Amplificador Valvulado Morgan AC20 – Review

Um dos amplificadores valvulados mais baratos e empolgantes que experimentei nos últimos 15 anos é, sem dúvida, o Vox AC15 CC-1 (veja o teste na Revista AXE nº 110). Substitua as válvulas por um par selecionado e o alto-falante Wharfedale de 12″ por um Celestion Alnico Blue (possivelmente o melhor cone de guitarra de todos os tempos, padrão no modelo AC15 CC-1x) – ou pelo menos por um Greenback – e este amplificador PCB “made in China by Korg” ficaria muito próximo do amplificador dos sonhos, o AC15HW Hand Wired construído no Reino Unido.

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Dito isso, graças à cortesia da loja Tomassone, consegui colocar em minhas mãos uma bela versão americana, o amplificador Morgan AC20 – que se inspirou em muitos aspectos do inglês Vox AC15HW.

Ele é feito nos EUA em estilo vintage, com fiação manual e componentes discretos, pela empresa de Joe Morgan, técnico de reparos e designer no cenário musical desde 1996.

Amplificador Classe A

A marca se concentra fortemente no uso de componentes de alta qualidade, como transformadores Mercury Magnetics de design personalizado, enquanto o resto da eletrônica parece ser de um tipo mais comum.

Na seção final em Classe A, temos um par de válvulas EL84, enquanto no pré-amplificador encontramos duas 12AX7. A retificação é solid state ao invés de válvula: não é um detalhe menor, já que a retificação de estado sólido, além de ser mais barata, proporciona um som mais nítido e menos quente a amplificadores valvulados, com um ataque mais preciso e graves destacados sem tornarem-se “esponjosos”.

O amplificador é projetado em Classe A com polarização de catodo (cathode biased) ou automática, técnica que é responsável – em comparação com o BIAS fixo, tanto na classe A como AB de amplificadores valvulados – por um som particularmente suave, quente e harmonicamente rico, ainda que ligeiramente contido nos agudos, livre de feedback.

Daí a importância da qualidade do alto-falante utilizado, já que este tipo de amplificador não interage muito com ele, freando-o quando a resposta é excessiva ou instando-o quando está muito fraco, para fazê-lo “executar” o melhor sinal de entrada.

O gabinete é em compensado de bétula, o chassis em chapa dobrada e soldada. O revestimento Twilight em dois tons de cinza é agradável e característico, lembrando toca-discos ou rádios dos anos 1960.

Controles: poucos, mas bons

No Morgan AC20 os controles são absolutamente simples, mas não devem ser subestimados: da direita para a esquerda encontramos dois interruptores com figuras, uma para inserir brilho (Sol ou Lua) e outra para cortar os graves (Clave de Sol ou de Fá), também há Volume, Cut (para controle de timbre) e Power Level, que ajusta a saída de potência de 1/4 de Watt até 20 Watt; os interruptores Stand-by e Power completam o painel frontal.

Há três soquetes de saída para gabinete na parte traseira: dois de 8 Ohm em paralelo e um de 16 Ohm. O peso do cabeçote é de quase 11 quilos e meio.

Para o nosso teste, tivemos uma boa caixa 2×12″ Friedman 212EXT com alto-falantes Celestion Vintage 30, excessivamente grande para o propósito.

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Potência variável

O Morgan AC20 oferece a excelente possibilidade de ajustar com precisão a potência – e, portanto, o volume de audição – em níveis aceitáveis ​​para a situação em que você se encontre, desde seu estúdio caseiro (talvez à noite) até a sala de gravação ou bar tocando ao vivo.

Mas deixe-me avisar imediatamente: o nível de potência em que o Morgan AC20 soa melhor é o máximo ou próximo a ele, especialmente com esses Celestion V30, que se movem com dificuldade sob impulso fraco, favorecendo a faixa médio-alta.

Na verdade, em volumes baixos, a princípio o AC20 nos impressiona com um som muito seco e cheio de agudos, uma característica que também é típica de pequenos amplificadores valvulados Vox.

Trabalhando melhor no controle Cut, nos botões de timbre e na relação dos potenciômetros Volume e Power, que são muito interativos, finalmente é possível estabelecer um “campo” tonal que nos faz amar a personalidade deste grande pequeno amplificador.

O Clean é claro, suficientemente quente e rico em detalhes, com uma boa reserva de volume e uma dinâmica decente, mesmo que na minha opinião não nos níveis de resposta mais aberta e natural de amplificadores valvulados como o Voz AC15.

Ao usar esse cabeçote Morgan percebo que, especialmente em sons crunch e distorcidos, ele parece muito bem adaptado para gravações, mais do que para performance ao vivo; com isso em mente, eu também percebo uma certa falta de graves mais profundos. Como prova disso, convido você a comparar os dois vídeos-demos apresentados a seguir, o primeiro em uma situação “in natura” e o segundo mais produzido.

Passando para os sons distorcidos, as guitarras Gibson disponibilizadas pela Tomassone liberam timbres absolutamente britânicos, não muito suaves nos médio-agudos, nem estridentes, com graves cheios e redondos, com um nível de ganho máximo que não me obriga a adicionar um pedal de overdrive, pelo menos se ficarmos na gama de gêneros como blues, rock clássico e, na melhor das hipóteses, hard rock. No entanto, não tenho dúvidas de que o Morgan AC20 vai adorar um booster ou overdrive e combinar com qualquer pedalboard bem equipado.

Made in USA

Não se preocupe por não haver a boa e velha inscrição “made in USA” no verso do amplificador. Além do fato de que agora, em uma era avançada de globalização e produção descentralizada, a origem geográfica de um produto fazer pouco sentido, de acordo com as recentes regulamentações dos EUA, um produto deve ter todos os componentes realmente construídos no Estados Unidos para receber aquele rótulo; e isso, principalmente na área eletrônica, é muito difícil de implementar.

Conclusão

O Morgan AC20 é um amplificador com preço um tanto salgado para o mercado brasileiro, mesmo que seja feito à mão – mas é de boa qualidade, bem projetado e oferece sons limpos e saturados de estilo declaradamente Vox.

O controle Power Level é eficaz. Ele muda um pouco pouco o som esperado, mas é sem dúvida muito útil para se adaptar ao ambiente e à situação de uso. A paleta de timbres, aparentemente espartana, é bastante rica – certamente mais do que suficiente para esculpir o timbre desejado.

O som básico é seco mas quente nos graves e médios, tendendo a ser um pouco ácido nos agudos, com alguma dificuldade para tornar-se realmente “cremoso”; mas quando você acerta os ajustes e a guitarra, acontece um tipo de mágica… A escolha da caixa certa é fundamental nesse sentido; a versão combo do AC20 vem com falante Celestion G12H75 Creamback: para o bom entendedor, é o que basta saber…

Artigo originalmente publicado na revista Axe Guitar Magazine nº 19 – Traduzido e reproduzido por Musicosmos com autorização de Edizioni Palomino, Rome (Itália) – © Edizioni Palomino – Todos os direitos reservados.

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