Estava tudo indo maravilhosamente bem. Dos ensaios dos Mutantes quando eu tinha 11 anos até estar na estrada voando no Rock Brasil, claro que algumas coisas fui desmistificando. A droga era uma delas. Via meus irmãos e toda a galera dos Anos 70 fumando e cheirando na minha frente. Não à toa experimentei maconha e álcool aos 14 e abri a porta para “viagens ótimas” e outras nem tanto.
Depois de 2 anos, maconha e ácido deram bad trip. E parei sozinho. Eu já ia pra Arraial D’Ajuda, Petrópolis, Búzios e Angra com muita gente que eu conheci de todas as tribos: eu era do esporte, da música, hippie, atleta, amigo de todo mundo e de tribos diferentes. Nesse momento, sempre fui compulsivo e competitivo. Então logicamente eu teria de ser o mais louco. O último a sair da festa.
João Estrella (de “Meu nome não é Johnny”) era um amigo e parceiro de night. As bandas também. Entrei na faculdade de administração aos 17 anos de idade, nunca repeti de ano e já estava com muitas galeras.
Gostava de todas as tribos, mas a droga vai entrando aos poucos. Se parei maconha e ácido aos 17, e estava começando a tocar com Miquinhos e Leo Jaime aos 18, 19, os shows foram se avolumando. Gravamos muitos discos, conhecemos todas as entranhas do “mundo mágico” da TV e do showbiz.
Então, eu que já havia parado com tudo, com minha cabeça louca, do signo de Áries e completamente obstinado por tudo que era novidade, estava em Arraial D’Ajuda com a maior galera. Eu dominava o violão nas rodinhas. Muita gata. Astral a 1000. Alguém me aparece com um vidrinho e pergunto “o que é isso?”
Estava no vidro porque melou. Então misturado com água se tornava líquida dentro de um remédio de nariz. Responderam: “isso não é para o seu bico não”. Eu falei: “passa pra cá pra eu experimentar”.
Não sabia o que era. Casamento à primeira vista. Desceu dormente, toquei por 8 horas sem parar, de Beto Guedes a Pink Floyd, e gostei da sensação. Aí ferrou…
Aos 19, entrou a cocaína no meu nariz. E consequentemente no meu cérebro e na minha dinâmica de vida. Mesmo tendo cheirado de novo só 6 meses depois numa festa na Hípica/RJ, eu abri o portal da diversão desenfreada. Sem medir consequências. Era o momento. Eram os anos 80. O Rio de Janeiro brilhava à noite. Todas as boates tinham. Eu entrava de graça, conhecia todo mundo, era um ótimo companheiro de night. Tudo vinha de graça. Sendo assim… Caí dentro sem medo.
Sobre o Autor
Rodrigo Santos
Há 36 anos contando a história do pop rock nacional, o baixista e vocalista Rodrigo Santos foi durante 26 anos artista do Barão Vermelho (1991/2017) e também tocou com Lobão, Kid Abelha, Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Os Britos, Blitz e Moska.
Santos está em carreira solo há 11 anos, tendo lançado durante esse tempo solo 7 CDs (6 autorais), 2 DVDs e 1 livro – sua biografia, escrita em parceria com o jornalista Ricardo Puggiali. Na biografia, Santos – além de sua história musical – conta como largou álcool e drogas em 2005 e se tornou coordenador numa clínica entre 2006 e 2009, além de fazer palestras/shows em escolas e faculdades.
Hoje em dia, além de fazer 15 shows solo por mês do DVD "A Festa Rock" e estar lançado seu oitavo disco solo "Desacelerando ( canções simples de uma noite fria)" que já está nas rádios e plataformas digitais, Rodrigo montou outra banda, com o guitarrista inglês Andy Summers (The Police) e o baterista João Barone (Paralamas), chamada Call The Police. Estão rodando o mundo com a tour e Rodrigo canta e toca o baixo em todo o show, com repertório do The Police. Santos também está cantando junto de Leila Pinheiro e Roberto Menescal na tour "Faz Parte do Meu Show - Cazuza em Bossa Nova". Rodrigo Santos se apresentou solo com muito sucesso nas 4 ultimas edições do Rock In Rio (2011/2013/2015/2017) . Além de ter tocado com Barão na edição de 2001 e com Lobão em 91.