(Continuando o artigo anterior…) Quando cheguei na casa do Lobão, encontrei Serginho Serra, Bernardo Vilhena, Ivo Meirelles e Zé Luís. Estava montada toda uma aparelhagem de ensaio, cedida pela gravadora RCA. Lobão havia vendido 500.000 cópias do LP anterior, o Vida Bandida e começava a ensaiar para o disco seguinte.
Moral alta e expectativa grande de todos. Parecia que eu estava entrando no Led Zeppellin! Lobão, figuraça, já me recebeu no maior astral! Ficamos imediatamente amigos! Na hora. Essa amizade duraria pra sempre.
Já peguei o baixo, pluguei e começamos a tocar o que seria o riff da música do LP que seria a de trabalho daquele disco, “Cuidado!”, que seria lançado naquele ano de 1988. A música era “O Eleito”.
Rolou o maior som, solos de sax do Zé Luís, e a gente descendo a lenha! Em seguida ensaiamos “É Tudo Pose”, “Tara a Tara” e “Cuidado!”.
Foi instantâneo o entrosamento. Lobão na bateria e eu no baixo. O poeta Bernardo Vilhena grita:
– É esse! Bem-vindo, Rodrigão!
Eu adorei! Festejamos, bebemos, cheiramos e faríamos tudo aquilo durante os próximos 4 anos. Muita música e diversão. Muita loucura também. Mas fazia parte do pacote. Eu só me encaixei perfeitamente em todos os pré-requisitos. Estava pronto pra assumir o baixo por todas as galáxias.
Um dia, no meio da segunda semana de ensaios, chego na casa do Lobão (que ficava no Alto da Boavista, no meio da floresta, com varandão e vista pra Pedra da Gávea) e ele me chama no subsolo onde era o quarto.
– O que acha dessa musica?
Me mostrou “Por Tudo que For”. Pirei. Música linda. E falei na hora:
– Das mais belas baladas que já escutei.
Somadas à essas musicas citadas, Lobão – que estava aprendendo violoncelo – mostrou “Esfinge de Estilhaços”, com ele no Cello. Muito bacana!
As outras canções eram igualmente sensacionais. “Pobre Deus”, “No money, no change, no chance” e outras pérolas. Estávamos prontos 3 meses depois, para entrar no estúdio e gravar. E a minha vida não era bandida, mas era louca! Muito louca. Vida Louca Vida.
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Sobre o Autor
Rodrigo Santos
Há 36 anos contando a história do pop rock nacional, o baixista e vocalista Rodrigo Santos foi durante 26 anos artista do Barão Vermelho (1991/2017) e também tocou com Lobão, Kid Abelha, Leo Jaime, Miquinhos Amestrados, Os Britos, Blitz e Moska.
Santos está em carreira solo há 11 anos, tendo lançado durante esse tempo solo 7 CDs (6 autorais), 2 DVDs e 1 livro – sua biografia, escrita em parceria com o jornalista Ricardo Puggiali. Na biografia, Santos – além de sua história musical – conta como largou álcool e drogas em 2005 e se tornou coordenador numa clínica entre 2006 e 2009, além de fazer palestras/shows em escolas e faculdades.
Hoje em dia, além de fazer 15 shows solo por mês do DVD "A Festa Rock" e estar lançado seu oitavo disco solo "Desacelerando ( canções simples de uma noite fria)" que já está nas rádios e plataformas digitais, Rodrigo montou outra banda, com o guitarrista inglês Andy Summers (The Police) e o baterista João Barone (Paralamas), chamada Call The Police. Estão rodando o mundo com a tour e Rodrigo canta e toca o baixo em todo o show, com repertório do The Police. Santos também está cantando junto de Leila Pinheiro e Roberto Menescal na tour "Faz Parte do Meu Show - Cazuza em Bossa Nova". Rodrigo Santos se apresentou solo com muito sucesso nas 4 ultimas edições do Rock In Rio (2011/2013/2015/2017) . Além de ter tocado com Barão na edição de 2001 e com Lobão em 91.