Epiphone Firebird-I Treasure LTD Joe Bonamassa

Epiphone Firebird Treasure inteira

Se há uma guitarra elétrica capaz de despertar irresistível atração à primeira vista ou aversão imediata quando se trata de tocabilidade, esta é a Firebird! Originalmente da Gibson – aqui ela é analisada na versão Epiphone Firebird.

Projetada em 1962 pelo brilhante designer automotivo Ray Dietrich, a guitarra foi concebida para enfrentar o sucesso dos velhos e novos modelos Fender da época.

Por isso ela tinha dois cutaways, sim, mas também parecia estar de cabeça para baixo e era assimétrica, com inspiração na Explorer – só que muito menos angular. O headstock invertido tinha seis tarraxas de estilo banjo alinhadas e podiam ser equipadas com um, dois ou três captadores mini-humbucking de timbre brilhante.

A construção era soberba: neck-through-body (braço inteiriço), com laminação contínua em nove camadas de mogno e nogueira que incluíam a mão, braço e parte central (mais elevada) do corpo. Além disso, duas “asas” de mogno foram adicionadas nas laterais, completando o corpo, fixadas com recortes especiais triangulares (“rabo de andorinha”) feitos ao longo do bloco central.

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A Firebird não foi muito bem sucedida, nem mesmo na versão não invertida que veio logo em sequência, embora alguns guitarristas tenham criado imagens icônicas com ela, como Johnny Winter, Clarence “Gatemouth” Brown e Phil Manzanera.

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Johnny Winter com sua Gibson Firebird. Foto: Masahiro Sumori / CC BY-SA

Motivo da reação contrastante provocada pela Firebird? Se sua forma é agressiva, elegante e esguia como o de nenhuma outra guitarra elétrica, ao tocar o guitarrista percebe que o braço está muito longe e, tocando sentado, realmente não se consegue encontrar uma posição aceitável. As coisas são melhores com a guitarra pendurada no ombro.

Bem, estes fatos contrastantes ainda são perfeitamente representados por esta Firebird em teste, graças à cortesia e competência da loja PlayMusicStore, que disponibilizou a guitarra para nós.

Clone de uma ’63 original

A Firebird-I Treasure da Epiphone nasceu da colaboração da fábrica com o talentoso Joe Bonamassa, com o objetivo de criar uma réplica de edição limitada da sua guitarra original de 1963.

Temos que dizer imediatamente que em muitos aspectos a clonagem foi bem sucedida, mesmo mantendo o preço incrivelmente baixo graças à fabricação chinesa.

A Treasure está disponível em dois acabamentos, o clássico Tobacco Sunburst e o Polymist Gold do exemplar testado, uma espécie de pó dourado realmente bonito, muito semelhante ao Golden Mist, uma das cores custom especificadas por Dietrich.

Verdadeiramente neck-thru

O tipo de construção em nosso modelo de testes não é visível, mas é fiel ao original: neck-through-body (braço inteiriço), laminado em 9 camadas de mogno e nogueira, com asas em mogno corretamente inseridas no bloco central, corpo e mão invertidos, escala de 24 ¾ polegadas.

As tarraxas são as excelentes reedições da Kluson Firebird / Banjo e garantem que as cordas continuem em linha reta, mesmo depois do capotraste, coisa útil para manter a afinação nos bends.

A assinatura do endorser está na parte traseira da paleta (headstock).

headstock

Ainda no hardware, há uma ponte Wraparound com rastilho fixo, sem carrinhos móveis, mas o conjunto é ajustável na vertical e na horizontal, e é toda ela cromada.

Os 22 trastes são bem assentados na escala de rosewood, um pouco porosa mas de boa qualidade. O raio de curvatura da escala é de 14″, tendendo ao plano.

O nut de plástico tem a medida de 43mm e é bem cortado, mas pessoalmente eu substituiria por um em osso. Para o tensor, foi escolhido um de ação dupla, ajustável no headstock.

Com tanta massa em jogo, é surpreendente notar o peso de apenas 3,29 kg – mesmo que, em nossa amostra, distribuído de forma desequilibrada em direção ao braço.

O captador é um Epiphone ProBucker FB720, réplica do mini-humbucker Firebird original; consiste em dois ímãs em AlNiCo II entre as bobinas (nos primeiros pickups era utilizado AlNiCo do tipo que estivesse disponível na hora) e é controlado por um potenciômetro de Volume e um Tone.

Epiphone-Firebird
Tarraxas estilo banjo

Algumas críticas

Embora a marca declare que o braço segue as especificações dos anos 1960 Rounded C, o braço da guitarra testada parece ser muito mais volumoso e lembra as medidas da Les Paul ’57 ou ’58, confortável só até a sétima casa, piorando à medida que se sobe na escala.

Isso não significa absolutamente que um braço gordo não é muito tocável, pelo contrário… quem já experimentou uma Les Paul Standard ou Junior pré-1959 sabe que são braços gordos e arredondados, mas rápidos e fáceis de tocar graças ao competente trabalho manual de modelagem final.

Nesta Epiphone o braço está bem definido, mas parece que a modelagem não foi finalizada da melhor maneira (para os mais loucos do-it-yourselfers, deve ser dito que há madeira suficiente para terminá-la por si só, mas obviamente seria perdida a pintura).

O perfil do braço na décima segunda casa piora sensivelmente e até a excelente sustentação experimentada até esse ponto começa a diminuir e morre depois do traste 15.

Como se não bastasse, uma regulagem deficiente torna a Treasure quase intocável na parte alta da escala, mas este é um defeito facilmente reversível com a intervenção de um luthier, necessário também para resolver outro problema: uma entonação deficiente em todas as cordas.

Terminadas as críticas, vamos aos…

…Elogios

A Treasure Epiphone Firebird é construída com madeiras excelentes, leves e muito ressonantes; mesmo sem amplificá-la, você pode apreciar seu som aberto, graves consistentes, médio-altos penetrantes, sempre bastante suave dinamicamente.

Com amplificação, as qualidades acústicas também são enfatizadas pelo ótimo captador de série, servido por um controle Tone eficiente e progressivo.

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Ponte fixa, mas ajustável

Neste ProBucker FB720 medimos a resistência do enrolamento em 7,7 kOhm. O som é ao mesmo tempo quente e brilhante, de ataque rápido sem ser duro, muito sensível ao toque: uma bela combinação com o mogno.

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Escudo branco de uma camada

Esta guitarra nos serviu bem nos arpejos limpos que experimentamos. Com distorção, surpreende a plenitude dos médios e uma certa profundidade nos graves. Entre sons de rugidos, sons leves e ácidos, é notável a gama de timbres disponíveis sob os dedos.

A despeito de ter um único captador, a Treasure se torna decididamente versátil usando-se os controles da guitarra e do amplificador – em nosso caso um Fender Super-Amp anos 90 com alto-falantes Eminence Blue Frame, excelente em crunches limpos e leves.

Ecoaram em nossos ouvidos muitos sons vintage, adequados sobretudo a sonoridades blues-rock de grande qualidade.

Linda, mas pode melhorar

Em termos de acabamento, esta Epiphone Firebird-I Treasure Joe Bonamassa não abre mão de nada; a cor sugestiva, o formato espetacular e o grande escudo branco com o “pássaro de fogo” desenhado pelo próprio Dietrich estão lá.

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A construção seria perfeita se não houvesse o que reclamar da modelagem do braço, problema parcialmente superável com uma regulagem cuidadosa após a compra. O captador padrão é um acerto.

Os timbres que esta Epiphone Firebird pode expressar são emocionantes e suficientemente versáteis, na tradição de um instrumento concebido como “anti-Fender” e que, no entanto, manteve as características do som e da sensação de uma Gibson. A guitarra vem com um case flexível.


Originalmente publicado na revista Axe Guitar Magazine nº 10 – Traduzido e reproduzido por Musicosmos© com autorização de Edizioni Palomino, Rome (Itália) – © Edizioni Palomino – Todos os direitos reservados.

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