sabia do que eu gostava mais. Desenho ou música. E nessa hora algumas coisas precisaram acontecer para a vida ir se encaminhando. Primeiro, o fato de ter a banda Disritmia e logo a seguir querer aprender – além do baixo e violão – guitarra nas aulas com o Jorge Valladão, professor na época de uma grande galera, incluindo o guitarrista Marcos, do Disritmia.

Nessas aulas, lá em casa, aprendi alguns fraseados de blues e jazz, com um pouco de improviso nos solos e isso me deu uma base pra arriscar vôos diferentes – na escala pentatônica principalmente e passar isso para o violão imediatamente nas rodinhas de fogueira, e poder tocar músicas também de uma outra banda que eu já escutava muito: América. Tinha muito solo de violão no primeiro disco do América. Comecei a tirar tudo de ouvido ao aprender escalas. E numa dessas aulas , Valladão me apresentou o Kadu Menezes, baterista de muitas bandas de jazz, blues, fusion e professor da maior escola de música do RJ, a Pró-Arte, onde estudaram Dé e Frejat do Barão, entre muitas outras feras.

Quanto conheci o Kadu, acabamos por montar mais uma banda além das que ele tinha, começamos a ensaiar com Alonso Cunha também – muitos números instrumentais – e com isso o Disritmia – a tal banda que eu tinha com Alonso , Marcos e Saieg – acabou por se fundir com a instrumental com Kadu Menezes e Jorge Valladão (Valladão me apresentou o Kadu lá na minha casa, vindo de dar aula na escola de música. Ele era professor lá já com 15 anos de idade. Um fenômeno das baquetas).

Enquanto eu aprendia fusion, jazz e outras coisas com eles, também apresentei as bandas Neil Young & Crazy Horse, América e CSN&Y, que eu já escutava através de meu irmão Renato e sua galera do Surf. Então essa troca de experiências acabou por definir muito o meu caminho pela música. Esse encontro com Kadu e Valladão.

Depois do show de estreia do Disritmia, no auditório do teatro Iban (num sarau para o colégio princesa Izabel, onde eu estudava ), onde Saieg fez a bateria e Kadu fez umas percussões com ron ton tons, partiríamos para uma segunda fase. O Disritmia se desfez, e se formou o Choque Geral, comigo ,Kadu, Valladão e Alonso. O nome novo foi dado pelo pintor Albery Cunha, muito famoso a época, quando aparecia no programa Fantástico (Globo) pintando corpos de mulheres nuas. Albery era irmão de Alonso e deu o novo nome do grupo, além de fazer o cartaz de estreia do nosso próximo show: no Teatro do Planetário da Gávea. Ali misturaríamos o repertório instrumental e os com letras, que já havia no Disritmia , além de fazermos uns covers de Benjor (onde todos solavam, no maior estilo de nossas  bandas nacionais favoritas: A Cor do Som e Pepeu Gomes).

Havia uma influência de Beatles, Beto Guedes, Lo Borges, Chick Corea, A Cor do Som e até 14 Bis. O nome do novo show? Extraído de uma parceria minha com Alonso: “Sob o Signo da Lua”.

Asterix e Tintim ficariam pra mim apenas como leitura obrigatória, para sempre. E parei de desenhar pra ensaiar todo dia o tempo todo.

música ou Tintim?
Ferran Cornellà – CC BY-SA 3.0, de Wikimedia Commons

Sobre o Autor

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Rodrigo Santos
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Há 36 anos contando a história do pop rock nacional, o baixista e vocalista Rodrigo Santos foi durante 26 anos artista do Barão Vermelho (1991/2017) e também tocou com Lobão, Kid Abelha, Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Os Britos, Blitz e Moska.

Santos está em carreira solo há 11 anos, tendo lançado durante esse tempo solo 7 CDs (6 autorais), 2 DVDs e 1 livro – sua biografia, escrita em parceria com o jornalista Ricardo Puggiali. Na biografia, Santos – além de sua história musical – conta como largou álcool e drogas em 2005 e se tornou coordenador numa clínica entre 2006 e 2009, além de fazer palestras/shows em escolas e faculdades.

Hoje em dia, além de fazer 15 shows solo por mês do DVD "A Festa Rock" e estar lançado seu oitavo disco solo "Desacelerando ( canções simples de uma noite fria)" que já está nas rádios e plataformas digitais, Rodrigo montou outra banda, com o guitarrista inglês Andy Summers (The Police) e o baterista João Barone (Paralamas), chamada Call The Police. Estão rodando o mundo com a tour e Rodrigo canta e toca o baixo em todo o show, com repertório do The Police. Santos também está cantando junto de Leila Pinheiro e Roberto Menescal na tour "Faz Parte do Meu Show - Cazuza em Bossa Nova".  Rodrigo Santos se apresentou solo com muito sucesso nas 4 ultimas edições do Rock In Rio (2011/2013/2015/2017) . Além de ter tocado com Barão na edição de 2001 e com Lobão em 91.

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